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26/12/2002 - 16h30

EUA exigem que Coréia do Norte pare com atividades nucleares

da Folha Online

Os Estados Unidos exigiram hoje que a Córeia do Norte não "reative nenhum de seus reatores nucleares paralisados" e que não "piore" sua situação quanto a seus compromissos internacionais".

"Sabemos que a Coréia do Norte transfere combustível nuclear para um reator de 5 MW, a fim de tentar voltar a operá-lo", declarou Brenda Geenberg, porta-voz do Departamento de Estado.

"Mais uma vez, pedimos à Coréia do Norte que não reative nenhum de seus aparatos nucleares desativados", acrescentou.

Pouco antes, a agência da ONU para assuntos de energia nuclear afirmou que as atividades da Coréia do Norte para ativar suas instalações nucleares são "muito preocupantes". Ao mesmo tempo, a Coréia do Sul prometeu ter um papel-chave na tentativa de conter a atitude temerária de seu vizinho comunista.

Acusação
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com base em Viena (Áustria), afirmou que a Coréia do Norte enviou mil novos tubos de combustível para um reator nuclear que produz plutônio, usado em ogivas nucleares.

Satélite QuickBird/Reuters
Imagem de satélite do reator nuclear de Yongbyon, na Coréia do Norte
"A grande preocupação é se eles começarem a operar a fábrica de reprocessamento, que vai produzir plutônio, que pode ser usado diretamente para a manufatura de armas nucleares. Não temos como verificar a natureza da atividade", afirmou o chefe da AIEA, Mohamed ElBaradei, à rede de TV norte-americana CNN, de Sri Lanka.

O porta-voz da AIEA, Mark Gwozdecky, afirmou à rede de TV britânica BBC que os mil novos tubos transportados para o local onde está o reator ainda não foram carregados no núcleo do reator. Ele disse que será necessário transportar outros 7.000 tubos para que seja atingida a capacidade máxima do núcleo.

O presidente da Coréia do Sul, Kim Dae-jung, disse a seus ministros da Segurança e do Exterior que eles devem procurar dialogar com a Coréia do Norte pelos canais existentes, enquanto trabalham com os EUA, com o Japão e com outros países para acalmar a crise acerca das instalações, fechadas desde 1994.

Kim, que é a favor de um engajamento construtivo com o Norte, em detrimento da atual abordagem americana de "jogar duro", não anunciou novas medidas específicas, mas seu governo abriu canais de comunicação durante a discussão sobre ajuda e reunificação.

Gwozdecky já havia dito que os técnicos da Coréia do Norte romperam a maioria dos lacres e desabilitaram os dispositivos de vigilância da ONU em todas as quatro instalações nucleares de Yongbyon, 90 quilômetros ao norte da capital, Pyongyang.

Câmeras vinham monitorando um acordo de 1994, que havia acabado com a crise por causa das ambições nucleares do Norte.

Pressão e "jogos"
O ministro da Defesa da Coréia do Sul, Lee Jun, afirmou que seu vizinho do norte não teve nenhuma movimentação militar inusual. O ministro da Unificação Jeong Se-hyun afirmou, fazendo eco a autoridades da administração Bush, que a movimentação nuclear da Coréia do Norte parece ser uma maneira de forçar os EUA a conversar.

Mas uma autoridade norte-americana, que acusou a Coréia do Norte de fazer "jogos" para pressionar os EUA a entrar em negociações sobre a normalização das relações entre os dois países, afirmou que Washington não está com vontade de participar do jogo e previu que uma pressão diplomática será suficiente para fazer com que a Coréia do Norte "entre na linha".

"Falsa visão"
Hoje a rádio estatal Pyongyang repetiu a declaração da Coréia do Norte de que seu reator está sendo "descongelado" para a produção de eletricidade, para fazer frente à falta de petróleo combustível.

"Os EUA e outros países estão espalhando uma falsa visão entre a comunidade internacional, de que a reativação de nossas instalações nucleares sinaliza o desenvolvimento de armas nucleares", disse a rádio, negando qualquer intenção do país de construir armas nucleares.

O reator em questão, entretanto, é um aparelho de pesquisa e "irrelevante para a produção de eletricidade", afirmou ElBaradei, em seu pronunciamento.

Os EUA afirmam que a situação pode chegar a um ponto crítico se a Coréia do Norte começar a armazenar plutônio. A administração Bush prevê que a diplomacia, especialmente da China, aliada da Coréia do Norte, impeça que a situação vá tão longe. "Eu não me surpreenderia se os norte-coreanos tentarem voltar atrás", afirmou uma autoridade norte-americana.

A França incluiu sua voz em um coro de condenação às atitudes da Coréia do Norte. A inteligência norte-americana afirma que já havia sido produzido plutônio suficiente em Yongbyon para construir duas bombas nucleares quando a fábrica foi fechada, em 1994.

Gwozdecky afirmou que a AIEA está mantendo dois inspetores na Coréia do Norte para acompanhar a situação.

Com agências internacionais

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