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04/02/2003 - 13h39

Chirac diz a Blair que França mantém posição antiguerra

da Folha Online

O presidente da França, Jacques Chirac, disse hoje ao primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, que a França manterá sua posição sobre a situação do Iraque, ou seja, que o governo francês continuará sendo contrário a uma intervenção militar no país de Saddam Hussein sem o aval do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), e pediu que seja dado mais tempo aos inspetores de armas que atuam no país, segundo pronunciamento na cidade de Le Touquet, transmitido pela CNN.

Chirac e Blair reconheceram seus pontos de desacordo sobre o Iraque: a França quer dar um tempo aos inspetores da ONU e o Reino Unido é favorável a uma segunda resolução da organização internacional.

Apesar de discordar do governo britânico a respeito de uma ação armada no Iraque, Chirac concordou com Blair que a luta para desarmar o Iraque deve continuar. O governo britânico, maior aliado dos EUA na questão iraquiana, já enviou 35 mil homens para a região do golfo Pérsico.

"No que concerne o Iraque, nós temos abordagens diferentes, mas, primeiro e mais importante, nós temos duas convicções que são fundamentais e compartilhadas", disse Chirac durante a entrevista coletiva após uma reunião com Blair.

"A primeira é de que nós temos que desarmar o Iraque, e a segunda convicção compartilhada por nós é de que isso tem de ser feito no âmbito do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Sobre isso, estamos inteiramente de acordo", afirmou.

Durante a reunião de abertura da 25ª cúpula franco-britânica, o presidente francês, o premiê britânico e seu colega francês, Jean-Pierre Raffarin, reconheceram também os numerosos pontos de desacordo sobre a questão iraquiana.

Até agora, Paris apóia a aplicação efetiva da resolução 1441 da ONU e quer dar o tempo necessário aos inspetores em desarmamento para que levem a cabo sua missão.

O encontro de Blair com Chirac faz parte de uma tentativa do premiê britânico de conseguir mais aliados à campanha pela intervenção militar no Iraque. Londres insiste na adoção de uma segunda resolução da ONU para selar a sorte de Saddam Hussein, mas Paris quer dar tempo aos inspetores de armas presentes em Bagdá.

Nas últimas semanas houve um acirramento de posições. França e Alemanha estão cada vez mais convictas de que "nada hoje em dia justifica a guerra". Blair, em compensação, é um dos signatários de uma carta aberta de oito líderes que manifestam seu apoio aos Estados Unidos.

Amanhã, a partir das 10h30 (12h30 de Brasília), o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, apresentará ao Conselho de Segurança o que chama de "provas" contra o Iraque. Segundo a imprensa dos EUA, Powell deve apresentar fotos de satélites que demonstram supostos movimentos de equipamentos de armas químicas dentro do território iraquiano.

Crise

No dia 27 de novembro, os inspetores de armas da ONU voltaram ao Iraque e retomaram os trabalhos de inspeção de armas de destruição em massa no país.

Os Estados Unidos e o Reino Unido acusam o Iraque de ter um arsenal de armas químicas e biológicas que vai contra as determinações da ONU, e de estar construindo instalações para fabricar mais armamentos. Ademais, Saddam é acusado pelos dois países de ter fortes relações com grupos terroristas que são capazes de utilizar "armas de destruição em massa". Bagdá nega as acusações.

O desarmamento dos arsenais de destruição em massa e mísseis iraquianos foi determinado pela ONU após a Guerra do Golfo (1991) como uma punição ao Iraque, que invadiu o Kuait em 1990.

Entre 1991 e 1998, a Comissão Especial da ONU para o Desarmamento do Iraque visitou dezenas de locais e destruiu grande quantidade de armas.

O Iraque aceitou de forma incondicional a nova resolução da ONU, chamada de resolução 1441, aprovada por unanimidade pelo Conselho de Segurança no dia 8 de novembro.

A resolução determinou a entrada de inspetores de armas no país, com acesso ilimitado a todo e qualquer local suspeito de produzir armas químicas, biológicas ou nucleares -inclusive os palácios do governo iraquiano. Caso contrário, o Iraque enfrentará "sérias consequências".

Até o momento, os inspetores de armas não encontraram nenhum tipo de prova contra o Iraque, embora tenham afirmado no na segunda-feira (27), por meio do chefe do grupo, Hans Blix, que o país não estava cooperando tanto quanto deveria. Bush prometeu apresentar na quarta-feira (5) ao Conselho de Segurança provas reais de que o Iraque possui armas de destruição em massa. Tanto os EUA como o Reino Unido já anunciaram anteriormente possuir tais provas, mas nunca nenhum tipo de documento foi apresentado publicamente.

Petróleo

O Iraque está localizado em um território que é o segundo maior campo de petróleo do mundo, e muitos dizem que o principal interesse dos EUA está no produto, inclusive líderes de países europeus e de outras partes do mundo. Verdade ou não, o passado do presidente norte-americano acaba deixando dúvidas sobre seu real interesse em derrubar o presidente iraquiano. Bush atuou como alto executivo da empresa petrolífera Arbusto Energy/Bush Exploration entre 1978 e 1984. Mais tarde, trabalhou como executivo-sênior da companhia petrolífera Harken (1986-1990).

Seu vice, Dick Cheney, também já esteve diretamente ligado ao setor petrolífero no período de 1995 a 2000. Ele foi executivo-chefe da companhia petrolífera Halliburton. Ademais, a conselheira norte-americana para assuntos de segurança nacional de Bush, Condoleezza Rice, atuou como executiva-sênior da companhia petrolífera Chevron, que batizou um petroleiro com o nome dela, entre 1991 e 2000.

Com agências internacionais

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