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17/03/2009 - 14h32

União Africana ameaça agir se oposição desrespeitar sucessão em Madagáscar

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da Folha Online

A União Africana (UA) alertou nesta terça-feira que tomará "medidas firmes" contra Madagáscar, caso a situação na ilha se deteriore. A organização criticou os desejos da oposição de assumir o governo de transição após a renúncia do presidente, Marc Ravalomanana, e afirmou que a Constituição do país deve ser respeitada.

"Nós lembramos vocês do compromisso de respeitar a ordem constitucional, especialmente na sucessão do presidente", disse Bruno Zidouemba, enviado de Burkina Fasso à Etiópia.

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Saiba mais sobre Madagáscar

"O conselho da UA será firme nas medidas a serem tomadas caso a situação se torne pior do que é hoje. Se os militares assumirem, será um golpe de Estado", disse Zidouemba, após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança e Paz da UA.

O presidente Ravalomanana anunciou em discurso transmitido pelo rádio sua renúncia, após três meses de intensos protestos da oposição, que o acusa de desviar dinheiro público e violar a Constituição. Ele afirmou ainda que passou seu cargo a um diretório militar.

"Eu decidi dissolver o governo e transferir o poder para que o governo militar possa ser estabelecido", disse Ravalomanana, 59, no fim de seus sete anos de mandato.

Kim Ludbrook/Efe
Líder opositor, Andry Rajoelina, cumprimenta seus apoiadores depois da renúncia do presidente Ravalomanana
Líder opositor, Andry Rajoelina, cumprimenta seus apoiadores depois da renúncia do presidente Ravalomanana

Dúvida

A renúncia veio horas depois do líder da oposição, Andry Rajoelina, entrar no palácio presidencial, invadido na noite anterior pelo Exército. A medida foi tomada para provocar a fuga do presidente, que se refugiou, desde então, em um outro palácio presidencial.

Rajoelina, ex-prefeito destituído de Antananarivo, entrou na sede da Presidência protegido pelos militares, que levantaram os fuzis em sinal de vitória.

Embora Rajoelina, que se autoproclamou presidente no último dia 31 de janeiro, não tenha feito declarações desde a renúncia de Ravalomanana, membros da oposição afirmaram que ele liderará um governo de transição. Os planos incluem organizar eleições em 24 meses e reescrever a Constituição para criar uma Quarta República.

Outro obstáculo ao governo de transição da oposição é a idade de Rajoelina. Ex-disc jockey, ele tem 34 anos, seis a menos que os 40 exigidos pela Constituição para ocupar a Presidência. Há ainda certa inquietude na comunidade internacional sobre o modo como ele tirou Ravalomanana do poder, sem esperar eleições democráticas.

"O conselho ouviu que a sucessão do presidente está sendo discutida em Madagáscar, mas nós não sabemos o resultado", disse o representante da UA.

arte Fol/arte Fol
Mapa Madagáscar e Palácio presidencial

Oposição

Desde janeiro, o país é cenário de intensos protestos antigoverno que desestabilizaram o presidente e prejudicaram a já fragilizada economia nacional. Os confrontos entre manifestantes e a polícia já deixaram mais de 135 mortos e prejudicaram o turismo, uma das principais rendas do país.

Rajoelina, que liderou os protestos e chegou a fugir do país por temer morrer, se proclamou nesta terça-feira chefe de uma "alta autoridade de transição" para governar Madagáscar, após entrar na sede da Presidência acompanhado por milhares de partidários e saudado pelos militares que tomaram o controle do edifício nesta segunda-feira (16).

Rajoelina chegou ao palácio presidencial após um comício no qual agradeceu o Exército por invadir a sede da Presidência e anunciou a renúncia de oito ministros de Ravalomanana.

Segundo o porta-voz do presidente, ele já deixou o palácio presidencial e está em uma localidade secreta. Ralijaona disse ainda que o presidente renunciou diante do melhor interesse do povo de Madagáscar. "Eu imagino que foi por causa de sua análise da situação e ele tirou a conclusão de que é melhor para o país. Ele agiu como um estadista", disse o porta-voz.

Crise

Madagascar, uma ilha pobre do Oceano Índico, atravessa a pior crise política e social desde que Ravalomanana chegou ao poder em 2002. Ele foi reeleito no fim de 2006.

Os manifestantes criticam o fracasso do atual presidente em aliviar a situação de pobreza do país e pedem, reiteradamente, que ele renuncie, já que não controlaria mais a capital e diversas Províncias. Os protestos liderados pelo ex-prefeito da capital resultaram nos piores distúrbios no país em vários anos.

Rajoelina conta com a pressão dos apoiadores para tomar os ministérios, mas as forças de segurança têm impedido o acesso de seus apoiadores aos prédios de governo.

O governo diz que Rajoelina é apenas um causador de problemas e o acusa de gerar distúrbios na população com alegações exageradas. Em um discurso transmitido recentemente pelo rádio e pela TV, Ravalomanana negou ser um ditador e disse assumir responsabilidade por tudo que fez.

Com agências internacionais

 

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