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21/03/2009 - 10h07

China prende militar crítico a massacre na Paz Celestial

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RAUL JUSTE LORES
da Folha de S. Paulo, em Pequim

O ex-militar chinês Zhang Shijun, 40, foi preso nesta sexta-feira (20) por divulgar uma carta que enviou ao presidente Hu Jintao pedindo investigações sobre o massacre de estudantes na Praça da Paz Celestial em 1989.

Zhang estava em um dos batalhões que marchou rumo à principal praça de Pequim na madrugada de 4 de junho. Estimativas conservadoras citam 400 estudantes desarmados mortos pelo Exército.

Na terça-feira (17), ele dissera em entrevista à agência Associated Press que a carta buscava relembrar o movimento e "limpar a consciência daqueles eventos trágicos". "Sinto que meu espírito está preso naquela noite", declarou. Na quarta-feira (18), a polícia o interrogou, pedindo que não falasse com jornalistas estrangeiros. Na madrugada desta sexta-feira (20), segundo a organização Observatório de Direitos Civis, ele foi detido em sua casa em Tengzhou, na Província de Shandong, norte, onde vive com a mulher e a filha.

Pouco depois do massacre, Zhang pedira para deixar as Forças Armadas, pois "não estava preparado para lutar contra civis". Em 1992, após entrar em um grupo de discussão sobre abertura política, foi preso e condenado a três anos de trabalhos forçados em um campo.

Na entrevista antes da prisão, ele revela que em abril de 1989 sua divisão de infantaria partiu para Pequim, onde os estudantes já acampavam na praça. Os militares ficaram de prontidão em um subúrbio, até que, no dia 3 de junho, chegou a ordem de "desocupar a praça".

Zhang servia como médico e estava desarmado, diz. Mas ele se nega a dar detalhes "muito sensíveis" do que viu. Há relatos do fuzilamento de estudantes acampados, mas os arquivos oficiais do evento nunca foram abertos pelas autoridades.

Sob o recrudescimento da repressão no país ante a aproximação do 20º aniversário do massacre, o dissidente afirmou desejar que seu exemplo inspire a outros ex-soldados. Ele disse ainda buscar compensação pelo tempo preso e querer mais abertura política. "Naquela época, sentíamos que o que aconteceu seria discutido logo. Mas a democracia parece cada vez mais longe", declarou.

 

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