Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/06/2009 - 16h38

Professor aponta esgotamento do ciclo de reeleições na América Latina

Publicidade

CLAUDIA ANTUNES
da Folha Online, no Rio

Especialista em política e economia da América Latina na Universidade Harvard, o professor Jorge Domínguez disse nesta quinta-feira no Rio que há sinais de esgotamento da tendência eleitoral predominante nesta década na região, quando presidentes ou partidos no poder foram amplamente confirmados nas urnas.

Domínguez mencionou o resultado das eleições recentes em El Salvador e no Panamá, em que os governos foram derrotados por forças respectivamente à esquerda e à direita, e disse que sua tese será testada nas próximas eleições legislativas argentinas, no final de junho, e na eleição presidencial chilena, em dezembro.

O professor, que é também vice-reitor para Assuntos Internacionais de Harvard, veio ao Brasil para o congresso da Lasa (Associação de Estudos Latino-Americanos, na sigla em inglês). O encontro acadêmico, com a apresentação de dezenas de trabalhos de especialistas de todo o mundo, começou hoje na PUC-RJ e vai até domingo.

Domínguez, que falou a um grupo de ex-alunos de sua universidade, atribuiu as dificuldades eleitorais dos governos de turno à crise econômica, que encerrou o ciclo de crescimento regional provocado pela explosão do preço das commodities.

Sobre o caso chileno, ele afirmou que a direita, cujo candidato presidencial é o empresário Sebastián Piñera, tem a maior chance em 20 anos de derrotar a Concertação de centro-esquerda, no poder desde a democratização do país.

Apesar de a popularidade da presidente chilena Michelle Bachelet ter aumentado com as medidas para conter os efeitos sociais da redução do crescimento, Domínguez acha difícil que isso se traduza em vantagem para o candidato governista, o pouco carismático ex-presidente Eduardo Frei (1994- 2000).

Política para o Brasil

Jorge Domínguez avaliou também que a política da Casa Branca de Barack Obama para a América Latina por enquanto não diverge em essência da implementada no segundo mandato de George W. Bush (2004-2009). Ele acredita que, agora como então, os EUA têm "uma política para o Brasil, não para a região". Essa política consiste em delegar ao governo e à diplomacia brasileiros a administração das crises nos países vizinhos da América do Sul.

O professor, que é de origem cubana, reconheceu que Obama promoveu mudanças na relação com o país caribenho, mas disse que elas "não devem ser exageradas".

Ele afirmou que tanto o governo americano quanto seu secretário de Estado assistente para a América Latina e futuro embaixador no Brasil, Thomas Shannon, ficaram "muito satisfeitos" com a decisão que suspendeu o veto a Cuba na OEA (Organização dos Estados Americanos), sem no entanto avalizar a volta automática dos cubanos à entidade.

"A posição inicial dos EUA não era a adotada. Mas muitas vezes, na negociação, você descobre os seus interesses, e acho que foi isso que aconteceu."

Para Domínguez, não há diferenças substanciais entre Shannon, que negociou a questão cubana na OEA, e seu substituto, o acadêmico de origem chilena Arturo Valenzuela, que espera ser confirmado pelo Senado americano para assumir.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página