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Câmara britânica veta parte dos dados sobre seus gastos
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da Folha de S. Paulo
Como prometido pelo primeiro-ministro Gordon Brown, o Parlamento britânico divulgou nesta quinta-feira os detalhes do uso de verbas públicas e auxílios de despesa por seus integrantes. Mas não todos.
As reproduções dos documentos de declaração de gastos dos integrantes da Câmara dos Comuns contêm trechos censurados, em que informações são cobertas por tinta preta, impedindo sua leitura.
Os gastos fúteis com "mimos" pessoais que, revelados pela imprensa local, deflagraram uma onda de indignação entre eleitores --como a compra, com dinheiro público, de filmes pornográficos, adubo para o jardim ou comida para cachorro-- estão na sua maioria no site do Parlamento.
No entanto informações centrais no recente escândalo de malversação de verbas por políticos no Reino Unido foram censuradas sob o argumento de que revelariam informações pessoais dos parlamentares e poderiam expô-los a um risco desnecessário.
Entre esses dados vetados, estão as declarações de "segunda residência" em Londres, ou seja, casas e apartamentos que os integrantes da Câmara, muitos vindos de outras regiões do país, têm o direito de comprar com verbas públicas de auxílio-moradia.
Embora questionáveis, os gastos fúteis não configuram crime propriamente. É no uso de auxílio-moradia para a "compra" de residências, que em alguns casos já eram de propriedade dos parlamentares, ou no superfaturamento de hipotecas, que se encontram indícios de ilegalidade.
Nesta quinta-feira, o jornal "The Guardian" publicou reportagem segundo a qual a polícia londrina estuda abrir inquéritos para investigar possíveis desvios.
Investigadores, disse o diário, já estão analisando declarações de gastos de alguns integrantes do Parlamento.
No centro das investigações estão parlamentares que, se suspeita, tenham declarado "hipotecas-fantasmas".
Em contraste com a "censura" desta quinta-feira, muitos parlamentares britânicos reagiram à pressão política e devolveram aos cofres públicos recursos que receberam de verbas e auxílios do Parlamento.
Segundo o "Daily Telegraph", jornal londrino responsável pela publicação inicial dos gastos abusivos, a soma do total de dinheiro devolvido já alcança 500 mil libras (pouco mais de R$ 1,6 milhão).
O líder da oposição, David Cameron, que lucrou com a crise, já que seu impacto provocou um desgaste muito maior no partido da situação, o Trabalhista, anunciou ontem que devolverá aos cofres públicos cerca de 1.000 libras (R$ 3.245).
Com agências internacionais
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