Reino Unido nega condicional a Ronald Biggs, o "ladrão do século"

O ministro da Justiça britânico, Jack Straw, negou nesta quarta-feira um pedido de liberdade condicional movido em favor de Ronald Biggs, 79, conhecido como "ladrão do século" desde que participou do audacioso assalto ao trem pagador Glasgow-Londres, um dos crimes mais famosos da história do Reino Unido.

No pedido, a defesa afirmava que Biggs, que completará 80 anos em 8 de agosto próximo, tinha o direito de receber o benefício porque já cumpriu um terço de sua pena de 30 anos, exigência do sistema penal britânico. Porém, o ministro da Justiça considerou que ele não poderá ser solto porque não se arrependeu do crime.

Renzo Gostoli-1997/AP

Ronald Biggs, que fez parte da quadrilha que assaltou um trem

O britânico era o líder de uma gangue de cerca de 15 homens que conseguiu, em 8 de agosto de 1963, parar um comboio ferroviário manipulando a sinalização. Depois de ferir gravemente um funcionário, eles fugiram com 120 sacos de notas usadas contendo no total 2,6 milhões de libras, uma quantia recorde para a época.

Os ladrões, inclusive Biggs, foram presos em janeiro de 1964. Processado e condenado a 30 anos de prisão, Biggs foi para a penitenciária de Wandsworth (Londres), de onde conseguiu fugir 15 meses depois. Ele passou por cirurgias estéticas e viveu como foragido na Espanha, na Austrália e, principalmente, no Brasil, onde teve um filho.

Como a lei brasileira não permite a extradição de um homem que tenha um filho nascido no país, o Reino Unido teve problemas para fazer com que Biggs voltasse e cumprisse a pena. Arruinado e doente, ele decidiu se entregar às autoridades britânicas em 2001.

Biggs já sofreu uma série de derrames e outros problemas de saúde e, atualmente, continua internado na ala hospitalar da prisão de Norwich, leste da Inglaterra, devido a uma fratura no quadril e uma suspeita de pneumonia.