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Presidente do Equador rejeita vídeo das Farc como "campanha da direita"
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da Folha Online
O presidente do Equador, Rafael Correa, rejeitou neste sábado a denúncia de que tem relação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), após a divulgação de um vídeo apreendido da guerrilha em que um de seus chefes diz que ajudou a financiar sua campanha eleitoral de 2006.
"Pessoalmente, eu nem sequer conheço alguém das Farc", declarou Correa, destacando que pedirá a uma comissão civil que investigue o assunto.
O vídeo de uma hora de duração mostra o segundo homem no comando da guerrilha, Jorge Briceño, conhecido como Mono Jojoy, lendo o que seria um manifesto feito no leito de morte pelo líder e fundador das Farc, Manuel "Tirofijo" Marulanda. O manifesto afirma que as Farc fizeram contribuições para a campanha de Correa, mas é possível que Correa não tivesse conhecimento dessa ajuda. O governo equatoriano negou ter ligações com a guerrilha.
Em apresentação de seu relatório semanal de trabalhos na localidade de Chunchi (sul), Correa afirmou ainda que as denúncias, divulgadas pelo governo da Colômbia, são "bárbaras".
"Que investiguem esta bobagem que acabam de mostrar ontem, nesta campanha que não é apenas na Colômbia e no Equador e sim em toda região, onde há uma tentativa da direita e de todos os seus instrumentos e todas suas armas, entre eles a imprensa, para desestabilizar os governos progressistas", disse.
"Não podem ganhar de nós nas urnas e tratam de nos ganhar com a mentira e calúnia", disse Correa, no tradicional programa de rádio.
O presidente afirmou ainda que "primeiro" acusaram seu governo de ser financiado pela Venezuela, depois pelo narcotráfico e agora pelas Farc. Ele inclui ainda na "campanha sistemática" contra os governos que propõem alguma mudança inclui ainda o golpe em Honduras, que destitui o presidente Manuel Zelaya.
Comissão
O ministro das Relações Exteriores do Equador, Fander Falconí, anunciou neste sábado que o governo criou uma comissão para investigar o vídeo.
Ele explicou que a comissão será formada pelo ministro de Segurança Interna e Externa, Miguel Carvajal, o ministro coordenador da Política, Ricardo Patiño, e o secretário da Administração, Vinicio Alvarado, assim como pelo próprio chanceler.
Gravação
O vídeo foi divulgado pelo Ministério Público da Colômbia nesta sexta-feira e mostra Briceño lendo para cerca de 250 rebeldes um texto que está em um notebook. O líder guerrilheiro primeiramente informa à tropa da morte de Marulanda e das mudanças na liderança das Farc. O texto é apresentado como uma carta enviada por alguém presente no momento em que Marulanda morreu, em 26 de março de 2008, aos 78 anos, aparentemente de um ataque.
"Nós acordamos hoje com uma imensa solidão, muito entristecidos. O camarada morreu ontem, dia 26, às 18h20", lê Briceño.
As expressões da audiência jovem permanecem duras, muitos aparentam estar chocados, aflitos. Em certo momento, Briceño faz uma pausa na leitura e diz: "O que foi esse barulho? Uma bomba?". Ele recebe uma resposta negativa e volta a ler a carta escrita por Marulanda poucos dias antes de morrer. A mensagem reforça a importância estratégica de que se mantenham "boas relações políticas, de amizade e confiança com os governos de Venezuela e do Equador".
O texto faz uma reflexão sobre os revezes devastadores que as Farc sofreram nas mãos do Exército da Colômbia, que recebeu mais de US$ 4 bilhões em auxílio dos EUA desde 2000, por meio do Plano Colômbia do governo americano de combate ao narcotráfico.
Briceño lê na mensagem o que Marulanda descreve como os "troféus de guerra" que o governo da Colômbia obteve quando matou o "chanceler" rebelde, Raul Reyes, e outros 24 guerrilheiros na ação em solo equatoriano em março de 2008, em um acampamento da guerrilha na floresta.
Marulanda lamenta que a Colômbia tenha apreendido documentos eletrônicos que comprometeram os rebeldes e seus amigos estrangeiros, Correa e o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
"Os segredos da Farc foram perdidos completamente", lê Briceño no vídeo. Entre os segredos está "o auxílio em dólares à campanha de Correa e conversações subsequentes com seus emissários", diz a carta, que menciona "alguns acordos, segundo documentos em posse de nós todos, que são muito comprometedores em relação aos laços com nossos amigos".
A carta de Marulanda não diz se Correa sabia da contribuição em dinheiro, e não menciona qualquer quantidade. Mas a declaração confirma quatro outros documentos que o governo colombiano diz ter encontrado no notebook de Reyes, que foram supostamente redigidos no fim de 2006 pelos líderes das Farc, que discutem pagamentos de pelo menos de US$ 100 mil dos rebeldes para a campanha de Correa.
Leia mais sobre o vídeo
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