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Renúncia a governo do Alasca põe futuro de Palin sob dúvidas
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JANAINA LAGE
da Folha de S.Paulo, em Nova York
A republicana Sarah Palin deixa hoje o governo do Alasca, 18 meses antes do término do mandato para o qual foi eleita. A decisão de não tentar a reeleição e deixar o cargo surpreendeu os EUA. Para muitos, a medida é a assinatura do obituário político, mas para outros abre espaço para a arrecadação de fundos para o partido, viagens pelo país e uma chance de concorrer à Presidência em 2012.
Em sua página no Twitter, Palin deu dicas de como deve ser o último discurso no governo. Disse que vai agradecer e destacar que o futuro do Estado inclui contribuir para energia, inovação e segurança do país.
Mas a saída de Palin ocorre em meio a um cenário de popularidade mais baixa e ao menos 19 denúncias de violação da ética. Destas, 15 foram descartadas e 4 ainda estão sob análise.
Pesquisa divulgada pelo jornal "Washington Post" mostra que 53% dos americanos avaliam Palin de forma negativa, e 40% têm opinião favorável sobre ela. É o menor patamar de aprovação desde que ela despontou no cenário nacional, como candidata à vice-presidente na chapa de John McCain. Para 57% deles, Palin não domina assuntos complexos.
Relatório preliminar de investigação divulgado pela agência Associated Press questiona a legalidade da criação de um Fundo Fiduciário Alasca como fundo oficial de defesa da governadora. Palin tem dívidas de mais de US$ 500 mil referentes a advogados encarregados de responder aos processos.
A irregularidade, segundo o relatório, consiste no fato de que ela estaria usando doações e contribuições para esse fundo de defesa. O investigador Thomas Daniel diz que, nesse caso, as doações poderiam ser consideradas presentes impróprios.
Palin nega irregularidades. A lista de queixas já apresentadas contra ela inclui desde o uso de sua imagem para promover pescaria no Alasca até o uso de logotipo em seu carro para andar na neve. Aliados de Palin dizem que há influência da Casa Branca na série de queixas, o que já foi negado pelo governo.
Dinheiro não deverá ser o problema depois que deixar o cargo. Palin assinou um adiantamento estimado em milhões de dólares com a editora HarperCollins por suas memórias, que deverão ser lançadas no início de 2010. Editores afirmam que o êxito do livro dependerá da capacidade de Palin de permanecer em evidência depois de deixar o cargo.
Além do filão literário, Palin poderá explorar ainda os recursos do SarahPAC, seu comitê de ação política, que levantou US$ 733 mil no primeiro semestre e ainda tem US$ 450 mil em caixa, segundo informações prestadas à Comissão Eleitoral Federal (FEC, na sigla em inglês). Após deixar o cargo, poderá usar os recursos para financiar viagens e apresentações, além de doações de até US$ 10 mil para candidatos federais.
Ao anunciar a renúncia, Palin disse ainda não saber o que fará em 2012 e estar ciente dos riscos da decisão que tomou. "Se morrer politicamente, pois bem, morro. E acabou."
Na receita tradicional da política de Washington, largar o governo antes do fim do mandato e almejar uma vaga na disputa à Presidência estaria fora de questão. Mas diante do carisma de Palin com o eleitor republicano mais conservador e de sua capacidade de levantar fundos de campanha, a situação é vista como incerta.
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