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Jornalista que jogou sapatos em Bush vai à Grécia para tratamento médico
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da France Presse, em Atenas (Grécia)
da Folha Online
O jornalista iraquiano Muntazer Al Zaidi, célebre por ter jogado os sapatos contra o então presidente americano George W. Bush, desembarcou nesta quarta-feira na Grécia onde, segundo a família, receberá atendimento médico. A informação foi confirmada pela Embaixada do Iraque em Atenas.
Al Zaidi foi libertado na terça-feira (15) em Bagdá, após passar nove meses na prisão. Em entrevista coletiva pouco após ser libertado, o jornalista disse ter sido torturado por funcionários de alto escalão do governo do Iraque enquanto estava na prisão. As autoridades militares iraquianas desmentiram as acusações.
A família de Zaidi, que já havia denunciado anteriormente os maus tratos, afirmou que ele ainda teme por sua vida.
"A embaixada não tem nenhum contato com ele, nem dispõe de detalhes sobre a estadia", afirmou um funcionário.
Em Bagdá, o canal Al Baghdadia, onde o jornalista trabalhava, e o irmão Udai afirmaram que Al Zaidi deixou o Iraque em um avião privado com destino a Síria, escala na viagem para a Grécia, onde receberia atendimento médico.
O governo grego disse não ter nenhuma informação a respeito da estadia, apenas que Al Zaidi tem visto e pode viajar a Grécia sem problemas.
Fama
Repórter do pequeno canal de televisão privado local Al Bagdadia, Zaidi, 30, passou ser visto como herói por muitos em 14 de dezembro do ano passado, quando jogou os sapatos contra Bush, que fazia sua última visita como presidente ao Iraque, país que invadiu em 2003 sob o pretexto de acabar com armas químicas.
"Este é o beijo de despedida, cão nojento", gritou em direção a Bush diante das câmeras de todo o mundo. Nos países árabes, jogar o sapato contra alguém é um ato extremamente ofensivo.
No início do julgamento em fevereiro, Zaidi afirmou que o sorriso de Bush enquanto ele falava sobre as vitórias no Iraque o fizeram pensar sobre "o assassinato de mais de um milhão de iraquianos, desrespeito à santidade de mesquitas e casas e estupros de mulheres".
Desde então, o jornalista ganhou uma fama que vai além dos países árabes e seu rosto apareceu em camisas de apoio de Rabat ao Cairo, passando por Gaza e Londres, quando foi julgado.
Em março passado, um tribunal condenou Zaidi a três anos de prisão, por considerá-lo culpado de perpetrar um ato hostil contra um chefe de Estado estrangeiro, crime previsto no artigo 223 do Código Penal, pena que foi reduzida por ter sido considerada excessiva.
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