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10/11/2009 - 14h08

Em Berlim, prêmios Nobel pedem que se aprenda com queda do Muro

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NURIA VICEDO
da Efe, em Berlim

Os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz disseram nesta terça-feira em um congresso em Berlim que é preciso aprender com a revolução pacífica que levou à queda do muro na capital alemã e "sonhar com o impossível".

"Esperemos o impossível, porque é mais provável que ocorra que o que hoje achamos possível", afirmou o bengalês Muhammad Yunus, conhecido como o "banqueiro dos pobres" pelo sistema de microcréditos que administra no Grameen Bank.

O 10º Congresso dos Prêmios Nobel da Paz, realizado entre hoje e amanhã na capital alemã, reuniu 20 premiados, entre eles o ex-líder soviético Mikhail Gorbatchov, o ex-presidente polonês Lech Walesa e o ex-presidente sul-africano Frederick Willem De Klerk, para abordar questões como a luta contra a pobreza, a mudança climática e as armas nucleares.

Coincidindo com os 20 anos da queda do Muro de Berlim, lembrados ontem, Yunus elogiou a forma pacífica que levou à derrubada dessa barreira.

Segundo ele, é preciso aprender com esse fato histórico que "os muros podem cair, se o povo quiser". "Isso deve nos tornar mais humildes. Não sabemos o que acontecerá amanhã. Devemos usar nossa imaginação para idealizar como será o ano 2030. É melhor que pensemos em coisas impossíveis, porque essas são as que ocorrerão. Vamos pelo impossível", disse.

Já Gorbatchov afirmou que o mérito da queda do muro foi dos cidadãos da extinta República Democrática Alemã (RDA), que segundo ele "configuraram seu próprio futuro" sem a "interferência de outros". Sobre a relação entre Bruxelas e Moscou, disse ser um "anacronismo" deixar a Rússia fora do diálogo europeu e afirmou que a União Europeia (UE) ainda não decidiu "que Rússia deseja ver".

O presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da UE), José Manuel Durão Barroso, assinalou que a queda do Muro de Berlim demonstra que "tudo é possível" e que a vontade de paz e liberdade "sempre será mais fortes que os muros e as prisões". "Os realistas e os cínicos se equivocaram. Às vezes é possível o que muitos veem como impossível. O muro caiu e abriu portas e janelas pelas quais soprou o vento da liberdade", assinalou.

Para ele, a UE é um projeto de paz que levou à estabilidade de países do centro e do leste europeu. "Como o que hoje estamos fazendo nos Bálcãs", apontou.

Walesa, por sua vez, comentou que foi a pressão dos cidadãos germano-orientais o que provocou a queda do Muro de Berlim, apesar de as autoridades da RDA "terem outros planos". O ex-presidente comparou também a luta dos alemães do leste com a dos poloneses que, pela via pacífica, conseguiram pôr fim a um regime comunista.

Já De Klerk definiu os fatos de 9 de novembro de 1989 como uma "vitória da liberdade" similar à ocorrida 200 anos antes com a Queda da Bastilha, durante a Revolução Francesa. Segundo o ex-presidente sul-africano, a queda do muro contribuiu para que a África do Sul derrubasse as barreiras que "dividiam sua gente" e "construísse pontes" para o fim do apartheid. "O futuro é imprevisível. Não existe o final da história", afirmou.

Ahmed Kathrada, colaborador do Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela, pediu que se enxergue além da queda do muro."Estamos muito longe de um mundo sem violência", apontou. Kathrada falou também sobre uma suposta piora no estado de saúde de Mandela e afirmou que o ex-presidente está bem "como uma pessoa de 90 anos e com a vida dura que teve".

Para o colaborador de Mandela, a comunidade internacional tem que ser realista e a luta pela paz e a liberdade "ainda não terminou".

Ao longo do congresso, a cantora britânica Annie Lenox receberá o prêmio Mulher da Paz 2009, por sua contribuição à luta contra a aids na África.

Comentários dos leitores
Chris Maria (231) 11/11/2009 17h30
Chris Maria (231) 11/11/2009 17h30
"Os 192 Estados-membros da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) consagraram nesta quarta-feira o dia 18 de julho como Dia Internacional Nelson Mandela"
► Uma pessoa extraordinária. Parabéns!
5 opiniões
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Elton Santos (9) 10/11/2009 17h03
Elton Santos (9) 10/11/2009 17h03
O Muro de Berlim foi brincadeira de criança comparado a outro muro que não separa mais o primeiro do segundo mundo pois este já não existe mais e sim o que separa o primeiro do terceiro. O Muro da fronteira do Estados Unidos com o México representa justamente isso: As classes abastadas devem estar seguras das que servem apenas como consumidoras nessa nova desordem mundial baseada no capital. Nessa fronteira se mata muito mais, as diferenças são muito maiores mas isso não importa não é mesmo? A democracia é um patrimônio que a humanidade não pode abrir mão nunca mais, mas não podemos também justificar com ela o extermínio através da fome e miséria que o mundo presencia causado pelo neo-liberalismo. 9 opiniões
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Juca Bala (84) 10/11/2009 11h33
Juca Bala (84) 10/11/2009 11h33
Foi bonita a festa de comemoração da queda do muro de Berlim e do fim do símbolo de um regime desumano e retrógrado. Será que o Chico vai cantar "Foi bonita a festa pá" rsrsrs. "A queda do muro --escreveu João Paulo 2°-- como a queda de perigosos simulacros e de uma ideologia opressiva, demonstraram que as liberdades fundamentais, que dão significado à vida humana, não podem ser reprimidas nem sufocadas por muito tempo".(Ou viva o neo-liberalismo) Santas palavras... ainda não aprendidas pelos muitos cabeças de bagre por aqui. 5 opiniões
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