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Saída prematura dos EUA ameaça o Afeganistão e o Paquistão
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WAHEEDULLAH MASSOUD
da France Presse, em Cabul
Uma retirada muito rápida das tropas americanas do Afeganistão poderia desestabilizar não somente neste país porém, também, o Paquistão vizinho, "epicentro do terrorismo" islamita, segundo Washington, e toda a região, advertem especialistas.
O presidente Barack Obama, ao anunciar o envio de reforço, na terça-feira (1º), fixou para o verão de 2011, no Hemisfério Norte, o início de uma retirada progressiva --uma decisão criticada não apenas pelos adversários conservadores nos Estados Unidos, mas que preocupa, também, a região.
O anúncio de retirada "vai excitar o moral dos terroristas e lhes dará a esperança de retornarem ao poder. E esta situação será considerada ideal por fundamentalistas e militares paquistanesas para restabelecer seu poder no Afeganistão," diz Ahmad Behzad, pesquisador e deputado afegão oposto ao presidente Hamid Karzaï.
O Paquistão é suspeito, no Afeganistão, de procurar preservar uma estratégia que consistiu, na década de 90, mas também após 2001, segundo Cabul, em apoiar os talebans como uma forma de represar a influência crescente do vizinho e eterno rival indiano.
Mas Islamabad também é um alvo de seus próprios fundamentalistas aliados à rede terrorista Al Qaeda, com Osama Bin Laden na cabeça. Assim, numerosos talebans se refugiaram em zonas tribais paquistanesas, na fronteira, quando as forças internacionais os tiraram do poder em Cabul no final de 2001.
E o Paquistão, pressionado por Washington a fazer mais contra os islamitas radicais, teme que o envio de reforços ao Afeganistão impulsione os talebans a ultrapassar sua fronteira, desestabilizando muito uma região já em dificuldade. Islamabad, além disso, pediu "esclarecimentos" sobre a nova estratégia americana.
Os talebans paquistaneses, seguindo os traços de Bin Laden, decretaram em 2007 a jihad, a guerra santa, a Islamabad por seu apoio a Washington em sua "guerra contra o terrorismo". O país está, desde então, confrontado a uma onda sem precedente de atentados, essencialmente de camicazes, que fizeram 2.600 mortos.
"O Afeganistão vai novamente se desestabilizar. E, naturalmente, isso afetará o Paquistão," diz em Islamabad Mahmood Shah, ex-comandante do Exército nas zonas tribais paquistanesas. Além disso, a presença fundamentalista multiplica-se no país: Al Qaeda, talebans afegãos em busca de zonas de refúgio, talebans paquistaneses combatendo o exército, grupos armados da Caxemira que se opõem à Índia...
"O problema do Paquistão, é que não pode se bater contra quatro ou cinco frentes ao mesmo tempo e é isso que os Estados Unidos não querem compreender", diz Hasan Askari, professor da Universidade paquistanesa e especialista em segurança, invocando a impossibilidade de se deixar desguarnecida a fronteira com a Índia, num contexto de tensões entre as duas potências atômicas.
Ainda mais que a obsessão de Islamabad é o "outro front", a fronteira oriental com a Índia, que o Paquistão enfrentou em três guerras desde a criação dos dois países em 1947.
Obsessão reforçada pelo fato de a Índia movimentar desde o final de 2001 seus peões no Afeganistão, onde mantém ligações estreitas com o governo, multiplicando seus consulados. Nestas condições, "é claro que o Paquistão não quer renunciar ao trunfo estratégico no Afeganistão representado pelos talebans", afirma Haroun Mir, diretor do Centro de Pesquisas e Estudos Políticos de Cabul.
Mas ele se mostra menos pessimista que outros e pensa que o anúncio de um calendário de retirada nada mais é do que destinado a tranquilizar uma opinião pública americana mais e mais reticente ao envio de seus "boys" ao lamaçal afegão.
"Estou quase certo de que a comunidade internacional não pode abandonar o Afeganistão e deixar um Paquistão instável com a posse plena da arma nuclear e onde a Al Qaeda se estende a cada dia", comenta ele.
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O EUA tem vários interesses no Afeganistão, todos bem longe de pensar na dignidade do povo Afegão e é por isso que eles vão continuar tampando o sol com a peneira. Além disso, Obama não conseguiu liderar um acordo em Copenhaguem (e nem quis) sem falar da rodada Doha e do protecionismo - criticado por todos - feito à economia dos EUA na reforma pós crise econômica. Ainda prefiro Obama a John Maccain, mas ele está MUITO aquém das expectativas. Não tenho dúvidas de que Zilda Arns merecia este prêmio muito mais do que Obama, mas talvez a simplicidade dela não caiba no jogo de interesses deste prêmio.
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