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11/12/2009 - 09h35

CIA usou guardas de empresa privada em ações contra terroristas, diz jornal

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da Folha Online

Guardas da empresa privada de segurança Blackwater participaram de operações secretas da CIA (agência de inteligência americana), incluindo ações contra supostos militantes, no Iraque e no Afeganistão, informa o jornal americano "The New York Times".

O papel da Blackwater nestas operações mostra uma conexão muito mais profunda da empresa privada com a agência de espionagem americana e levanta preocupação sobre as ações e a legalidade dos contratos do governo americano com empresas privadas para atuar em suas guerras.

O papel da Blackwater no Afeganistão começou em 2002, quando a CIA contratou a empresa privada americana para fazer a segurança do perímetro de seu centro de operações no Hotel Ariana, na capital afegã, Cabul.

A empresa foi contratada também para garantir a segurança da sede da CIA em Bagdá, um ano depois da invasão americana ao país, em 2003.

Segundo o "NYT", o papel da Blackwater em ambas as guerras mudou drasticamente quando seus guardas começaram a fazer a segurança de agentes da CIA em campo --algumas vezes durante missões de ofensiva em ações conjuntas com a Delta Force ou equipes da Marinha, as Navy Seals.

As operações contra supostos insurgentes no Iraque aconteciam principalmente de noite --e durante os piores anos da guerra, entre 2004 e 2006.

O jornal americano cita diversos ex-guardas da Blackwater dizendo que as operações para capturar e matar insurgentes no Iraque e no Afeganistão tornaram-se rotina e que, de seguranças dos espiões americanos, os agentes da empresa viraram colegas de missão.

Segundo o "NYT", os seguranças da Blackwater também ajudavam na segurança dos voos que transportavam detentos da CIA.

O "NYT" já havia noticiado, em agosto passado, que a CIA contratou a Blackwater para um programa secreto de rastreamento e assassinato de nomes de alto escalão da rede terrorista Al Qaeda. O programa custou milhões de dólares, mas nunca conseguiu encontrar um terrorista, afirmou o jornal.

Um funcionário do governo americano confirmou à agência de notícias Associated Press que os guardas da empresa participavam de missões da CIA em zonas de guerra. O diretor da agência de inteligência, Leon Panetta, chegou a pedir um relatório sobre os contratos da companhia meses atrás para garantir que os seguranças não estivessem ultrapassando o limite de suas tarefas.

O porta-voz da CIA George Little disse quer a agência, como muitas outras, usa empresas privadas em papéis complementares e para melhorar as habilidades de seus força tarefa, "assim como a lei americana permite". "Os funcionários da agência têm a autoridade de tomar as decisões e a responsabilidade por elas", disse Little.

Polêmica

A Blackwater era uma das três firmas privadas de segurança contratadas pelos EUA para atuar no Iraque e recebia a maioria dos US$ 2 bilhões do contrato para proteção de representantes diplomáticos e agentes americanos.

A empresa, com sede na Carolina do Norte, anunciou em fevereiro passado a mudança de seu nome para Xe Services, em uma tentativa de abandonar a polêmica causada pela morte de civis iraquianos por agentes da empresa.

Em 16 de setembro de 2007, um grupo de agentes da Blackwater disparou contra civis que se encontravam na praça Al Nasur, em Bagdá, deixando 17 mortos e 27 feridos.

O governo suspendeu a licença da firma após o tiroteio e exigiu que ela fosse expulsa do país dentro de seus meses. O Iraque negou ainda licença para a Xe no começo de 2009, mas a companhia continuando atuando no país. Em setembro passado, os EUA anunciaram que estenderam o contrato com uma subsidiária da Xe para garantir a segurança de diplomatas americanos no Iraque.

O incidente resultou ainda em um processo por homicídio contra cinco funcionários da empresa. Os cinco devem comparecer ao tribunal em fevereiro do próximo ano, em Washington, nos EUA. Um sexto agente admitiu a culpa em dezembro do ano passado.

A empresa afirmou reiteradamente que os agentes só responderam a uma ameaça. Mas a investigação iraquiana concluiu que o comboio não recebeu nenhum tipo de disparo, nem mesmo de pedras.

A companhia chegou a pagar indenizações a várias vítimas do tiroteio. Elas ainda aguardam processo em andamento contra a companhia e seu fundador, Erik Prince.

Com Reuters e Associated Press

 

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