Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/12/2009 - 08h01

Hugo Chávez já controla 26,5% do setor bancário venezuelano

Publicidade

FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, em Caracas

O governo venezuelano confirmou ontem que abrirá na segunda-feira o Banco Bicentenário, ampliando a presença estatal no setor financeiro. Desta vez, porém, o avanço sobre o setor privado foi motivado principalmente por um escândalo inédito de corrupção, que provocou uma pequena crise bancária e envolveu colaboradores próximos de Hugo Chávez.

Reuters
O presidente Hugo Chávez, que assumiu bancos após escândalo inédito de corrupção
O presidente Hugo Chávez, que assumiu bancos após escândalo inédito de corrupção

Nas últimas semanas, Caracas interveio em sete pequenos bancos que, juntos, somam 7,7% do total de depósitos do sistema financeiro. Todos são acusados, entre outros crimes, de realizar operações de compra e venda de instituições financeiras sem a comprovação da origem dos fundos.

Seis banqueiros foram presos, todos representantes da "boliburguesia" (burguesia bolivariana), como é chamada a nova elite econômica surgida no rastro do chavismo. O caso mais visível é Arné Chacón, irmão de Jesse Chacón, que renunciou ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

Jesse Chacón é um dos colaboradores mais antigos e íntimos de Chávez, com quem participou do frustrado golpe de Estado de 1992. No governo, ocupou quatro pastas, entre as quais a da Presidência.

Também está preso Ricardo Fernández Barrueco. Acionista majoritário de quatro bancos sob intervenção, é também dono de empresas de alimentos fornecedoras do Mercal, a gigantesca rede de mercados estatais criada por Chávez.

"A grande maioria desses bancos era administrada por pessoas sem maior trajetória dentro do sistema financeiro venezuelano", diz relatório da empresa de análise econômica Ecoanalítica. "Esses bancos haviam constituído uma extensa rede de relações com altos funcionários da administração pública e diferentes entes do Estado, incluindo [a estatal petroleira] PDVSA."

"Esses bancos fizeram operações de dinheiro que podem ter vindo dos cofres públicos ou do narcotráfico", diz o ex-diretor do Banco Central Domingo Maza Zavala. "Estamos vendo apenas a ponta da corrupção, ainda falta muito a esclarecer, há vários personagens para aparecer."

Em declarações recentes, Chávez tem usado o exemplo dos irmãos Chacón para afirmar que "ninguém está acima da lei". Além disso, está promovendo mudanças na regulamentação bancária, para melhorar o controle do setor.

A Venezuela é o segundo país da América Latina no ranking de percepção de corrupção da ONG Transparência Internacional. O país ocupa a posição 162 de um total de 180 países. Na região, está à frente apenas do Haiti -o Brasil está em 75º.

Já as consequências econômicas não serão de grandes proporções, segundo a Ecoanalítica. Seu relatório avalia que não se trata de uma crise sistêmica, mas adverte que a recente ameaça de Chávez de nacionalizar a banca e o manejo pouco transparente da intervenção têm gerado desconfiança entre os correntistas.

Menos otimista, Maza Zavala vê com ressalvas a superação do impasse. Para ele, não está claro como o governo cumprirá a promessa de ressarcir os cerca de 1 milhão de cidadãos que tinham vínculos com os sete bancos, a maioria correntistas. O Banco Bicentenário reúne só três dos bancos sob intervenção, mas o governo promete devolver o dinheiro de todos os correntistas em seis meses.

O novo banco fará com que o Estado venezuelano passe a controlar 26,5% dos depósitos do país, contra 10,9%, há dois anos. O salto da banca pública se deveu principalmente à nacionalização do Banco de Venezuela, que pertencia ao grupo espanhol Santander. Apesar do avanço estatal, nem Maza Zavala nem a Ecoanalítica acreditam numa nacionalização completa da banca, como ameaçou Chávez. "Foi apenas um impulso declaratório", diz o ex-diretor.

Comentários dos leitores
Noel Samways (126) 02/02/2010 19h02
Noel Samways (126) 02/02/2010 19h02
Chavez gastou os petrodólares em propaganda, eleições dos vizinhos, armas e bobagens. Agora colhe o resultado de sua inépcia, imprevidência e desvio de recursos, pois não consegue nem ajudar o Haiti; torce pelo aumento do barril de petróleo, o que nos prejudicaria. De que lado das ruas de Caracas vamos ficar então? Ajudando Chavez? Ora... sem opinião
avalie fechar
leilah alves (11) 02/02/2010 18h29
leilah alves (11) 02/02/2010 18h29
Gente essa coisa que os governantes aspirantes a ditadores estão bebendo é o mesmo que essa sr.Eduardo faz uso...Ha muito não vejo tanta asneira nos blogs,O que tem haver Israel,EEUU com o que chaves está fazendo? Meu Deus ,o que é que é isso? sem opinião
avalie fechar
Daniel X (1) 02/02/2010 10h51
Daniel X (1) 02/02/2010 10h51
Ô Eduardo, em vez de escrever tanta besteira vê se volta para a escola. "Ofenciva" é demais, parece que estudou nas cátedras bolivarianas! 4 opiniões
avalie fechar
Comente esta reportagem Veja todos os comentários (829)
Termos e condições
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página