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Hamas acusa Israel de bloquear acordo sobre troca de prisioneiros
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da Folha Online
O movimento islâmico radical palestino Hamas acusou nesta terça-feira o governo de Israel de bloquear o acordo sobre a libertação de cerca de mil detentos palestinos em troca do soldado israelense Gilad Shalit, capturado em 2006. A imprensa israelense noticiou que um mediador alemão deve transmitir nesta terça-feira a resposta israelense sobre a proposta ao Hamas.
"O que aconteceu ontem [segunda-feira] no gabinete restrito do governo israelense é a prova de que Israel bloqueia e atrasa um acordo sobre a troca de prisioneiros", declarou Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas.
Jim Hollander02out.09/Efe |
Última aparição do soldado Shalit foi em um vídeo divulgado pela imprensa israelense |
Um grupo de sete ministros do governo israelense, presidido pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, realizou uma série de reuniões desde domingo (20) com os chefes dos organismos de segurança, para esclarecer se aceita ou não a troca proposta pelo Hamas através de mediadores do governo alemão.
Fontes governamentais citadas pela rádio pública israelense indicaram que na última das reuniões, que durou até a meia-noite desta terça-feira, Netanyahu chegou a uma "decisão de princípio' --mas que ainda estava pendente de "esclarecimentos" sobre qual será o destino dos presos palestinos.
Ao final da reunião noturna, o gabinete de Netanyahu divulgou uma nota em que se limitava a dizer que a equipe de negociação foi instruída a continuar seus esforços pela libertação do soldado Shalit.
"A divisão dentro do governo israelense bloqueia o acordo", disse o porta-voz do Hamas.
Egito e Alemanha tentam mediar uma eventual troca de prisioneiros, que pode incluir cerca de mil dos 10 mil palestinos detidos nas cadeias de Israel.
Informado sobre o andamento da reunião ministerial, Noam Shalit, pai do soldado, afirmou: "Ainda não estou otimista, mas tampouco estou pessimista."
Condições
O direitista Netanyahu está sob pressão de familiares de vítimas de atentados para não libertar os presos palestinos responsáveis por atos violentos. A imprensa israelense diz que ele cogita proibir assassinos condenados de voltarem a suas casas na Cisjordânia ocupada, um território próximo a cidades israelenses --a alternativa seria enviá-los para a faixa de Gaza ou outros países.
A fonte oficial que falou à Reuters na faixa de Gaza afirmou que o Hamas não deve abrandar suas exigências, e que qualquer acordo terá de ser aprovado por líderes do grupo no exílio.
A ONU (Organização das Nações Unidas) e potências ocidentais esperam que a troca abra caminho para um relaxamento do bloqueio israelense a Gaza, onde 1,5 milhão de palestinos dependem de ajuda alimentar e do contrabando para sobreviver.
Netanyahu, no entanto, não dá sinais de que atenuará as restrições após um acordo com o Hamas, grupo que rejeita as pressões ocidentais para reconhecer Israel e renunciar à violência.
Sequestro
Shalit foi sequestrado por comandos do Hamas, dos Comitês de Resistência Popular e de um desconhecido Exército Islâmico em 25 de junho de 2006, durante uma operação do Exército israelense na faixa de Gaza, segundo a versão palestina, e em sua base em território israelense perto do limite de Gaza, segundo a versão israelense.
Quando capturado, Shalit era cabo e tinha 19 anos. Ele foi promovido a sargento durante seu sequestro e estaria em alguma parte da faixa de Gaza, dominada pelo Hamas desde 2007, quando o secular Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, foi expulso do território à força.
Desde então, Shalit se transformou em tema central das negociações entre palestinos e israelenses, embora todas as tentativas feitas com mediação egípcia para conseguir sua libertação tenham fracassado. Em troca, os palestinos exigem a soltura de centenas de presos palestinos.
Com a mediação de Egito e Alemanha, o acordo avançou e há semanas a imprensa israelense noticia que a soltura está próxima. O Hamas chegou a divulgar recentemente o primeiro vídeo de Shalit no cativeiro. No passado, diálogos tinham rendido apenas o envio de algumas cartas e um áudio. Israel mantêm mais de 10 mil palestinos prisioneiros.
p(tagline), Com France Presse e Reuters
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