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28/01/2004 - 15h16

Presidente da BBC pede demissão; rede se desculpa pelo caso Kelly

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da Folha Online

O presidente da rede britânica de rádio e televisão BBC, Gavyn Davies, pediu demissão do cargo, informou o chefe do departamento político da rede, Andrew Marrao. A BBC apresentou desculpas por "algumas alegações errôneas" cometidas por seu jornalista Andrew Gilligan.

A rede referia-se à reportagem radiofônica de Gilligan veiculada no dia 29 de maio passado sobre o papel desempenhado pelo cientista David Kelly, segundo a qual um informe britânico sobre as armas de destruição em massa, que foi usado como justificativa da guerra contra o Iraque, foi exagerado.

No programa de 29 de maio Gilligan disse que o governo britânico inseriu no dossiê sobre as armas iraquianas a alegação de que Saddam Hussein possuía armas químicas e biológicas que poderiam ser acionadas em apenas 45 minutos.

A afirmação acabou gerando uma disputa entre a BBC e o governo britânico, que passa por sua pior crise de credibilidade desde que o premiê Tony Blair chegou ao poder, em 1997.

O juiz Brian Hutton inocentou hoje o governo de Blair de qualquer envolvimento no suicídio de Kelly, especialista britânico em armas de destruição em massa.

Alastair Grant/AP
Multidão manifesta-se em frente ao Palácio de Westminster, em Londres. Cartazes chamam o premiê Tony Blair de "mentiroso"
"A declaração citada pelo senhor Gilligan em 29 de maio de 2003 (de que o governo provavelmente sabia que a alegação dos 45 minutos estava errada antes de decidir colocá-la no dossiê) era infundada", disse Hutton.

"Falha"

O juiz declarou ainda que Kelly agiu incorretamente ao encontrar privadamente com Gilligan e quebrou regras que impedem contatos de funcionários do governo com a mídia porque ele não tinha recebido permissão de seu chefe para tal encontro.

Hutton disse que foi "falha" a atitude da BBC em relação à reportagem de Gilligan, dizendo que os editores da rede britânica falharam na checagem correta das alegações do repórter e não investigaram corretamente as reclamações sobre a reportagem feitas pelo governo.

O juiz afirmou estar certo de que ninguém envolvido no caso poderia prever que Kelly se suicidaria depois que foi apontado como a fonte anônima da reportagem da BBC.

Hutton também afirmou que a declaração da BBC de que o governo de Blair havia manipulado sua inteligência em um dossiê oficial sobre as armas do Iraque era "infundada". Ele refutou especificamente a declaração da BBC de que o governo havia alterado o documento para deixá-lo "mais sexy".

"Estou certo de que nenhuma das pessoas cujas decisões e ações eu descrevo mais tarde pensou que o doutor Kelly poderia se suicidar. Estou certo também de que nenhuma dessas pessoas falhou em não prever que o doutor Kelly poderia se suicidar", declarou Hutton em rede nacional de TV enquanto lia sua decisão de 328 páginas.

"Estou certo de que ninguém percebeu ou teria de perceber que as pressões e tensões a que o doutor Kelly foi submetido pelas decisões e ações tomadas nas semanas anteriores à sua morte poderiam levá-lo ao suicídio", declarou Hutton.

Com agências internacionais

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