Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/02/2010 - 10h59

Conservadorismo colide com avanço no mercado chinês

Publicidade

RAUL JUSTE LORES
da Folha de S. Paulo, em Pequim (China)

No ano passado, um debate entre feministas espanholas e chinesas no Instituto Cervantes de Pequim foi interrompido pela pergunta de uma universitária. "Vocês não acham que se quisermos nossos direitos, nos tornarmos muito exigentes, os homens vão fugir da gente?", perguntou uma jovem. "Não quero ficar sem marido."

Na China, que vivia nos anos 60 o caos da Revolução Cultural enquanto o Ocidente vivia sua revolução feminista, a questão ainda é atual.

Confúcio, o filósofo que viveu há 2.500 anos e criou o código moral chinês que vigorou até a chegada dos comunistas ao poder, está sendo reabilitado pelo Partido Comunista, especialmente por sua ênfase na obediência à hierarquia.

No livro 17 dos "Analetos", Confúcio dizia que "de todas as pessoas, as mulheres e os servos são os mais difíceis de se comportar. Se você dá intimidade a eles, perdem o seu respeito e a humildade."

A altíssima taxa de suicídios de mulheres no país, a mais alta per capita no mundo, acontece principalmente na zona rural, onde mulheres são abandonadas pelos maridos que migram para as cidades grandes e não suportam os maus tratos de sogros, dos quais tem que cuidar.

Porém, para a estudiosa Liu Bohong, as mudanças estão se acelerando: "Com a política do filho único, sobrou muito mais tempo para a mulher se dedicar à carreira e cada vez mais não se dedicam tanto a cuidar dos sogros, se vivem nas cidades".

Ela cita as operárias das fábricas no sul da China. "Lá todas as funcionárias são mulheres do campo, que ganham mais que seus pais e que não querem voltar para a casa para padecer num casamento arranjado. Apesar de pobres, têm um grau de independência, de sair com o namorado, de decidir a sua vida inédito no país."

Na mídia chinesa, apesar do conservadorismo das novelas locais, começam a surgir novos padrões de comportamento. A andrógina cantora Li Yuchun, 25, venceu um concurso na TV no estilo de American Idol e estrelou um filme de gângsteres, que foi a maior bilheteria em dezembro. Hu Shuli, 56, é a jornalista de maior prestígio do país e há 11 anos dirige revistas que ousam driblar a censura.

Entretanto --prova dos contrastes--, anúncios de emprego nos jornais ainda pedem candidatas "com voz suave, boas maneiras, boa aparência e mínimo de 1,66 m".

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página