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10/02/2010 - 11h34

Irã aumenta repressão e prende opositores na véspera de grande manifestação

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da Folha Online

A polícia iraniana prendeu nesta quarta-feira jornalistas e opositores como medida preventiva para evitar um cenário de protestos e distúrbios na celebração, amanhã, do 31º aniversário da Revolução Islâmica. Irã quer evitar as cenas de violência e tensão que seguiram a eleição em junho passado e ainda mais críticas da comunidade internacional --em meio à campanha por uma nova rodada de sanções contra o país pelo anúncio de enriquecimento de urânio.

Os sites da oposição, que conseguem burlar o rígido controle do governo, convocam os reformistas a voltarem às ruas nesta quinta-feira para protestar contra o governo do ultraconservador presidente, Mahmoud Ahmadinejad, cuja reeleição em 12 de junho foi duramente contestada pela oposição e levou aos piores distúrbios desde a Revolução Islâmica de 11 de fevereiro de 1979.

As autoridades alertam que a oposição vai encarar uma resposta firme se tentar transformar os eventos patrocinados pelo governo em manifestações. Teerã quer mostrar as celebrações dos 31 anos da Revolução, que derrubou o último xá de Pérsia, Mohammed Reza Pahlevi, como um sinal de unidade e "um soco na cara" dos seus inimigos ocidentais.

Eventos serão realizados em todo o país, mas a principal marcha será na Praça Azadi, em Teerã, onde Ahmadinejad deve discursar para uma plateia de dezenas de milhares.

Para impedir a oposição de se organizar e enviar imagens para fora do país, as autoridades iranianas já reduziram a velocidade da internet em todo o país e estão dificultado, principalmente, o acesso às contas de e-mail. A imprensa internacional é proibida de cobrir os manifestos, ignorados pela imprensa estatal.

Prisões

Segundo o jornal pró-reformista "Etemad", nas últimas 48 horas foram detidos cerca de 15 estudantes e três jornalistas. Dias antes, outros dois jornalistas já tinham sido detidos.

Na contagem do "Etemad", os novos prisioneiros elevam para 65 o número de jornalistas e blogueiros detidos no Irã nos últimos meses. O número é confirmado pela organização Repórteres sem Fronteiras.

Segundo a imprensa reformista, parentes dos principais líderes da oposição também sofrem com a repressão do regime islâmico. Saleh Noghrekar, sobrinho do candidato presidencial derrotado e Mir Hossein Mousavi e coordenador do escritório de aiatolá Dori Nyafabadi, também foi detido.

Na noite desta terça-feira, agentes da Alfândega apreenderam o passaporte de Hossein Karoubi, filho do também opositor Mehdi Karoubi, quando aquele desembarcou no Aeroporto Internacional Imame Khomeini vindo de Dubai. Hossein agora terá de se apresentar no Ministério da Inteligência no prazo de 48 horas para responder a uma série de perguntas, afirma o "Etemad".

Diante da nova onda de detenções, a oposição parlamentar programou para esta quarta-feira, em caráter de urgência, uma sessão especial para debater o assunto.

Pressão externa

Confrontos no dia de celebração da Revolução serão vistos como um duro golpe ao governo linha-dura de Teerã, que já enfrenta crescente pressão internacional depois de ter anunciado a expansão de seu programa nuclear com a construção de dez usinas até 2011 e o enriquecimento de urânio a 20%.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta terça-feira que a comunidade internacional está se movendo "consideravelmente rápido" para impor sanções ainda mais duras ao Irã.

Apesar do apoio declarado da França e velado da Alemanha e do Reino Unido, os EUA enfrentarão resistência da China --que prefere defender o diálogo com o risco de perder importante parceiro comercial e fornecedor de petróleo.

Para que uma nova rodada de sanções seja aprovada no Conselho de Segurança da ONU, os EUA têm que conseguir nove dos 15 votos do Conselho de Segurança e nenhum veto dos cinco membros permanentes --os próprios EUA, China, Rússia, Reino Unido e França.

Mesmo entre os membros rotativos, os EUA devem encontrar resistência. O Brasil argumenta que uma nova sanção "é improvável e seria ineficaz", segundo reportagem da Folha de S. Paulo.

Mesmo se convencerem a China e a Rússia e as sanções forem adotadas, a previsão brasileira é de que seriam "ineficazes", porque já há um cerco ao país, e o regime tem resistido a ele.

O Brasil, segundo a Folha apurou, deve se abster em uma possível votação no Conselho de Segurança. A decisão final, no entanto, só será tomada uma vez que o país tenha conhecimento do teor da proposta de resolução. E até agora, nenhum texto circula entre os membros do organismo.

Com Efe, Reuters e Folha de S. Paulo

 

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