EUA e América do Sul devem acabar com a desconfiança, diz Jobim

Em visita oficial a Washington, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, se encontrou hoje com o seu colega americano, Robert Gates, e defendeu a necessidade de que os Estados Unidos e a América do Sul acabem com a desconfiança mútua.

"O que disse a ele é que há a necessidade de aproximar de alguma forma os EUA e a América do Sul, porque a desconfiança existe. Precisamos criar progressivamente medidas de produção de confiança", disse Jobim a jornalistas.

O ministro da Defesa, que também se reuniu no Pentágono com o chefe do Estado-Maior Conjunto americano, almirante Mike Mullen, disse que o Brasil está disposto a "colaborar" nessa aproximação.

O brasileiro disse acreditar que um dos temas que gera desconfiança é a conflituosa relação entre os EUA e Cuba, mas negou que o assunto tenha sido discutido na reunião de hoje. Ele também disse não ter abordado o desconforto causado pelo envio de americanos para bases militares na Colômbia.

Os dois, por outro lado, conversaram sobre os cerca de 30 caças que serão comprados pelo Brasil --que, por sua vez, estuda propostas da empresa americana Boeing (pelos F-18 Super Hornet), da francesa Dassault (Rafale) e da sueca SAAB (Gripen NG).

O Brasil exige que o acordo de compra dos aviões militares inclua capacitação e transferência de tecnologia. Lula já manifestou "sua predisposição política pela França", nação que oferece "uma transferência de tecnologia global", disse Jobim. Em carta enviada pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ao chanceler Celso Amorim, os EUA se comprometeram a transferir informações "relevantes" e de tecnologia "necessária", porém o ministro disse que esses adjetivos podem ter várias interpretações.

Jobim e Gates também debateram a ajuda ao Haiti.

O encontro com Gates foi a última atividade da visita do ministro a Washington, que começou segunda-feira, na sede da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York. Conforme o ministro brasileiro, Gates retribuir a visita com uma viagem ao Brasil em abril que vem.