Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
08/03/2010 - 11h33

Vaticano diz estar horrorizado com massacre de 500 cristãos na Nigéria

Publicidade

da Folha Online

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, manifestou nesta segunda-feira "dor e preocupação" pelos "horríveis" episódios de violência na Nigéria, onde mais de 500 moradores de aldeias cristãs da etnia berom foram mortos em um ataque violento de pastores muçulmanos da etnia fulani.

O ataque é o mais recente episódio do confronto étnico-religioso na região, que opõe agricultores cristãos e animistas a pastores muçulmanos fulanis na disputa pela exploração de terras.

Lombardi não quis comentar a natureza religiosa dos confrontos, mas reiterou as palavras do arcebispo nigeriano da capital Abuja, John Onaiyekan --que assegurou em uma entrevista à emissora de rádio da Santa Sé que "não se mata por causa da religião, e sim por reivindicações sociais, econômicas, tribais e culturais".

"Se trata do clássico conflito entre pastores e agricultores, só que os fulani são muçulmanos e os berom são cristãos", afirmou o arcebispo.

Onaiyekan afirmou ainda que a Igreja Católica nigeriana continua trabalhando para promover as boas relações entre as duas religiões e criticou o governo "que tem que garantir a segurança de todos os cidadãos, mas não tem capacidade de fazê-lo".

O ataque, perto de Jos, no norte da Nigéria, deixou ao menos 500 mortos, segundo balanço informado pelo porta-voz do governo do Estado de Plateau, Gregory Yenlong. O balanço foi confirmado por Dan Majang, responsável pela comunicação do Estado de Plateau, citado pela agência de notícias France Presse.

Armados com revólveres, metralhadoras e machados, pastores da etnia fulani invadiram casas das cidades de Dogo Na Hauwa, Ratsat e Jeji neste domingo e mataram todos que encontraram pela frente.

Em apenas três horas, centenas de pessoas, entre elas muitas mulheres e crianças, foram mortas e queimadas, segundo testemunhas, que descrevem cenas de horror e violência.

Majang disse que 95 pessoas foram detidas depois do ataque. Testemunhas citadas pelo jornal "The Nation" disseram que os criminosos eram entre 300 e 500.

A hipótese das autoridades é de que o massacre, ocorrido a menos de 2 quilômetros da casa do governador de Plateau, Jonah Jang, tenha sido resposta dos pastores aos confrontos religiosos de janeiro passado --que deixaram 326 mortos. O incidente foi considerado pelos membros da etnia fulani uma ação organizada dos cristãos para assassinar muçulmanos.

O governo de Plateau anunciou um funeral coletivo para as vítimas. O presidente interino da Nigéria, Goodluck Jonathan, se reuniu com as agências de segurança do Estado e afirmou que os soldados estão em alerta vermelho.

O massacre aconteceu mesmo com a imposição de um toque de recolher, que vigora na região das 18h às 6h desde janeiro passado.

Os conflitos envolvendo cristãos e muçulmanos na Nigéria deixaram mais de 12 mil mortos desde 1999, quando foi implantada a sharia (lei islâmica) em 12 Estados do norte do país.

Relato

Peter Gyang, morador de Dogo Nahawa, a aldeia mais afetada, perdeu sua mulher e dois filhos no ataque. "Eles fizeram disparos para assustar as pessoas e logo as mataram a machadadas", disse ele a jornalistas.

"O ataque começou aproximadamente às 3h e durou até às 6h. Não vimos nenhum policial", disse.

Shamaki Gad Peter, responsável por uma organização defensora dos direitos humanos em Jos, disse que o ataque era "aparentemente" coordenado. "Os criminosos lançaram ataques de forma simultânea. Muitas casas foram queimadas", disse Peter, depois de visitar três aldeias.

"O nível de destruição é enorme", completou.

Moradores citados pelo jornal "The Guardian" disseram que centenas de corpos ainda estavam nas ruas neste domingo, horas após o ataque.

Com Efe e France Presse

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página