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Oposição aprova voto de solidariedade a dissidentes cubanos no Senado
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GABRIELA GUERREIRO
da FolhaNews, em Brasília, DF
A oposição aprovou nesta quinta-feira requerimento, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, com voto de solidariedade da Casa aos presos políticos de Cuba. O gesto de senadores do PSDB é uma resposta às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que condenou o uso da greve de fome por dissidentes e os comparou a bandidos de São Paulo.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o presidente Lula não pode misturar sua amizade com o ex-ditador de Cuba Fidel Castro com a defesa de um regime ditatorial.
"O Brasil tem alguns princípios dos quais ele nunca se afastou nem no período do regime militar: o princípio da não-intervenção, da autodeterminação dos povos. Isto vem de governo para governo como um patrimônio da diplomacia brasileira. O Brasil achou que podia intervir nos negócios internos de Honduras. Muito bem. Agora, há outros princípios que o Brasil tem que observar, como a democracia. A amizade fica em quinto plano", afirmou.
Na opinião de Virgílio, o Brasil "não pode tolerar tortura, não poder estimular ditaduras e nem prestigiar ditadores".
Virgílio disse ainda que Cuba é uma "ditadura deslavada" ao manter presos políticos depois de cinquenta anos de sua implantação.
Em defesa de Lula, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o petista está em "condição excepcional de, ao mesmo tempo em que defende o fim do bloqueio dos Estados Unidos a Cuba, defender também a ampliação das liberdades democráticas da pessoa humana" no país caribenho.
O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), criticou o fato de Lula elogiar democracias espalhadas ao redor do mundo, mas defender o regime cubano. "Democracia tem padrão universal: ou é democracia ou não é, ou então é farsa, ou são dois pesos e duas medidas. A democracia que o primeiro-ministro Gordon Brown defende para o mundo tem de ser a mesma de Fidel Castro, de Lula, de Zelaya, de todos eles, e não dois pesos e duas medidas, muito menos que o Brasil se apresente no plano internacional da forma defeituosa como está se apresentando", afirmou.
Polêmica
Em entrevista à agência Associated Press, Lula pediu respeito às decisões da Justiça cubana e condenou o uso da greve de fome por dissidentes como instrumento para serem libertados da prisão.
"Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade."
Ontem, a oposição acusou o governo federal de impedir na Câmara a votação de moção do Legislativo que lamenta a morte do dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo após greve de fome.
O texto também condena os atos de desrespeito aos direitos humanos praticados pelo regime de Cuba. Segundo a oposição, deputados governistas esvaziaram a reunião da Comissão de Relações Exteriores da Casa que votaria a moção para evitar desgastes sobre o tema --depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o uso da greve de fome por dissidentes como instrumento para serem libertados da prisão.
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