Vietnã libera padre dissidente preso para tratamento médico

O padre católico Thadeus Nguyen Van Ly, 63, um dos líderes do movimento dissidente vietnamita e defensor dos direitos humanos, foi libertado da prisão para receber tratamento médico para seu tumor cerebral.

"Não é uma libertação", explicou o padre Ly, reconhecido como preso de consciência pelo Parlamento Europeu.

Ly foi condenado a oito anos de prisão e mais cinco anos de prisão domiciliar em 2007 por difundir propaganda contra o Estado. Em um julgamento dramático, polícia o acusou de gritar slogans anticomunistas e acusar os oficiais vietnamitas de praticar "a lei da selva".

Ele cumpriu três anos e sua libertação é válida por um ano.

O padre contou ao deixar a prisão que sua saúde piorou muito desde que foi preso e que sofreu três ataques cardíacos --em maio, julho e novembro de 2009.

"Na terceira vez, me enviaram a um hospital policial em Hanoi. Disseram que tinha duas artérias do coração obstruídas, mas o mais sério foi que descobriram que tenho um tumor de 2,5 centímetros no cérebro, no lado esquerdo", disse à Radio Free Asia.

O ativista disse ainda que os médicos que o examinaram acreditam que o tumor pode estar afetando os nervos e causando paralisia no lado direito do corpo.

Ly pediu ainda que sua pena cancelada definitivamente. "Minha sentença foi injusta e não civilizada", disse. "Eu nunca me considerei um prisioneiro, mas um prisioneiro da minha consciência".

Ly foi libertado às 4h desta segunda-feira da prisão de Ba Sao e, no mesmo dia, chegou em sua casa, em Hue, na região central do Vietnã.

No momento, seus planos são deixar que sua família cuide dele e inteirar-se do que ocorreu no mundo durante sua pena --já que era proibido de ler jornais.

O padre Ly, candidato ao prêmio Sajarov em 2009, passou 16 anos na prisão nas últimas três décadas por defender reformas democráticas no Vietnã.