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04/04/2010 - 19h07

Na Páscoa, presidente do Peru defende papa e a Igreja Católica

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da Ansa, em Lima
colaboração para Folha Online

Em meio aos escândalos de pedofilia enfrentados pela Igreja Católica em plena Páscoa, o presidente peruano, Alan García, repudiou hoje os questionamentos feitos nos últimos dias sobre o papel da instituição diante das denúncias de abusos sexuais, e reiterou o seu apoio ao papa Bento 16.

"Que este ambiente de descrença que quiseram vender sobre uma fé, duplamente milenar, sobre uma instituição que soube servir à história da humanidade com esperança, não prospere e nem prevaleça. Que não caia sobre o Vaticano e nem sobre o Santo Padre a má prédica dos sepulcros que Cristo denunciava", declarou García.

Antes, ao assistir à missa de Páscoa na catedral de Lima, presidida pelo cardeal Juan Luis Cipriani, García também saiu em defesa do líder católico. No momento em que o religioso referia-se ao papa, García ergueu o braço e pediu aclamação ao pontífice.

Por sua vez, Cipriani pediu em seu sermão proteção à imagem de Bento 16 frente ao que chamou de uma "campanha suja" empreendida por alguns setores da sociedade.

A declaração do chefe de Estado peruano vem em defesa da imagem do papa, cuja renúncia já foi cogitada por diversos críticos após a eclosão de episódios de abusos sexuais que envolvem sacerdotes e padres em vários países -- como Estados Unidos, França, Suíça, Alemanha e Irlanda, onde religiosos já foram condenados.

A acusação contra Bento 16 foi lançada nos últimos dias pelo jornal norte-americano "The New York Times", que denunciou que o então cardeal Joseph Ratzinger teria conhecimento dos abusos sexuais cometidos por um membro da Arquidiocese de Munique e Freising, comandada por ele na época.

Posteriormente, ainda segundo o NYT, quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cargo que exerceu até assumir o Pontificado, Bento 16 também não puniu um religioso pedófilo, depois que este alegou arrependimento.

Apoio de fieis

Também em Roma houve apoio ao papa neste domingo, na Praça de São Pedro. Dezenas de milhares de fieis que se reuniram para seguir a tradicional mensagem de Páscoa defenderam a Igreja e o papa frente aos escândalos de pedofilia e denunciaram uma suposta "instrumentalização" dos escândalos.

Reuters
O papa Bento 16 abençoa multidão em missa da Páscoa, onde pediu por "mudanças profundas" no mundo
O papa Bento 16 abençoa multidão em missa da Páscoa, onde pediu por "mudanças profundas" no mundo

"Apesar do fenômeno ser grave, existe alguma instrumentalização", disse o italiano Marino, que viajou de Turim (norte da Itália), com toda a família, para passar a Semana Santa em Roma.

Mesmo com a chuva fina e o céu cinza que cobriram a capital italiana, a família participou da bênção de Páscoa na enorme esplanada, ao lado de milhares de pessoas de diversas nacionalidades.

Para o italiano é preciso distinguir entre atos isolados e a reputação da Igreja Católica enquanto instituição. "A Igreja é formada por homens e, entre eles, alguns que cometem erros. O importante é que não os protejam", afirmou Marino, que considera que "a fé não tem nada a ver com os comportamentos de algumas pessoas".

Sob uma maré de guarda-chuvas de todas as cores, e depois de o decano dos cardeais abrir a cerimônia com uma mensagem inédita de solidariedade a Bento 16 o fiel Edgard Meier se recusou a relacionar a pedofilia com a Igreja Católica.

"Não é algo típico da Igreja", afirmou Meier, que, assim como o papa, é nascido na Alemanha, país onde se multiplicaram nas últimas semanas as revelações de casos de abusos sexuais a crianças ocorridos durante décadas.

"Os jornalistas ampliaram o assunto, porque na realidade não é um fenômeno tão considerável", comentou.

O papa condenou em diversas ocasiões os abusos e escreveu há 10 dias uma importante carta pastoral aos católicos irlandeses, onde reconheceu a responsabilidade da Igreja Católica pelos abusos cometidos por sacerdotes e religiosos pedófilos nesse país.

No entanto, o pontífice continua sendo alvo das acusações de ter acobertado casos quando foi arcebispo de Munique e também durante o tempo que foi prefeito da Doutrina da Fé, um período de 25 anos no total.

"É um problema que se pode encontrar em todas as instituições fechadas, tanto de homens como de mulheres", afirmou a russa Nataliya Tkachenko, que acompanhava um grupo de alemães.

Entre os presentes também houve manifestações críticas à Igreja.

A alemã Claudia Binion, que faz doutorado sobre o tema "Igreja e Medicina", foi taxativa: "Acredito que o papa deveria renunciar porque está envolvido pessoalmente".

"Para aqueles que têm essas tendências, a Igreja é o melhor lugar, pois se dedica a formar jovens, e assim, eles podem ficar escondidos e protegidos", concluiu.

Momento difícil

A Semana Santa, que celebra a morte e ressurreição de Cristo, aconteceu em um momento difícil para a Igreja.

Além dos escândalos de pedofilia que surgiram em diversos países, mas sobretudo nos Estados Unidos e na Alemanha, a Igreja enfrentou polêmicas como a do líder anglicano Rowan Williams, que acusou a Igreja Católica irlandesa de ter perdido "toda a credibilidade", e também teve que lidar com críticas de todo o mundo após uma comparação entre as reações aos casos de abusos com o antissemitismo.

A situação é tão delicada que o pregador da Casa Pontifícia, o franciscano Raniero Cantalamessa, teve que pedir desculpas públicas pelo sermão pronunciado na Sexta-Feira da Paixão, no qual comparou as acusações contra o papa e a Igreja Católica com as perseguições sofridas pelos judeus.

"Se, sem querer, feri a sensibilidade dos judeus e das vítimas de pedofilia, lamento sinceramente e peço desculpas, reafirmando minha solidariedade com uns e outros", afirmou Cantalamessa ao jornal "Corriere della Sera".

Durante toda a Semana Santa, os meios de comunicação da Santa Sé, o jornal "L'Osservatore Romano" e a Rádio Vaticano, divulgaram mensagens de apoio ao Papa e condenação ao que chamaram de "campanha de propaganda vulgar" contra a maior autoridade dos católicos.

 

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