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17/04/2010 - 15h01

Cardeal diz que João Paulo 2º autorizou elogios a padre que encobriu caso de pedofilia

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da Ansa, em Roma

O cardeal colombiano Darío Castrillón Hoyos afirmou que o papa João Paulo 2º o havia "autorizado" a enviar uma carta com elogios a um religioso que não denunciou um caso de pedofilia na França.

Segundo publicou hoje o jornal espanhol "La Verdad", ao participar de uma conferência na região de Murcia, o cardeal -- que na época comandava a Congregação para o Clero -- explicou que só tomou a decisão "depois de consultar o papa e mostrar a carta a ele".

No texto, divulgado na última semana pelo site francês Golias.fr, Castrillón Hoyos cumprimentava o então bispo de Bayeux-Lisieux, Dom Pierre Pican, "por [ele] não ter denunciado um sacerdote [pedófilo] à administração civil". "Você atuou bem", dizia a carta enviada ao padre.

"Me alegra ter um irmão no episcopado que, frente aos olhos da história e dos demais bispos do mundo, preferiu enfrentar a prisão" a denunciar um padre acusado de pedofilia, continuava o religioso na correspondência, que teria sido escrita em 8 de setembro de 2001.

"O Santo Padre [na época Karol Wojtyla] me autorizou a enviar essa carta a todos os bispos do mundo e a colocamos na internet", complementou o cardeal, que, ainda segundo a publicação, teria sido aplaudido pelos presentes no evento.

Crise

O fato se soma às recentes denúncias contra membros do clero por terem cometido ou encoberto episódios do tipo em diversos países, acusações que têm abalado a Igreja Católica.

Na quinta-feira passada o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, criticou duramente o texto do religioso, afirmando que aquela "carta não representa de nenhum modo a linha adotada pela Santa Sé".

"Ao contrário, mostra quão necessário era unificar sob as competências da Congregação para a Doutrina da Fé um exame rigoroso e unitário dos casos de abusos sexuais", o que ocorrera no mesmo ano com a atualização do Motu Próprio [ato pontifício por excelência] sobre os "delicta graviora" [os crimes mais graves que pode cometer um sacerdote], complementou Lombardi.

Pierre Pican foi condenado a três meses de prisão por ter encoberto o padre René Bissey que, por sua vez, foi condenado a 18 anos por abusar sexualmente de pelo menos nove meninos.

 

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