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24/04/2010 - 09h28

Premiê rejeita proposta dos camisas vermelhas e mantém tensão na Tailândia

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da Reportagem Local

Os milhares de manifestantes, conhecidos como camisas vermelhas, que exigem a dissolução do Parlamento tailandês em 30 dias, receberam neste sábado, atrás de barreiras feitas com pneus e bambu, a recusa do governo à oferta de negociar uma saída pacífica da crise política.

A proposta dos camisas vermelhas, que montaram um acampamento no coração financeiro da cosmopolita capital Bancoc, consiste em acabar com a ocupação em troca da dissolução do Legislativo pelo Executivo em 30 dias, e não imediatamente como exigiam anteriormente.

"Rejeitamos porque eles usam de violência e intimidação, e isso é inaceitável", disse o primeiro-ministro, Abhisit Vejjajiva, que tem feito pouco para encerrar de uma vez as seis semanas de protestos, ocupação e confrontos entre manifestantes e forças de segurança que já deixaram 26 mortos e mais de mil feridos.

"O ultimato de 30 dias não é o problema. Uma dissolução do Parlamento deve ser feita pelo bem de todo o país e não apenas pelo dos camisas vermelhas, e isto deve acontecer no momento apropriado", completou o premiê. "A concessão deles busca apenas captar a atenção da imprensa estrangeira".

Ao menos 45 granadas e artefatos explosivos explodiram na capital tailandesa e em Províncias vizinhas desde que, em 14 de março, os camisas vermelhas retomaram os protestos e mobilizaram mais de 100 mil pessoas.

A primeira negociação entre os camisas vermelhas e o Governo para chegar a um acordo fracassou porque os líderes da mobilização recusaram a proposta do primeiro-ministro de convocar eleições antecipadas para o fim deste ano.

Pacífico

O chefe do Exército e principal responsável da segurança na capital, general Anupong Paochinda, descartou na sexta-feira passada o uso da força para dispersar os manifestantes, o que despertou a ira dos grupos de partidários governamentais e dos chamados camisas amarelas, da corte conservadora e monárquica.

No entanto, o porta-voz do organismo criado para supervisionar a segurança na capital, coronel Sansern Kaewkamnerd, disse em entrevista coletiva, sem dizer como nem quando, que os milhares de manifestantes serão dispersados, assim como suas armas apreendidas e o acampamento desfeito.

"O que vamos fazer é identificar os terroristas existentes entre os camisas vermelhas. Não vamos usar a força contra os manifestantes, mas isso não quer dizer que não vamos dispersá-los", apontou o porta-voz militar.

Enquanto isso, o governo e o Exército mantêm silêncio sobre os planos para lidar com os manifestantes e acabar com a crise, os chefes dos protestos insistem com o primeiro-ministro que aceite a oferta e adverte que os rebeldes combaterão às tropas no caso de uma operação de despejo do centro da capital.

"Se o primeiro-ministro rejeitar nossa oferta, nós vamos continuar lutando", advertiu Natthawut Saikuea, um dos chefes dos camisas vermelhas em discurso aos correligionários.

Segundo outro importante líder da mobilização, Jatuporn Prompan, o primeiro-ministro deu ordem neste sábado ao chefe do Exército e responsável pela segurança em Bancoc, general Anupong Paochinda, de usar a força para dispersar os manifestantes.

"Disse o primeiro-ministro ao general Anupong que não vai dissolver o Parlamento, nem negociar com a Frente. Quer que o Exército disperse os camisas vermelhas", disse Prompan ao jornalistas.

Histórico

A atual turbulência é sintoma de uma prolongada crise política que opõe, de um lado, os militares, os monarquistas e a elite urbana --que usam amarelo nos protestos e apoiam o atual premiê Abhisit Vejjajiva; e do outro os seguidores de Thaksin, identificados pela cor vermelha, oriundos principalmente das classes trabalhadoras rurais, e que se sentem alienados pelo governo.

Arte Folha

Thaksin, derrubado em 2006 em um golpe de Estado apoiado pelos camisas amarelas, foi condenado in absentia por corrupção e abuso de poder. Ele nega as acusações do exílio autoinfligido em Dubai.

Dois anos depois, os apoiadores de Thaksin voltaram ao poder por três meses. Na ocasião, confrontos entre apoiadores e opositores de Thaksin resultaram na ocupação e fechamento dos dois principais aeroportos de Bancoc por uma semana.

Há pouco mais de uma semana ele perdeu US$ 1,4 bilhão da sua fortuna pessoal estimada em US$ 2,3 bilhões após a Justiça tailandesa concluir que esse dinheiro teve origem ilegal. Os seus simpatizantes afirmam que o julgamento foi político.

Antes de tornar-se primeiro-ministro, Thaksin já era bastante rico e possuía, entre outros negócios, a companhia de telecomunicações Shin Corp. A empresa foi vendida ao fundo soberano Tamasek, de Cingapura, em janeiro de 2006, numa operação controversa que acabou desencadeando os protestos que resultaram em sua queda.

 

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