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Três líderes da oposição se entregam; governo critica "crime organizado"
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da Reportagem Local
Mais três líderes do movimento de oposição dos camisas vermelhas se entregaram à polícia nesta quinta-feira, em meio aos esforços do governo da Tailândia para retomar a ordem após um dia de caos, distúrbios e incêndios. O governo quer processar todos os líderes pelo que classificou de "crime organizado".
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"Nós estamos confiantes de que nos próximos dias a paz e civilidade voltarão à Tailândia", disse o porta-voz do governo, Panitan Wattanayagorn. "Nós entendemos a frustração deles, mas a violência que ocorreu ontem à noite estava além da frustração. Era crime organizado".
Segundo o jornal "The Bangkok Post", Veera Musikhapong, Weng Tojirakarn e Korkaew Pikulthong, líderes da Frente Unida pela Democracia e Contra a Ditadura, se entregaram a polícia na Divisão de Supressão ao Crime.
Fayaz Kabli/Reuters | ||
Funcionários limpam região onde camisas vermelhas passaram semanas acampados em Bancoc, Tailândia |
Korkaew emitiu um comunicado pedindo aos camisas vermelhas em todo o país a pararem com os protestos e para as tropas pararem de atirar nas pessoas.
Nesta quarta-feira, outros líderes --Natthawut Saikua, Jatuporn Prompan, Wiphutalaeng Pattanaphumthai, Nisit Sinthuprai e Kwanchai Praipana-- também se entregaram com pedidos para que os camisas vermelhas encerrem os protestos.
Apesar das autoridades terem restaurada a ordem em boa parte de Bancoc nesta quinta-feira, a paz ainda é frágil e há dúvidas de que os camisas vermelhas efetivamente desistiram dos protestos.
Milhares de manifestantes, a maioria da classe rural, deixaram o acampamento no coração financeiro de Bancoc, mas os conflitos e ao menos 75 mortos em dois meses deixam temores de confrontos.
A Tailândia viu poucos momentos de tanta violência em sua história. "Tailândia se tornou uma nação profundamente dividida, e apesar de considerar uma guerra civil ainda prematura, há alto risco de que os confrontos civis e violência política não serão contidos", disse Danny Richards, analista da Unidade de Inteligência Econômica.
Toque de recolher
Por precaução, o governo da Tailândia decidiu estender até o próximo domingo (23) o toque de recolher em Bancoc e outras 23 Províncias no norte e nordeste do país.
A capital tailandesa amanheceu com alguns tiros isolados e milhares de militares em patrulha para evitar a repetição dos distúrbios e incêndios causados pelos camisas vermelhas e que acabaram com 14 mortos na véspera.
Kerek Wongsa/Reuters | ||
Turistas visitam o Central World, que teve parte incendiada pelos camisas vermelhas, em Bancoc, Tailândia |
O Exército assumiu o controle do centro de Bancoc, mas vários militantes armados continuam escondidos em diversos edifícios, segundo o porta-voz militar Sunsern Kaewkumnerd.
O governo decretou um nove toque de recolher para as noites de quinta-feira, sexta-feira e sábado em Bancoc e outras 23 províncias, para impedir que os distúrbios alcancem as áreas agrícolas --reduto do movimento de oposição.
O porta-voz do centro de operações para a segurança, general Dittaporn Sasasmith, indicou nesta quinta-feira em entrevista coletiva que a medida estará em vigor a partir das 21h locais (11h de Brasília) até 5h do dia seguinte (19h em Brasília).
O porta-voz do Exército, coronel Sansern Kaewkamnerd, disse que a medida seguia sendo necessária apesar de já estar causando "muitas inconveniências" às pessoas.
Os serviços de emergência divulgaram um balanço atualizado da violência de quarta-feira, que terminou com 14 mortos e 91 feridos.
Muitas das vítimas morreram nos confrontos no acampamento de cerca de 3 km¦ no coração financeiro de Bancoc. Nesta quarta-feira, o Exército realizou uma operação para acabar com a ocupação e que levou à rendição dos líderes dos manifestantes.
Templo
Na manhã desta quinta-feira, milhares de manifestantes abandonaram um templo budista de Bancoc, um dos últimos refúgios dos camisas vermelhas. Muitas mulheres e crianças haviam se refugiado no local, declarado "zona protegida" diante da iminência de uma operação militar.
Eles foram expulsos pela polícia, que encontrou seis corpos no local.
Um jornalista italiano faleceu e outros quatro repórteres estrangeiros foram feridos.
A crise, que começou com manifestações pacíficas em março, deixou até o momento ao menos 75 mortos e 1.800 feridos, um balanço mais grave que o dos confrontos de 1992, que provocaram 50 mortes.
Os bombeiros conseguiram controlar nesta quinta-feira o incêndio no Central World, um dos maiores shoppings da Ásia, mas uma parte do centro comercial começou a desabar, segundo a polícia.
A Bolsa de Bancoc, vários shoppings e a sede de um canal de televisão, do qual foram retiradas cem pessoas presas no incêndio, prosseguiam em chamas na manhã desta quinta-feira, segundo os bombeiros.
Na região nordeste, os manifestantes incendiaram dois prédios de governos provinciais.
Estados Unidos, ONU, União Europeia e Japão condenaram a violência e pediram uma solução pacífica.
O primeiro-ministro tailandês, Abhisit Vejjajiva, que tinha a renúncia exigida pelo movimento, pediu a confiança do país para superar a crise.
Com agências internacionais
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