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21/05/2010 - 10h33

Premiê tailandês diz que ordem foi restaurada e pede "reconciliação"

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Colaboração para a Folha

O primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, disse nesta sexta-feira em discurso na TV que a ordem foi restaurada e pediu reconciliação para ajudar a resolver as divisões políticas no país que levaram à violência generalizada nos últimos dois meses.

Os manifestantes "camisas vermelhas" acusam Abhisit de chegar ao poder de forma ilegítima. Os protestos começaram no meio de março pedindo sua renúncia, a dissolução do Parlamento e eleições imediatas.

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Sakchai Lalit/AP
Soldado tailandês em frente ao maior shopping center do país, o Central World, que foi alvo de incêndio
Soldado tailandês em frente ao maior shopping center do país, o Central World, que foi alvo de incêndio

"Restauramos a ordem em Bangcoc e nas províncias da Tailândia", declarou Abhisit em um discurso exibido na televisão, dois dias após a invasão militar do bairro do centro da capital que era ocupado pelos manifestantes antigovernamentais desde o início de abril. A medida enérgica foi o auge de dois meses de violência, que deixou ao menos 83 mortos e mais de 1.800 feridos.

O premiê também prometeu uma investigação independente sobre "todos os acontecimentos" envolvendo os protestos antigovernistas. "Caros cidadãos. Nós todos vivemos na mesma casa. Agora, nossa casa foi danificada. Temos que ajudar uns aos outros", disse o premiê.

"Podemos certamente consertar prédios e infraestrutura danificados, mas o importante é curar as feridas emocionais e restaurar a unidade entre o povo tailandês", disse em discurso emocionado, que contrasta com seu estilo tipicamente acadêmico.

Abhisit reconheceu o "enorme desafio" em superar as diferenças, mas disse que isso pode ser feito por meio de um plano de reconciliação anunciado anteriormente, que inclui cinco pontos. "Esse plano é baseado no princípio da participação, democracia e justiça", disse. Inclui reforma econômica e na mídia, e pretende reduzir as diferenças sociais e econômicas na sociedade tailandesa, que motivaram os protestos.

Em seu discurso, porém, Abhisit não mencionou novas eleições, a principal demanda dos manifestantes 'camisas vermelhas'.

Porém, mais cedo nesta sexta-feira, o ministro das Finanças da Tailândia, Korn Chatikavanij, disse que a promessa de eleições em 14 de novembro estava em suspenso até que os ânimos políticos se acalmem e a situação de segurança seja estabilizada.

"Temos que assegurar que os ânimos esfriaram a ponto de que os candidatos de todos os partidos se sentirem seguros para fazer campanha em qualquer lugar do país. Francamente, não nos sentiríamos seguro para isso hoje", disse ele, em Tóquio.

Ação do Exército

Uma ação enérgica do Exército para dissolver o primeiro acampamento dos "camisas vermelhas" deixou 25 mortos em 10 de abril. Outros 15 morreram nesta quarta-feira (19), quando soldados e veículos blindados foram em direção ao segundo acampamento dos manifestantes. Confrontos na semana anterior causaram 39 mortes, e quatro pessoas morreram em outros atos de violência relacionados.

AP
Manifestantes antigoverno levantam armas ao deixar acampamento no coração financeiro de Bancoc (Tailândia)
Manifestantes antigoverno levantam armas ao deixar acampamento no coração financeiro de Bancoc (Tailândia)

Na última ofensiva contra os manifestantes antigoverno, no início da manhã desta quarta-feira (horário local), os soldados apertaram o cerco contra os manifestantes em Bancoc. Tanques de guerra foram posicionados na área onde cerca de 3.000 manifestantes antigoverno estava acampados há seis semanas. Após avisarem com megafone que iriam desocupar a área, o Exército destruiu as barricadas e ocupou a área.

Quando os soldados cercaram a principal área dos protestos, os líderes do movimento ofereceram sua rendição, embora muitos seguidores pedissem --muitos chorando-- que eles continuassem lutando. Disparos eram ouvidos próximos dali.

Jatuporn Prompan, Natthawut Saikua, Weng Tojirakarn, Wiphuthalaeeng Pattanaphumthai, Korkaew Phikulthong, Yosvaris Chuklom e Nisit Sinthuprai se entregaram no quartel da Polícia Real Tailandesa.

Pouco antes, Prompan afirmou aos camisas vermelhas que o gesto visava evitar mais mortes.

"Eu peço desculpas a todos vocês, mas eu não quero mais nenhuma perda. Eu estou devastado também. Nós vamos nos entregar", disse. Ele anunciou ainda o fim dos dois meses de protestos contra o governo.

O porta-voz militar, o coronel Sansern Kaewkamnerd, disse que as tropas estavam reunindo os manifestantes para preparar o retorno de todos a suas respectivas províncias em meios de transporte oferecidos gratuitamente pelas autoridades.

O avanço do Exército na última quarta-feira também levou a uma onda de incêndios criminosos no centro de Bancoc. A violência deixou 39 prédios incendiados ou danificados, entre os quais a Bolsa e o Central World, o segundo maior shopping center da Ásia e um símbolo de Bancoc.

Voltando ao normal

A região central de Bancoc, palco de incêndios, saques e dos confrontos entre os "camisas vermelhas" e as forças de segurança tailandesas, começou nesta sexta-feira a voltar à normalidade.

Fayaz Kabli/Reuters
Funcionários limpam região onde camisas vermelhas passaram semanas acampados em Bancoc, Tailândia
Funcionários limpam região onde camisas vermelhas passaram semanas acampados em Bancoc, Tailândia

Dezenas de residentes em uma das áreas próximas ao local onde ficava o acampamento do grupo de manifestantes (e onde vários deles morreram vítimas de tiros) saíram às ruas com pás, vassouras e outros utensílios para tentar retirar os escombros e o lixo acumulado.

Em Chinatown, bairro que foi fechado durante os confrontos, muitas lojas de ouro e comida reabriram as portas e as ruas estavam cheias de pessoas e carros. Várias ruas do centro da cidade permanecem fechadas por postos de segurança.

Uma das maiores avenidas da cidade, a Rama IV, continua fechada e está cheia de pneus carbonizados, blocos de concreto e outros materiais.

Na região onde acamparam os "camisas vermelhas" durante seis semanas, os serviços de coleta de lixo iniciaram seu trabalho e os bombeiros se preparam para a missão de isolar e examinar os edifícios que foram incendiados, entre eles um supermercado que já foi o segundo maior centro comercial do Sudeste Asiático.

Apesar de a situação estar perto de se normalizar, Bancoc e outras três províncias permanecerão até o próximo domingo sob o toque de recolher, e a maior parte do transporte público na capital continua paralisado.

 

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