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18/08/2004 - 19h03

Índia comemora 58 anos de sua Independência em crescimento

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da Folha Online

A população da Índia celebra seu 58º dia da Independência sob um forte sentimento de otimismo, como não se podia imaginar há alguns anos. Comemorado oficialmente no último domingo (15), o país pode se orgulhar do que foi capaz de conquistar na última década tanto na área política como na econômica. Além disso, os avanços ocorreram frente a uma considerável, e mesmo inesperada, quantidade de dificuldades.

Em meados dos anos 90, a Índia passou a ter apenas um partido dominando o Congresso, o Partido Republicano, que conquistou a independência, para adentrar a uma era de coalizões políticas.

Mas a transição não foi simples. Foram necessárias três eleições gerais (1996, 1998 e 1999) para o país gradualmente desenvolver uma nova organização política, sob uma aliança multipartidária composta por pelo menos 24 partidos que assumiram o gabinete através do primeiro-ministro Atal Bihari Vajpayee cinco anos atrás.

Como que para confirmar que o controle através de um só partido é agora coisa do passado, uma aliança rival, liderada pelo Congresso com Manmohan Singh, agora fica no lugar do governo de Vajpayee.

Tarefa difícil

Uma mudança pacífica de regime não é uma conquista sem importância numa região onde a democracia é artigo raro, com vários países ainda experimentando várias formas de autocracia, como Nepal ou Mianmar, ou com governos incipientes como Paquistão e Bangladesh, ou atravessando guerras civis e tumultos internos, como Sri Lanka ou Afeganistão.

O que é ainda mais impressionante na evolução da coalizão política na Índia é que ela foi acompanhada de conquistas consideráveis na área econômica.

Apesar da pobreza ainda prevalecer em muitas regiões, o progresso da Índia é evidência numa economia em ascensão, especialmente no setor de TI (tecnologia da informação), baixa inflação, taxa de crescimento satisfatória, grande estoque de grãos e uma situação confortável nas reservas cambiais.

Também é importante notar que a percentagem de pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza caiu de 36% em 1993 para 26% na virada do século.

Essa redução aconteceu no período em que a Índia saiu de seu modelo socialista para um modelo de economia mais liberal.

Desafios

Mas esses não são os únicos pontos importantes. O que talvez seja ainda mais marcante é que a Índia foi capaz de lidar também com desafios internos e externos que ameaçavam sua integridade.

Os movimentos separatistas, que eram uma "praga" nos Estados do nordeste e no Punjab [Província paquistanesa próxima à Índia], perderam seu "veneno". Seus remanescentes continuam visíveis na Caxemira --região que está sendo redescoberta por indianos e estrangeiros após a diminuição dos conflitos entre a Índia e o Paquistão.

O famoso colunista do "New York Times", Thomas L. Friedman escreveu pouco tempo depois das revoltas no Estado de Gujarat (oeste da índia) em 2002: "Quanto mais tempo você passa na Índia, mais você percebe que esse país chuvoso, multiétnico, multireligioso, com várias línguas é uma das grandes maravilhas do mundo, um milagre com uma mensagem".

Referindo-se às revoltas, Friedman escreve: "Foi um incidente vergonhoso e num país com 150 milhões de muçulmanos isso era explosivo. E o que você acha que aconteceu? Nada aconteceu. Por quê? Porque a longa história de muçulmanos e hindus vivendo juntos neutralizou o veneno da discórdia. E, em segundo, por causa do sistema democrático e da liberdade de imprensa".

Como disse a Friedman o líder muçulmano Syed Shahabuddin: "A democracia indiana é uma democracia secular... e isso mantém um certo nível de força de vontade e esperança para os muçulmanos".

Bollywood

Não foi à toa que observadores neutros dizem que não existe um único muçulmano indiano na rede terrorista Al Qaeda. A razão óbvia é que os muçulmanos indianos têm fé no avanço pessoal no país, fé reforçada no rei de Bollywood [a meca indiana do cinema] é Shah Rukh Khan, sem considerar os outros ídolos muçulmanos das matinês, como Salman Khan, Saif Ali Khan e Fardeen Khan. Eles são os sucessores de heróis e heroínas, como Dilip Kumar, Nargis, Madhubala, Waheeda Rehman, Shabana Azmi e cantores e músicos como Mohammed Rafi, Talat Mahmood, Naushad, além de muitos outros.

Todas as novas estrelas que aparecem regularmente em anúncios na televisão, ligadas ao meio artístico ou ao esporte, são modelos óbvios de comportamento para os jovens indianos, em especial para os muçulmanos , que desejam ser como eles --comportamento natural de adolescentes do mundo todo.

Provendo espaço para o desenvolvimento de todas as comunidades, a democracia indiana garantiu um alto nível de estabilidade social, apesar de aberrações como Gujarat. Além disso, os sinais de avanço econômico colocam a índia emergente como um dos maiores poderes econômicos nas próximas décadas.

Obviamente, ainda existem problemas, que são inevitáveis num país imenso e composto por tanta diversidade. De acordo com o "People of India Project" ("Projeto Povo da Índia', em tradução livre) são 4.635 comunidades, 325 línguas e 24 tipos de escrita. A Índia é também o local de nascimento das quatro principais religiões do país hinduísmo, budismo, sikh e jainista, além de ser lar de outras três, o islamismo, o cristianismo.

Mas enquanto a democracia se desenvolver na Índia, sempre haverá esperança. Verdadeiramente, a Índia é um milagre com uma mensagem.

Com Indo-Asian News Service

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