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19/11/2004 - 14h34

Túmulo de Arafat se transforma em ponto de peregrinação

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BEATRIZ LECUMBERRI
da France Presse, em Ramallah

Uma semana depois do enterro de Iasser Arafat na Mukata [sede do governo palestino], em Ramallah, na Cisjordânia, centenas de palestinos, acompanhados de estrangeiros e curiosos, reúnem-se diante do túmulo do líder palestino, transformado em novo local de peregrinação.

Pouco antes da oração de meio-dia desta sexta-feira [dia sagrado para os muçulmanos] na mesquita Abdel Nasser de Ramallah, centenas de habitantes rezaram diante da sepultura do Arafat.

Famílias inteiras com crianças carregando flores e ramos de oliveira, bandos de jovens, assim como idosos árabes vestidos com longas túnicas e Keffieh [o pano árabe que passou a simbolizar a luta palestina] rezam durante vários minutos diante do túmulo, local que não fica nenhum momento vazio.

Visita obrigatória

"É verdade que o túmulo se tornou uma visita obrigatória para muitos habitantes de Ramallah, mas faz uma semana éramos milhares transportando seu caixão e hoje somos dezenas", lamenta Nasser, membro da Força 17, encarregada da segurança de Arafat e atualmente na guarda do túmulo.

Aos palestinos se unem estrangeiros vindos de vários lugares para visitar o túmulo do líder palestino.

"É difícil classificar uma pessoa como Arafat, mas está claro que ele era o símbolo deste povo e por isso lhe devemos respeito", dizem Desmond e Bernadette Quigley, um casal irlandês que passa 15 dias de férias em Israel e decidiu visitar o local.

Ao seu lado, um casal de chineses tira uma foto na frente da sepultura do líder palestino e acaba registrando as lágrimas de uma jovem palestina que veio depositar um ramo de flores.

"Vivemos em Tel Aviv, mas viemos para ver como o povo palestino está lidando com a morte de Arafat", explica Min Shui, boquiaberto ao ver a Mukata em ruínas. "Como pôde viver aqui por tanto tempo?", questiona, olhando as montanhas de escombros.

Excursão

Do norte de Israel, um ônibus leva ao túmulo de Arafat 40 membros da organização não-governamental (ONG) Taayush, que em árabe significa "viver um ao lado do outro".

"Viemos dar os pêsames aos dirigentes palestinos. Já estivemos na Mukata quando Arafat vivia cercado de tanques israelenses e sabemos que era um símbolo para seu povo", afirma Yuri Pines, porta-voz da ONG, que organiza manifestações em toda Cisjordânia para pedir o fim da construção do muro de separação que Israel está erguendo.

Nos arredores de Ramallah, outro ônibus transporta 50 alunos de uma escola primária, que vêm ao túmulo de Abu Ammar [nome de guerra de Arafat] com flores, ramos de oliveira e mensagens de paz escritas em pequenos cartazes.

"Queremos um futuro de paz, viver sem muros e sem tanques, ir um dia a Jerusalém", repetem as crianças diante da sepultura de Arafar. Depois da oração de meio-dia, dezenas de palestinos vão para a Mukata e se abraçam em silêncio, sob uma chuva incessante que dá ao lugar um aspecto ainda mais desolador.

Entre eles, não há nenhum membro do governo. Apenas Hamis Abdeh, imã da Mukata, que vinha toda sexta-feira rezar com Arafat e permanece em silêncio diante do seu túmulo.

"Onde estão nossos dirigentes hoje? Em Gaza, mas ocupados em preparar as eleições, em garantir o poder. Eles terminaram o luto muito antes de nós", diz Imad, enquanto acompanha seu pai idoso ao túmulo de Arafat.

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