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23/01/2005 - 22h04

Itamaraty deixa para Odebrecht conduzir negociações com rebeldes

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EMILIA BERTOLLI
da Folha Online

O governo brasileiro decidiu deixar a construtora Norberto Odebrecht assumir as eventuais negociações com o grupo rebelde Brigadas Mujahidin para libertar o engenheiro João José de Vasconcellos Júnior, 49, desaparecido no Iraque desde a última quarta-feira, disse à Folha Online o embaixador do Brasil em Amã (Jordânia), Antônio Carlos Coelho da Rocha.

A Odebrecht deverá contar com os serviços de uma empresa especializada nesse tipo de negociação. A avaliação é que a entrada nas discussões do governo brasileiro, que foi contra a guerra no Iraque, daria uma relevância política desnecessária ao caso, que só atrapalharia neste momento.

A contrutora inclusive já participou desse tipo de negociação, quando o grupo guerrilheiro ELN (Exército de Libertação Nacional) sequestrou um de seus mestres-de-obras em 1997, na Colômbia. O funcionário ficou cinco meses em poder do grupo, mas foi libertado com vida.

"É a Odebrecht que vai conduzir as ações. Por enquanto, não temos nenhuma instrução do Itamaraty [no sentido de conduzir qualquer negociação ou contato com os seqüestradores]", afirmou Coelho da Rocha à Folha Online. Segundo o embaixador, qualquer ação concreta por parte da embaixada "será definida no momento oportuno."

Reprodução/TV AL Jazira
Carteira de mergulhador de Vasconcellos é mostrada em vídeo exibido pela Al Jazira
Vasconcellos é funcionário do braço internacional da Odebrecht há 20 anos. Ele desapareceu em Beiji, no norte do Iraque, onde a construtora participa da reconstrução de uma termelétrica. A construtora retirou os demais funcionários do Iraque.

A família do engenheiro foi orientada a manter silêncio durante as eventuais negociações com o grupo rebelde que teria realizado o seqüestrado, disse à Folha Online Carla Vasconcellos, irmã do engenheiro. "Infelizmente, não temos nada a acrescentar agora. Não há qualquer novidade e estamos aguardando o desenrolar do caso", disse. A família de Vasconcellos Jr. vive em Juiz de Fora (MG).

Pela manhã, outra irmã do engenheiro, Isabel Cristina, afirmou que não havia negociações em andamento. "Nenhum contato foi feito, mas todas as possíveis ações estão sendo discutidas entre a família e a Odebrecht", afirmou em entrevista à Rede Globo.

Vasconcellos desapareceu na última quarta-feira, na cidade de Beiji (Iraque), onde trabalhava para a construtora. O carro onde estava foi atacado por rebeldes --o grupo Brigadas Mujahidin assumiu a autoria do seqüestro no sábado. Os dois funcionários da empresa britânica Janusian Security Risk Management, que estavam com ele no automóvel, morreram.

Segundo Isabel, seu irmão iria embora do Iraque e não tinha a intenção de voltar ao país. Vasconcellos Jr., no entanto, não julgava perigosa sua estadia no local: por diversas vezes afirmou que o risco no Iraque era igual àquele que enfrentaria em qualquer lugar do mundo.

De acordo com a "BBC", a família recebeu a informação de que os seqüestradores demoram de três a quatro dias para fazer algum contato. Por isso, estariam esperando com esperanças de que, nesta segunda-feira, eles tivessem notícias do engenheiro.

Isabel Cristina se disse esperançosa e cita o caso divulgado ontem, em que um grupo rebelde iraquiano soltou oito reféns chineses. "Acreditamos na clemência de quem quer que esteja com meu irmão."

Colômbia

O mestre-de-obras Clóvis Danúbio de Azevedo, 57, também funcionário da Odebrecht, ficou cinco meses em poder do do grupo guerrilheiro ELN (Exército de Libertação Nacional) em 1997, na Colômbia. Durante o seqüestro, a companhia, o Itamaraty e familiares firmaram um pacto de não divulgar informações sem a solução do caso.

"Desde o primeiro contato com a empresa em Bogotá, saímos com a orientação de sermos discretos, pois os grupos se alimentam da repercussão", disse à Folha de S.Paulo Marcelo Azevedo, 34, filho do mestre-de-obras. O caso só foi noticiado um mês após o desaparecimento de Azevedo.

Marcelo conta que, durante os cerca de 170 dias de seqüestro, a empresa manteve uma assistente social e uma psicóloga acompanhando a família.

Em entrevista veiculada neste domingo pela GloboNews, a irmã de Vasconcelos, Isabel, pediu "clemência" ao refém. Ela disse que ele "não é inimigo do país [Iraque]", e que o Brasil "não foi favorável a esse ataque" [referindo-se a invasão do país realizada pelos americanos em 2003].

Com agências internacionais

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