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09/03/2005 - 13h43

Rebeldes tchetchenos desafiam governo após morte de líder

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da Folha Online

Rebeldes tchetchenos juraram nesta quarta-feira continuar sua luta pela independência depois da morte do principal líder separatista da Tchetchênia, Aslan Maskhadov, nesta terça-feira, em meio a especulações que lideranças separatistas poderão cair em mãos mais violentas.

Analistas temem que o comandante Shamil Basayev, que assumiu a responsabilidade por alguns dos piores atos de violência na Rússia, incluindo o ataque sangrento na escola de Beslan, na Ossétia do Norte [república russa], assuma a liderança da resistência tchetchena.

Reuters
O líder Aslan Maskhadov
Maskhadov, 53, que, ao lado de Basayev, era um dos homens mais procurados na Rússia, foi morto nesta terça-feira em operação do serviço de inteligência russo FSB (ex-KGB) em uma vila ao norte da capital regional Grozni. O líder tchetcheno era acusado pela Rússia de ser um dos mentores do atentado em Beslan, em 1º de setembro de 2004, quando rebeldes tchetchenos invadiram uma escola no primeiro dia de aula e fizeram 1.200 reféns: mais de 320 pessoas morreram na ação, a maioria delas crianças.

Triunfo

A morte de Maskhadov forneceu um triunfo necessário para a política linha-dura do presidente russo, Vladimir Putin. Apesar de se preparar inflexivelmente para cumprir sua promessa de "apagar" os separatistas rebeldes da Tchetchênia, Putin sofreu numerosas derrotas.

Seus cinco anos no poder foram marcados pelo mortal ataque suicida tchetcheno com bombas em Moscou, um seqüestro em massa num teatro que custou a vida de 129 reféns e o massacre de Beslan.

Mas alguns analistas dizem que a morte de Maskhadov, um ex-coronel do Exército soviético que foi legitimado presidente da Tchetchênia em 1997 através de uma eleição democrática, retirou um moderado que poderia ter negociado a paz com o Kremlin.

O líder veterano sempre convidava Moscou a manter diálogos e buscar uma solução pacífica para um conflito que já matou milhares de pessoas nos últimos dez anos e que poderia ser resolvido numa questão de minutos. Mas Putin recusou, alegando que não negociaria com terroristas.

Sucessor

O representante de Maskhadov em Londres, Akhmed Zakayev, disse que um sucessor será nomeado nos próximos dias, apesar de não dizer quem poderia ser nomeado.

Comentaristas especulam que pode ser tanto Basayev quanto Doku Umarov, comandante do fronte sudoeste rebelde que as forças de segurança russas ligaram a alguns ataques sangrentos, como o da escola em Beslan e uma incursão à região de Inguchétia [república russa que abriga cerca de 50 mil refugiados tchetchenos], em junho passado, quando rebeldes atacaram um prédio do governo, matando 92 pessoas.

"Ambos os comandantes, diferentemente de Maskhadov, que dizia querer uma negociação pacífica com Moscou, são conhecidos por serem intransigentes e agressivos nas negociações com a Rússia. O terror só irá aumentar se algum dos dois chegar ao poder", informa nesta quarta-feira o jornal russo "Kommersant Daily".

Basayev, que perdeu um pé depois de pisar em uma mina, está por trás de muitas das bem elaboradas e mortíferas operações rebeldes tchetchenas e é uma das mais famosas "personalidades" na Rússia.

Ele assume a responsabilidade pela organização do banho de sangue de Beslan, em setembro passado, e dois ataques suicidas com bombas que derrubaram dois aviões de passageiros sobre a Rússia, causando a morte de 90 pessoas.

Maskhadov, que sempre negou qualquer ligação com Beslan apesar das acusações de seu envolvimento pelas forças de segurança russas, disse que Basayev deveria ser julgado pelo massacre na escola quando o conflito estivesse encerrado.

Guerra sem fim

Os separatistas tchechenos abençoaram Maskhadov como um mártir e prometeram continuar a combater as forças russas na sua terra natal. O conselho militar rebelde, numa declaração em seu site na www.kavkaz.org.uk diz que os comandantes e as unidades de combate devem dar continuidade às missões planejadas para os próximos meses.

"Um novo período na história do confronto russo-tchetcheno começou", diz outra declaração rebelde. "A guerra não vai terminar, ela será interrompida."

Ramzan Kadyrov, filho do presidente tchetcheno Akhmad Kadyrov [ligado a Moscou, que foi assassinado em maio de 2004] e hoje um poderoso oficial do governo e pró-Moscou, disse à agência de notícias russa Interfax que todos os esforços serão concentrados em localizar Basayev.

Kadyrov, que é vice-primeiro-ministro e controla a força policial e também comanda um Exército particular de combatentes tchetchenos, diz que a morte de Maskhadov vai agilizar o processo de captura de Basayev.

"Os serviços de segurança vão empregar todos os seus esforços para encurtar os dias de Basayev na Terra", disse.

Com agências internacionais

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