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28/03/2005
-
16h38
da Folha Online
Neste domingo, os pais de Terri Schiavo, 41, anunciaram que os médicos que tratam da paciente --em estado vegetativo há 15 anos-- passaram a dar doses de morfina, a fim de evitar dores causadas pela morte por desidratação, já que ela não recebe alimentação há dez dias. Mas, segundo especialistas ouvidos pela Folha Online, esses pacientes não têm mais consciência, e não sentem dor.
"A aplicação de morfina é uma medida humanitária, que atende à crença dos pais [de Terri] de que ela tem um nível mínimo de consciência", afirmou Afonso Carlos Neves, 50, médico do departamento de Neurologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) à Folha Online.
Em 1990, Terri sofreu uma parada cardíaca que gerou danos ao seu cérebro. Desde então, ela está em um estado classificado pelos médicos como "vegetativo persistente" onde apenas funções "automáticas" estariam ainda em funcionamento.
Na sexta-feira (18), a Justiça americana ordenou a retirada do tubo que leva alimentação à paciente, fazendo com que seus pais Bob e Mary Schindler --que desejam mantê-la viva-- travassem uma disputa legal com o marido e guardião legal de Terri, Michael Schiavo. Ele diz que sua mulher reiterou diversas vezes, antes de sofrer a parada cardíaca, que não gostaria que sua vida fosse mantida artificialmente.
"Pacientes nesse estado não têm sensação de dor", afirmou à Folha Online Pedro Paulo Porto Júnior, 53, médico neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Dor e sofrimento requerem um nível de consciência que pacientes em estado vegetativo não apresentam mais. E, se Terri não apresentou melhora três meses após o acidente, dificilmente pode apresentar qualquer sinal de consciência agora, 15 anos depois.
Segundo Porto Jr., sem alimentação, Terri passa pelo processo de desidratação, o que faz com que, pouco a pouco, os órgãos parem de funcionar. Em seguida, diversas substâncias liberadas pelo corpo levam o paciente a sentir sonolência, que progride para um coma, e a morte.
"Em pessoas que apresentam consciência, esse processo é doloroso", diz Porto Jr. "Mas Terri não tem nenhuma percepção da dor, e nem sofre". O sofrimento envolve uma série de sentimentos passíveis de serem vivenciados apenas em estado consciente, como medo, ansiedade e pânico.
Consciência
Para Neves, a divulgação sobre a aplicação de morfina seria uma forma de os pais provarem que Terri ainda apresenta um estado mínimo de consciência. "Assim, os médicos estão admitindo que talvez haja a possibilidade de ela estar sentindo dor", disse o médico.
Um dos recursos utilizados no tribunal pelos pais de Terri foi um relatório elaborado por um neurologista onde haveria a suposta comprovação da existência de uma consciência mínima na paciente.
A maioria dos neurologistas que examinaram Terri afirmam que ela permanece em estado vegetativo.
Na última apelação da família, negada no sábado (26), os pais argumentaram que a filha "expressou" o desejo de viver. "Ela chegou a articular o som de duas vogais", dizia o documento preenchido pelos pais.
"Qualquer reação de um paciente em estado vegetativo persistente é involuntária", afirmou Porto Jr.
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Leia o que já foi publicado sobre Terri Schiavo
Aplicação de morfina em Schiavo é "medida humanitária", diz médico
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Neste domingo, os pais de Terri Schiavo, 41, anunciaram que os médicos que tratam da paciente --em estado vegetativo há 15 anos-- passaram a dar doses de morfina, a fim de evitar dores causadas pela morte por desidratação, já que ela não recebe alimentação há dez dias. Mas, segundo especialistas ouvidos pela Folha Online, esses pacientes não têm mais consciência, e não sentem dor.
"A aplicação de morfina é uma medida humanitária, que atende à crença dos pais [de Terri] de que ela tem um nível mínimo de consciência", afirmou Afonso Carlos Neves, 50, médico do departamento de Neurologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) à Folha Online.
Em 1990, Terri sofreu uma parada cardíaca que gerou danos ao seu cérebro. Desde então, ela está em um estado classificado pelos médicos como "vegetativo persistente" onde apenas funções "automáticas" estariam ainda em funcionamento.
Na sexta-feira (18), a Justiça americana ordenou a retirada do tubo que leva alimentação à paciente, fazendo com que seus pais Bob e Mary Schindler --que desejam mantê-la viva-- travassem uma disputa legal com o marido e guardião legal de Terri, Michael Schiavo. Ele diz que sua mulher reiterou diversas vezes, antes de sofrer a parada cardíaca, que não gostaria que sua vida fosse mantida artificialmente.
"Pacientes nesse estado não têm sensação de dor", afirmou à Folha Online Pedro Paulo Porto Júnior, 53, médico neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Dor e sofrimento requerem um nível de consciência que pacientes em estado vegetativo não apresentam mais. E, se Terri não apresentou melhora três meses após o acidente, dificilmente pode apresentar qualquer sinal de consciência agora, 15 anos depois.
Segundo Porto Jr., sem alimentação, Terri passa pelo processo de desidratação, o que faz com que, pouco a pouco, os órgãos parem de funcionar. Em seguida, diversas substâncias liberadas pelo corpo levam o paciente a sentir sonolência, que progride para um coma, e a morte.
"Em pessoas que apresentam consciência, esse processo é doloroso", diz Porto Jr. "Mas Terri não tem nenhuma percepção da dor, e nem sofre". O sofrimento envolve uma série de sentimentos passíveis de serem vivenciados apenas em estado consciente, como medo, ansiedade e pânico.
Consciência
Para Neves, a divulgação sobre a aplicação de morfina seria uma forma de os pais provarem que Terri ainda apresenta um estado mínimo de consciência. "Assim, os médicos estão admitindo que talvez haja a possibilidade de ela estar sentindo dor", disse o médico.
Um dos recursos utilizados no tribunal pelos pais de Terri foi um relatório elaborado por um neurologista onde haveria a suposta comprovação da existência de uma consciência mínima na paciente.
A maioria dos neurologistas que examinaram Terri afirmam que ela permanece em estado vegetativo.
Na última apelação da família, negada no sábado (26), os pais argumentaram que a filha "expressou" o desejo de viver. "Ela chegou a articular o som de duas vogais", dizia o documento preenchido pelos pais.
"Qualquer reação de um paciente em estado vegetativo persistente é involuntária", afirmou Porto Jr.
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