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03/04/2005 - 18h21

Opositores fazem críticas ao legado de João Paulo 2º

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JEAN LOUIS DE LA VAISSIERE
da France Presse, em Berlim

Da Europa à América Latina, os críticos católicos romperam hoje a harmonia da chuva de elogios à figura do papa desde sua morte ontem, reprovando a rigidez do sumo pontífice em relação à sexualidade e à condenação à Teologia da Libertação.

Na América Latina, as críticas são dirigidas às orientações político-sociais do papa.

Prêmio Nobel da Paz em 1980, o escritor argentino Adolfo Pérez Esquivel, membro do movimento progressista Serviço, Paz e Justiça, criticou o papa por ter "pretendido estabelecer uma igreja piramidal, algo que se refletiu em sua hostilidade à Teologia da Libertação".

Esta corrente surgiu na América Latina em conseqüência das transformações introduzidas na igreja pelo Concílio Vaticano 2º (1962), com alguns de seus expoentes sendo representados por padres guerrilheiros ou bispos comprometidos com as lutas populares.

Para monsenhor Pedro Casaldaliga, um dos líderes da Teologia no Brasil, João Paulo 2º era "um pouco duro com os servidores progressistas que abriam novos caminhos".

O brasileiro Leonardo Boff, outro arauto desta tendência, afirmou que o sumo pontífice "nunca entendeu a Teologia da Libertação, já que suas origens polonesas o impediram de ver que na América Latina o inimigo não era o comunismo nem o nazismo, mas as elites desprovidas de sensibilidade social".

Na Europa, os católicos tradicionalistas da Fraternidade de São Pio 10 de Econe (sudoeste da Suíça), excomungados por João Paulo 2º, insistiram hoje em criticar as gestões ecumênicas.

João Paulo 2º deixa a igreja "numa crise de confiança e de esperança", afirmou o teólogo suíço Hans Küng.

Crítico do papa de longa data, Küng estima que ele "pregou os direitos humanos no estrangeiro, mas se negou a reconhecê-los no interior da igreja, em relação aos teólogos e sobretudo às mulheres". "Wojtyla prega o ideal feminino, mas nega às mulheres a pílula e proíbe sua ordenação", acrescentou Küng.

Para Joanna Manning, uma das fundadoras do grupo americano Catholic Organizations for Renewal (Organizações Católicas para a Renovação), João Paulo 2º restabeleceu a concepção de uma mulher submissa na qual a Virgem Maria encarnaria a feminilidade.

"Isto se explica em parte por seu passado. (....) Sua mãe morreu quando ele era pequeno e ele projetou a nostalgia de uma figura materna sobre as mulheres em geral", opina.

Segundo Christian Terras, diretor da revista crítica francesa "Golias", o papa polonês não compreendia "as dificuldades das mulheres no mundo moderno".

O movimento católico ocidental Somos a Igreja, critica as posições de João Paulo 2º em relação ao casamento dos sacerdotes e à ordenação das mulheres.

A falta de sacerdotes, motivada por sua rejeição a autorizar o casamento de padres, será, segundo este movimento, uma questão incandescente para o próximo pontífice.

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