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06/04/2005
-
20h02
RICARDO FELTRIN
Enviado especial da Folha Online a Roma
Roma assistiu hoje a uma verdadeira invasão de poloneses, que viajam até 25 horas de trem para se despedirem do também polonês Karol Wojtyla, o papa João Paulo 2º. Nas ruas, o idioma é tão ouvido quanto o italiano.
A "invasão" é transmitida ao vivo por vários postos da rede de televisão Telewizja, hoje mais popular que a CNN e a RAI nas ruas de Roma.
A prefeitura estima que pelo menos 1,5 milhão de poloneses chegaram até hoje à cidade. A maioria vai de trem e ônibus fretados, em caravanas organizadas por paróquias.
A viagem de trem ida e volta custa cerca de 135 euros, dura entre 20 e 25 horas, e envolve até três baldeações --geralmente em Berlim, Frankfurt e Milão.
Logo que chegam a Roma, os poloneses vão diretamente pegar um lugar privilegiado na fila, que durava hoje até 15 horas para chegar até o corpo do papa morto.
Ladeados por policiais e funcionários de uma espécie de Defesa Civil de Roma, "blocos" imensos de fiéis poloneses foram mantidos isolados, e depois levados por ruas laterais até algum trecho da fila, a cerca de 200 metros da basílica.
Lá, um grupo de policiais segurava a multidão por alguns minutos e, mais tarde, permitia a "infiltração" do bloco de poloneses, que entra na fila sob aplausos dos demais fiéis.
Os poloneses carregam mochilas imensas, cobertores para passar a noite, lanches e a bandeira vermelha e branco, sempre com um fita preta em sinal de luto.
Vindos de Varsóvia, o gerente operacional Tomasz Sakkil, 27, e sua namorada Alicia, 25, disseram ter chegado a Roma por volta das 6h de ontem. Três horas depois já estavam em local privilegiado, na fila, a cerca de 200 metros da basílica. "Voltaremos [para a Polônia] ainda hoje", diz Sakkil.
Abraçados e friorentos, apesar dos 18ºC graus registrados às 10h30 (5h30 no Brasil), o casal autodefinido como "comerciantes aposentados", Drina e Jösef Czerwijdsk, de 70 e 76 anos respectivamente, chegaram na noite de terça, também vindos de Varsóvia.
"João Paulo foi o maior e mais importante polonês desde Chopin", diz Drina, que afirmou também ser musicista e acordeonista nas horas vagas (enquanto Jösef faz uma careta as suas costas). Os dois disseram que já vinham guardando dinheiro para visitar Roma há cerca de cinco anos.
"Queríamos tê-lo visto quando vivo, mas agora pelo menos poderemos nos despedir", diz ela visivelmente emocionada.
Gosia Mucha, 31, de Varsóvia, disse que não quer outro papa polonês. "Qualquer um vai bem, desde que seja um papa bom". Para a professora Mareena Rycheht, 36, de Gdansk, após um papa polonês, o Vaticano deve ter um brasileiro ou africano à frente da Igreja Católica. Ambas chegaram na tarde de ontem e voltarão no sábado à noite, sempre de trem.
Entre amanhã e sexta, outras caravanas polonesas devem entrar na cidade. O departamento de turismo polonês afirma que, ao todo, 2 milhões de compatriotas devem viajar para acompanhar pessoalmente o funeral do papa polonês.
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Enviado especial da Folha Online a Roma
Roma assistiu hoje a uma verdadeira invasão de poloneses, que viajam até 25 horas de trem para se despedirem do também polonês Karol Wojtyla, o papa João Paulo 2º. Nas ruas, o idioma é tão ouvido quanto o italiano.
A "invasão" é transmitida ao vivo por vários postos da rede de televisão Telewizja, hoje mais popular que a CNN e a RAI nas ruas de Roma.
A prefeitura estima que pelo menos 1,5 milhão de poloneses chegaram até hoje à cidade. A maioria vai de trem e ônibus fretados, em caravanas organizadas por paróquias.
A viagem de trem ida e volta custa cerca de 135 euros, dura entre 20 e 25 horas, e envolve até três baldeações --geralmente em Berlim, Frankfurt e Milão.
Logo que chegam a Roma, os poloneses vão diretamente pegar um lugar privilegiado na fila, que durava hoje até 15 horas para chegar até o corpo do papa morto.
Ladeados por policiais e funcionários de uma espécie de Defesa Civil de Roma, "blocos" imensos de fiéis poloneses foram mantidos isolados, e depois levados por ruas laterais até algum trecho da fila, a cerca de 200 metros da basílica.
Lá, um grupo de policiais segurava a multidão por alguns minutos e, mais tarde, permitia a "infiltração" do bloco de poloneses, que entra na fila sob aplausos dos demais fiéis.
Os poloneses carregam mochilas imensas, cobertores para passar a noite, lanches e a bandeira vermelha e branco, sempre com um fita preta em sinal de luto.
Vindos de Varsóvia, o gerente operacional Tomasz Sakkil, 27, e sua namorada Alicia, 25, disseram ter chegado a Roma por volta das 6h de ontem. Três horas depois já estavam em local privilegiado, na fila, a cerca de 200 metros da basílica. "Voltaremos [para a Polônia] ainda hoje", diz Sakkil.
Abraçados e friorentos, apesar dos 18ºC graus registrados às 10h30 (5h30 no Brasil), o casal autodefinido como "comerciantes aposentados", Drina e Jösef Czerwijdsk, de 70 e 76 anos respectivamente, chegaram na noite de terça, também vindos de Varsóvia.
"João Paulo foi o maior e mais importante polonês desde Chopin", diz Drina, que afirmou também ser musicista e acordeonista nas horas vagas (enquanto Jösef faz uma careta as suas costas). Os dois disseram que já vinham guardando dinheiro para visitar Roma há cerca de cinco anos.
"Queríamos tê-lo visto quando vivo, mas agora pelo menos poderemos nos despedir", diz ela visivelmente emocionada.
Gosia Mucha, 31, de Varsóvia, disse que não quer outro papa polonês. "Qualquer um vai bem, desde que seja um papa bom". Para a professora Mareena Rycheht, 36, de Gdansk, após um papa polonês, o Vaticano deve ter um brasileiro ou africano à frente da Igreja Católica. Ambas chegaram na tarde de ontem e voltarão no sábado à noite, sempre de trem.
Entre amanhã e sexta, outras caravanas polonesas devem entrar na cidade. O departamento de turismo polonês afirma que, ao todo, 2 milhões de compatriotas devem viajar para acompanhar pessoalmente o funeral do papa polonês.
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