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12/08/2005 - 07h02

Rússia lembra hoje cinco anos da tragédia do Kursk

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da EFE

Com a memória ainda fresca pelo resgate de um minissubmarino militar no Pacífico, no último domingo (7), a Rússia lembra hoje o quinto aniversário da tragédia do submarino nuclear Kursk, que matou os 118 tripulantes da embarcação.

"A dor nunca abandonará o coração dos que participaram das operações de resgate e desmantelamento do submarino", afirmou hoje Vladímir Pastujov, diretor dos Estaleiros de Severodvinsk, onde o Kursk foi construído.

Alexander Natruskin/Reuters
Marinheiros acendem velas em cerimônia religiosa dedicada às vítimas do Kursk
O submarino --orgulho da Marinha russa e que era considerado indestrutível pelos militares-- naufragou em 12 de agosto de 2000, no mar de Barents, norte da Rússia, após uma explosão acidental em sua câmara de torpedos.

A Rússia rejeitou as ofertas de outros países para resgatar os vinte tripulantes do submarino que não morreram na explosão e a cúpula militar optou por esconder as dimensões reais da catástrofe.

Mortes

Segundo reportagem publicada nesta quinta-feira no jornal independente russo Nóvaya Gazeta, nem o presidente russo, Vladimir Putin, nem o procurador-Geral, Vladímir Ustinov, nem o Ministério da Defesa, nem a Marinha reconheceram que 23 marinheiros sobreviveram até o dia 14 de agosto.

Após a explosão, os marinheiros foram para o compartimento número nove do submarino, situado na proa do mesmo, e emitiram sinais de socorro durante cerca de 48 horas.

Cartas escritas por alguns dos marinheiros antes de morrer confirmaram que vários deles sobreviveram à explosão e tiveram uma morte espantosa.

Cinco anos depois, os militares russos continuam a sustentar que um submarino estrangeiro --que pertenceria aos EUA-- foi a causa do acidente, ao colidir com o Kursk.

Buscas

O Kursk foi localizado a 108 metros de profundidade na madrugada de 13 de agosto, quando ainda era possível salvar 23 marinheiros. No entanto, o Kremlin não deu o sinal verde para a operação internacional de resgate até uma semana depois.

Após várias semanas de busca, foram recuperados os corpos de 115 ocupantes do submarino, mas não os dos marinheiros Dimitri Kotkov e Iván Nefedkov, e do técnico Mamed Gagzhiev, que ainda permanecem sob a água.

Segundo parte da imprensa russa, o almirante Guennadi Suchkov e outros 14 oficiais da Marinha foram escolhidos como "bodes expiatórios" e tiveram um julgamento "injusto", sendo expulsos do serviço ativo.

Perante a falta de ação das autoridades, nos últimos anos os parentes dos marinheiros mortos apresentaram, em vão, várias ações no Tribunal de Estrasburgo, que ignorou suas interpelações.

Pesadelo

O naufrágio de um minissubmarino militar, com sete tripulantes a bordo e em águas do Pacífico, ocorrido no último dia 4, trouxe de volta à memória dos russos o pesadelo do Kursk.

A Rússia voltou a não pedir ajuda aos EUA, ao Reino Unido ou ao Japão até que os parentes de um dos ocupantes do submarino alertaram uma emissora de rádio local.

"Novamente, houve uma tentativa de encobrir a verdade, de recorrer à censura", declarou à imprensa Nikita Belij, líder do opositor União de Forças de Direita.

Felizmente, as equipes de salvamento conseguiram resgatar com vida os marinheiros, que já haviam escrito cartas para o caso de morrerem e se alimentavam com migalhas de pão seco.

Segredos

Em uma cerimônia confusa, os porta-vozes do Ministério da Defesa e da Marinha mantiveram durante horas a versão de que o minissubmarino teria ficado preso a redes de pesca --atividade restringida na região da Península de Kamchatka.

Posteriormente, confirmaram que o submarino ficou preso aos cabos da antena de vigilância costeira-- razão pela qual alguns almirantes se opunham a recorrer à ajuda estrangeira, para não revelar "segredos militares".

"A vida das pessoas é mais importante que os segredos militares", replicou o presidente do Senado, Serguei, Mironov, um dos possíveis candidatos à Presidência russa nas eleições de 2008.

Assim como há cinco anos, quando não interrompeu suas férias no mar Negro durante uma semana, Putin se manteve à margem dos trabalhos de resgate e só apareceu em público para felicitar os participantes do resgate.

Segundo o jornal Kommmersant, o comandante-chefe da Marinha russa desde 1997, Vladímir Kuroyédov --que nunca chegou a admitir sua parte de responsabilidade na tragédia do Kursk-- poderia ser substituído antes do final deste ano.

"Sem meios nem especialistas em salvamento, a tragédia do Kursk poderia se repetir. Para o Estado Maior, é mais importante a presença de navios russos em todos os oceanos", afirmou nesta quinta-feira o vice-almirante Yuri Sujachev, comandante na reserva e especialista em salvamento submarino.

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