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02/12/2005 - 21h07

Apesar de protestos, Cingapura executa traficante australiano

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da Efe

O australiano Nguyen Tuong Van foi executado nesta sexta-feira na prisão de Changi, em Cingapura, apesar dos protestos e pedidos de clemência das autoridades de Canberra e da mobilização popular em seu país.

Embora o Ministério do Interior cingapuriano não tenha divulgado a hora da execução, ela teria ocorrido por volta das 6h (20h de ontem em Brasília), como estava previsto, em cumprimento a uma condenação por tráfico de heroína.

Cerca de 45 minutos depois, os amigos, o advogado e o irmão de Nguyen que tinham ido visitá-lo pela última vez, saíram da prisão. Em seguida, todos partiram sem dar declarações à imprensa.

Julian McMahon, um dos advogados do australiano, classificou a situação de "horrenda" pouco antes de chegar, às 5h30 locais, à prisão onde Nguyen seria executado. "Esta é uma decisão equivocada, algo fundamentalmente e moralmente errado", disse.

A mãe do condenado, Kim Nguyen, não compareceu ao local. "Ela preferiu ficar rezando em uma capela", informou McMahon. "Está extremamente triste, mas melhor que em momentos anteriores", acrescentou. "Hoje, só estão aqui seus amigos que quiseram ficar o mais perto possível de Nguyen".

Despedida

A execução foi presenciada apenas por quatro funcionários da prisão, por um médico, que certificou a morte, e por um sacerdote.

Ontem, o governo cingapuriano autorizou que a mãe tocasse o filho, mas não permitiu um último abraço apesar da solicitação pessoal do primeiro-ministro australiano, John Howard.

Howard disse, na manhã desta sexta-feira, que a execução do australiano de origem vietnamita "prejudicará as relações" entre os dois países, embora tenha descartado que Canberra imporá sanções ou um boicote contra a cidade-Estado.

O premiê da Austrália disse que se sentiu decepcionado "pela resposta das autoridades de Cingapura ao último pedido da mãe de abraçar seu filho".

O advogado McMahon informou que este encontro, no qual a mãe "pôde tocar o cabelo e o rosto de seu filho", aconteceu através das grades.

Orações

Vários cidadãos e ativistas de direitos humanos se revezaram em vigília, colocando velas em frente à prisão de Changi, mas sem nunca superar o número de cinco, já que as leis de Cingapura não permitem uma concentração superior.

Letchumi Murugesu --mãe do cidadão de origem indiana Shanmugam Murugesu, enforcado em 13 de maio-- também participou, junto com seus outros dois filhos, da vigília de Nguyen.

Às 13h locais, foi celebrada uma missa pela alma do jovem na capela de Good Shepherd Convent's Marymount, e seu corpo deve ser mandado para a Austrália neste sábado.

Recursos

O enforcamento de Nguyen aconteceu após todos os recursos legais e pedidos por via diplomática se esgotarem. Também não surtiu efeito a tentativa de última hora por parte de um advogado de Melbourne para conseguir a extradição à Austrália do condenado.

Nguyen Tuong Van, 25, foi detido no aeroporto de Changi em dezembro de 2002 quando, procedente do Camboja, pretendia pegar um avião para a Austrália, levando 396,2 gramas de heroína. O tráfico de drogas é punido em Cingapura com pena de morte desde meados dos anos 70.

Cingapura se manteve firme desde o princípio ao afirmar que a lei tem que ser igual para todos, nacionais ou estrangeiros, algo que reiterou em repetidas ocasiões às autoridades australianas e a inúmeros líderes estrangeiros, entre eles, a chanceler alemã, Angela Merkel, na reunião ela que manteve com o primeiro-ministro cingapuriano, Lee Hsien Loong, nesta quinta-feira em Berlim.

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