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21/12/2005 - 16h03

Em julgamento, Saddam afirma que foi torturado pelos EUA

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da Folha Online

O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein (1979-2003), acusou os Estados Unidos de torturá-lo no período em que ficou detido sob custódia americana, afirmando que possui marcas das agressões "em várias partes do corpo".

"Fui torturado e agredido pelos americanos, em várias partes de meu corpo. As marcas ainda estão aqui", afirmou Saddam na corte.

Saddam voltou a ser julgado nesta quarta-feira em Bagdá, junto a outros sete de seus colaboradores. Em pé na área reservada aos réus, ele contestou declarações de testemunhas e reclamou a respeito das condições de sua detenção, entrando em debate com o promotor-chefe, Jaafar al Mousawi.

Saddam também afirmou à corte que sabe o nome da pessoa que revelou seu esconderijo, quando tropas americanas o encontraram, em dezembro de 2003. Pouco antes, ele permanecia sentado enquanto uma testemunhas afirmava que seu regime matava e torturava pessoas administrando choques elétricos e arrancando sua pele após derramar nela plástico derretido.

O ex-ditador e os outros sete réus são julgados, entre outros crimes, pelo massacre de 143 xiitas na cidade de Dujail, no ano de 1982. Saddam boicotou a última audiência do julgamento, ocorrida em 7 de dezembro, alegando que o processo era "injusto".

Testemunhas

A primeira testemunha de acusação foi Ali Hassan Mohammed al Haidari, que tinha 14 anos em 1982 e falou sobre supostos assassinatos e torturas em Dujail, após uma tentativa de assassinato contra Saddam.

Al Haidari iniciou seu testemunho citando um trecho do Alcorão [livro sagrado muçulmano], falando de como o "mal" seria derrotado. Ele afirmou teve sete irmãos executados pelo regime de Saddam, cujos corpos não foram encontrados.

Ele afirmou ainda que foi levado, ao lado de outros moradores de Dujail, para uma prisão dos serviços de segurança em Bagdá, onde seriam mantidas dezenas de pessoas.

Al Haidari disse ter visto pessoas com as cabeças sangrando no local e com a pele pálida devido à aplicação de choques elétricos. Segundo ele, membros da segurança derramavam plástico derretido na pele dos presos e a arrancavam depois que o plástico esfriava.

"Não posso expressar todo o sofrimento e a dor que enfrentei durante os 70 dias em que fiquei lá", disse a testemunha.

Processo

A audiência foi declarada aberta às 11h29 (6h29 de Brasília) e o ex-ditador se sentou no banco dos réus 11 minutos mais tarde.

O julgamento de Saddam começou oficialmente em 19 de outubro passado. Nesse dia, o juiz que preside a audiência, Rizgar Mohammed Amin, suspendeu o processo devido à resistência das testemunhas em depor. O ex-ditador voltou a ser julgado em 28 de novembro último --40 dias depois-- mas novamente houve uma suspensão para que a equipe de defesa substituísse três advogados: dois que foram assassinados, e um que fugiu.

No último dia 5, novamente o Tribunal Especial Iraquiano se reuniu para julgar Saddam. As primeiras testemunhas --incluindo uma mulher-- prestaram seu depoimentos e revelaram os horrores supostamente cometidos por Saddam contra os moradores de Dujail. Os testemunhos enfureceram o ex-ditador, que chegou a mandar o juiz para o "inferno". Na última audiência, no dia 7 passado, Saddam boicotou o julgamento e não compareceu ao tribunal, alegando maus-tratos e dizendo ter sido impedido de tomar banho, usar roupas limpas e caminhar no pátio da prisão.

O juiz acabou por decidir realizar o julgamento sem a presença de Saddam, mas o processo foi novamente adiado.

A audiência desta quarta-feira foi concluída às 20h40 (15h40 de Brasília) e deve ser retomada nesta quinta-feira.

Com agências internacionais

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