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13/01/2006 - 18h33

Para jornalista, nunca houve dúvida sobre suicídio de general no Haiti

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da Folha Online

O general brasileiro Urano Teixeira da Matta Bacellar, 58, que comandava a Missão de Estabilização da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti desde o final de agosto de 2005, foi encontrado morto com um tiro na cabeça no último sábado (7) no quarto que ocupava em um hotel de Porto Príncipe.

A ONU confirmou nesta quinta-feira que, segundo sua investigação, a causa da morte de Bacellar foi suicídio.

Para o jornalista Iuri Dantas, 28, enviado da Folha ao Haiti, que participou de bate-papo com internautas nesta sexta-feira, nunca houve dúvidas no país em relação ao motivo da morte do general. "Muitos dos haitianos com quem conversei se mostraram chocados com a morte e não deram sinais de acreditar em outra hipótese", afirmou.

Ele mesmo diz também acreditar na versão. "Depois de ouvir investigadores e pessoas que tiveram acesso ao local onde ele foi encontrado, acredito que ele se suicidou", disse Dantas.

O jornalista também afirmou que a morte foi uma "surpresa" para as pessoas próximas a Bacellar no Haiti, já que o general havia chegado das festas de fim de ano no Brasil e aparentava estar "bem e tranqüilo."

No entanto, de acordo com Dantas, não é hora de especular a respeito dos motivos que supostamente levaram Bacellar a cometer suicídio. "Não creio que o melhor agora seja elaborar especulações. Há uma investigação em andamento, entrevistas com as pessoas mais próximas e análises médicas antes de sabermos os motivos", disse.

Missão

Questionado pela internauta de codinome Bibi se a morte do general brasileiro poderia afetar os trabalhos da missão de paz no Haiti, Dantas rejeitou a possibilidade.

"O momento para que um episódio como esse se reflita no trabalho diário já passou. Os soldados absorveram a notícia [da morte] no sábado e no domingo", disse o jornalista. "Todos com quem falei continuam envolvidos com o trabalho da mesma forma que antes da morte do general".

Dantas disse ainda que "é muito cedo para dizer se o suicídio do general tenha algo a ver com seu treinamento, ou com a situação do Haiti".

"Acredito que não só oficiais, mas todos os outros militares precisam ser treinados para situações como a que estão enfrentando no Haiti, aconselhados por psicólogos e acompanhados de perto por pessoal qualificado", afirmou Dantas. "Isso é obrigação das Forças Armadas".

Segundo o UOL, 466 internautas participaram do bate-papo.

"Iraque"

Questionado pelo internauta de codinome Tuca a respeito das declarações de Eliane Cantanhêde, que afirmou que "o Haiti é, guardadas as devidas proporções, o Iraque do Brasil", Dantas disse concordar com as declarações da jornalista.

"Os problemas dos EUA no Iraque, e do Brasil no Haiti, não se resumem a restrições da população contra as tropas. Há falta de investimentos, as forças locais não estão prontas, o país vem de séculos de instabilidade política, ditadores e toda sorte de problemas. Depositar as esperanças apenas nos militares é complicado".

Segundo Dantas, o Brasil deve permanecer no Haiti ao menos até o final de 2006. "Pessoalmente, acredito que o Brasil permanece até o final deste ano, mas seria preciso que o comitê eleitoral mantivesse a data das eleições e o povo elegesse um novo líder".

Credibilidade

O jornalista disse ainda que, aparentemente, o episódio da morte de Bacellar não afetou a credibilidade do Brasil no exterior. "Acredito que a real preocupação da ONU no episódio era perder a presença do Brasil", disse.

Segundo ele, "os representantes da ONU no Haiti souberam entender o caso como isolado, e tratá-lo como uma tragédia pessoal, em vez de ampliar a avaliação como sendo um problema crônico dos militares brasileiros no país".

Para Dantas, as questões que precisam ser resolvidas no Haiti vão muito além da ONU. "Há falta de coleta de lixo, iluminação pública, saneamento, empregos, educação, moradia. Se a ONU é burocrática e lenta, que outros assumam isso, e o setor privado é o único capaz", afirmou.

"Falta esse tino no Brasil. E falta esse tino nos países mais ricos. Há caridade, a Cruz Vermelha e os Médicos sem fronteiras estão lá. Mas ainda é muito pouco".

Carreira

Correspondente em Washington, Dantas foi enviado pela Folha a Porto Príncipe para acompanhar as investigações sobre as circunstâncias da morte e conferir a situação das forças de paz pouco antes das eleições gerais no país.

Folha Imagem
O jornalista Iuri Dantas


Na Folha desde 2001, Iuri Dantas cursou jornalismo na Universidade Estadual do Rio. Trabalhou na editoria de Cotidiano, em São Paulo, e em 2002 foi transferido para a Sucursal de Brasília para acompanhar as eleições. Durante o governo Lula, cobriu Ministério da Justiça, Polícia Federal e Abin, entre outros órgãos do governo federal.

Os bate-papos são abertos ao público em geral, mesmo para quem não é assinante da Folha ou do UOL. Para participar, basta estar conectado à internet e acessar o site da Folha Online, no www.folha.com.br.

Do site, o internauta é levado para seção de bate-papos do UOL. O internauta tem, então, que digitar um "pseudônimo", o nome pelo qual aparecerá na sala, e seguir os procedimentos de segurança do UOL para entrar no chat.

Especial
  • Confira como foram os bate-papos anteriores
  • Confira a íntegra do bate-papo com Iuri Dantas
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