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22/01/2006 - 18h59

Sanções fariam Bolívia se aproximar de Chávez, diz analista

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da Efe, em Washington

Não haverá lua-de-mel entre a Bolívia e os EUA no governo de Evo Morales mas, se Washington tomar medidas drásticas contra o país andino, só lhe restará cair nos braços do presidente da Venezuela, afirmam analistas.

As duas principais promessas eleitorais de Morales vão contra a política do Governo dos EUA. O líder indígena quer a legalização do cultivo da coca e mais controle pelo Estado dos hidrocarbonetos, que são a grande riqueza do país.

Por ideologia, Washington se opõe à intervenção estatal no setor energético, mas suas empresas têm menos interesses na Bolívia que as de Brasil, Argentina e Espanha.

Michael Shifter, vice-presidente do centro de estudos do Diálogo Interamericano, acredita que o ponto central de tensão com La Paz deverá ser a coca.

Mas Washington ainda não decidiu o que fará se Morales cumprir o prometido, de acordo com especialistas consultados pela Efe.Até agora, a Casa Branca falou pouco. Na sexta-feira, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que espera que Morales mantenha a cooperação na luta contra os narcóticos.

"Faremos uma avaliação de que tipo de relação terão os EUA e a Bolívia com base na política que ele decidir seguir", declarou o porta-voz. O perigo do confronto está latente. Shifter alertou que "existe o risco de que a linha dura nas duas capitais se fortaleça, o que resultaria em uma política de choque".

Atualmente a Bolívia recebe de Washington US$ 150 milhões para a erradicação dos cultivos de coca e a luta contra o narcotráfico, segundo os cálculos do analista. Já a ajuda para o desenvolvimento é bem menor.

"Uma relação muito tensa (entre Bolívia e Washington) consolidaria ainda mais a relação entre Morales e Chávez, o que não é positivo para os EUA", defendeu Cynthia McClintock, professora da Universidade George Washington.

Durante a visita de Morales a Caracas em 3 de janeiro, Chávez anunciou que doará à Bolívia US$ 30 milhões para obras sociais e fornecerá combustível em troca de alimentos, em um valor total de US$ 150 milhões por ano.

Além do temor de abrir espaço para Chávez, há um desejo de Washington de não se meter em mais problemas no exterior, opinou Marc Chernick, professor da Universidade Georgetown de Washington, considerando as dificuldades no Iraque e a prioridade dada à guerra contra o terrorismo.

Embora as posições da Casa Branca e de Morales sobre as drogas pareçam antagônicas, há espaço para um acordo, disseram os especialistas.

Morales, que entrou na cena política como representante de camponeses cocaleiros, quer eliminar as atuais restrições ao cultivo da coca, usada na medicina tradicional, ritos indígenas e como ingrediente de pasta de dentes, chá e até chiclete.

Mas o novo presidente prometeu combater sua transformação em cocaína, o que abriria a porta para o diálogo com Washington.

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