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27/03/2006
-
13h31
GUILHERME GORGULHO
da Folha Online
Apesar de todas as pesquisas de intenção de voto apontarem a vitória do Kadima (centro), partido criado pelo premiê Ariel Sharon [afastado do cargo por motivo de saúde], e conseqüentemente do candidato e atual premiê interino Ehud Olmert nas eleições israelenses, ações terroristas podem alterar o resultado do pleito.
"Em algumas das eleições passadas, o Hamas [grupo terrorista e partido político] e outras organizações extremistas cometeram grandes ataques terroristas calculadamente na véspera das eleições que provocaram mudanças nos votos para partidos de direita contrários a concessões, a fim de, desta maneira, enfraquecer os acordos de paz com os palestinos pelo lado israelense", afirmou Brenda Shaffer, 42, professora das universidades de Harvard (EUA) e Haifa (Israel) especializada em relações internacionais do Oriente Médio, em entrevista à Folha Online, por e-mail.
Nesta terça-feira, cerca de 5 milhões de eleitores vão às urnas para eleger os 120 membros do Knesset, o Parlamento unicameral do país.
Segurança
Nas vésperas da eleição, quando ainda cerca de 20% do eleitorado não definiu seu voto, o governo de Israel reforçou a segurança a fim de evitar possíveis ataques de extremistas islâmicos. O serviço de inteligência israelense informou que existem mais de dez alertas específicos de atentados de grupos radicais palestinos antes do pleito.
As negociações diplomáticas que buscam solucionar o conflito israelo-palestino foram surpreendentemente interrompidas pela eleição do movimento islâmico extremista Hamas para o Parlamento palestino no último dia 25 de janeiro.
Depois de o governo de Sharon ter concluído a histórica retirada unilateral da faixa de Gaza e parte da Cisjordânia, em setembro do ano passado, Olmert, herdeiro político de Sharon, prepara-se para adotar mais medidas sem consultar os representantes palestinos. Se as urnas confirmarem o favoritismo do Kadima, o premiê interino pretende, em um novo mandato, tirar colonos e tropas das grandes áreas majoritariamente ocupadas por árabes na Cisjordânia.
Muro
O projeto de redesenhar a fronteira de Israel --incluindo alguns dos principais assentamentos judaicos-- nos próximos quatro anos contraria os objetivos de acordos negociados com os palestinos previstos no plano de paz internacional.
"Se os palestinos cometerem um grande atentado terrorista nas vésperas da eleição, isso vai causar um impacto nos resultados. Com exceção de um fato desta natureza, parece que o Kadima será o principal partido liderando a coalizão", disse Shaffer.
Desde que Sharon decidiu, em novembro último, deixar o tradicional partido de direita Likud para fundar o Kadima, atraindo aliados de seu antigo partido e também trabalhistas históricos como Shimon Peres, o cenário político do país foi redesenhado.
Pesquisas de intenção de voto mostram que o Kadima deve obter o maior número de cadeiras entre os 31 partidos que disputam o pleito, seguido pelo Partido Trabalhista (centro-esquerda), do líder sindical Amir Peretz, e pelo Likud (direita), do ex-premiê Binyamin Netanyahu.
Após Sharon, 78, ter sofrido um AVC (acidente vascular cerebral, termo técnico para designar um derrame), em 4 de janeiro último, Olmert assumiu provisoriamente o cargo de chefe de governo e deu continuidade ao programa político implementado pelo premiê, com destaque para o apoio ao plano de paz internacional patrocinado pelo Quarteto (Nações Unidas, Estados Unidos, União Européia e Rússia).
Impaciência
A impaciência da administração de Olmert com a indefinição sobre a formação do novo governo palestino --cujo gabinete deve ser anunciado ainda nesta semana com a posse do novo Parlamento-- pode levar a outras decisões intransigentes sobre pontos negociados até então com o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas.
"Até agora, a retirada de Gaza realizada desta maneira [unilateral] foi muito bem sucedida. Os israelenses estão prontos para dar outro passo desta forma", avalia Shaffer.
Para a especialista, uma das maiores surpresas da campanha eleitoral foi a pouca discussão sobre o posicionamento do país ante o novo governo palestino liderado pelo Hamas, que não reconhece Israel e defende posturas radicais para solucionar o conflito.
"Surpreendentemente, esse não foi um dos assuntos principais das eleições. Parece que há um consenso de que isso é um grande desafio e que isso terá de ser negociado atenciosamente e sistematicamente depois das eleições", afirmou Shaffer.
Destaques
Para ela, outras questões que normalmente ficavam em segundo plano na agenda eleitoral agora passaram a ganhar destaque nos discursos dos candidatos.
"Graças à reorganização do mapa político de Israel, com o surgimento do partido centrista Kadima, finalmente os temas sociais e econômicos estão se tornando um fator determinante para diferenciar os partidos. Sobre a questão das fronteiras, parece que finalmente foi alcançado um amplo consenso. Além disso, visto que a opinião dominante em Israel parece apoiar as retiradas unilaterais israelenses, como na retirada da faixa de Gaza, não é preciso um parceiro palestino no comando para dar continuidade a esta política", disse Shaffer."
Com este cenário previamente definido apontado pelas pesquisas, a dúvida que persiste é a respeito da composição do futuro governo de coalizão liderado por Olmert à frente do Kadima, que não deve obter as 61 cadeiras necessárias no Knesset para formar um gabinete sozinho. Os partidos devem receber ao menos 2% dos votos para conseguir uma vaga no Parlamento. Em 2003, 28 legendas disputaram as eleições, mas somente 13 conquistaram cadeiras no Legislativo.
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da Folha Online
Apesar de todas as pesquisas de intenção de voto apontarem a vitória do Kadima (centro), partido criado pelo premiê Ariel Sharon [afastado do cargo por motivo de saúde], e conseqüentemente do candidato e atual premiê interino Ehud Olmert nas eleições israelenses, ações terroristas podem alterar o resultado do pleito.
"Em algumas das eleições passadas, o Hamas [grupo terrorista e partido político] e outras organizações extremistas cometeram grandes ataques terroristas calculadamente na véspera das eleições que provocaram mudanças nos votos para partidos de direita contrários a concessões, a fim de, desta maneira, enfraquecer os acordos de paz com os palestinos pelo lado israelense", afirmou Brenda Shaffer, 42, professora das universidades de Harvard (EUA) e Haifa (Israel) especializada em relações internacionais do Oriente Médio, em entrevista à Folha Online, por e-mail.
Nesta terça-feira, cerca de 5 milhões de eleitores vão às urnas para eleger os 120 membros do Knesset, o Parlamento unicameral do país.
Segurança
Nas vésperas da eleição, quando ainda cerca de 20% do eleitorado não definiu seu voto, o governo de Israel reforçou a segurança a fim de evitar possíveis ataques de extremistas islâmicos. O serviço de inteligência israelense informou que existem mais de dez alertas específicos de atentados de grupos radicais palestinos antes do pleito.
As negociações diplomáticas que buscam solucionar o conflito israelo-palestino foram surpreendentemente interrompidas pela eleição do movimento islâmico extremista Hamas para o Parlamento palestino no último dia 25 de janeiro.
Depois de o governo de Sharon ter concluído a histórica retirada unilateral da faixa de Gaza e parte da Cisjordânia, em setembro do ano passado, Olmert, herdeiro político de Sharon, prepara-se para adotar mais medidas sem consultar os representantes palestinos. Se as urnas confirmarem o favoritismo do Kadima, o premiê interino pretende, em um novo mandato, tirar colonos e tropas das grandes áreas majoritariamente ocupadas por árabes na Cisjordânia.
Muro
O projeto de redesenhar a fronteira de Israel --incluindo alguns dos principais assentamentos judaicos-- nos próximos quatro anos contraria os objetivos de acordos negociados com os palestinos previstos no plano de paz internacional.
"Se os palestinos cometerem um grande atentado terrorista nas vésperas da eleição, isso vai causar um impacto nos resultados. Com exceção de um fato desta natureza, parece que o Kadima será o principal partido liderando a coalizão", disse Shaffer.
Desde que Sharon decidiu, em novembro último, deixar o tradicional partido de direita Likud para fundar o Kadima, atraindo aliados de seu antigo partido e também trabalhistas históricos como Shimon Peres, o cenário político do país foi redesenhado.
Pesquisas de intenção de voto mostram que o Kadima deve obter o maior número de cadeiras entre os 31 partidos que disputam o pleito, seguido pelo Partido Trabalhista (centro-esquerda), do líder sindical Amir Peretz, e pelo Likud (direita), do ex-premiê Binyamin Netanyahu.
Após Sharon, 78, ter sofrido um AVC (acidente vascular cerebral, termo técnico para designar um derrame), em 4 de janeiro último, Olmert assumiu provisoriamente o cargo de chefe de governo e deu continuidade ao programa político implementado pelo premiê, com destaque para o apoio ao plano de paz internacional patrocinado pelo Quarteto (Nações Unidas, Estados Unidos, União Européia e Rússia).
Impaciência
A impaciência da administração de Olmert com a indefinição sobre a formação do novo governo palestino --cujo gabinete deve ser anunciado ainda nesta semana com a posse do novo Parlamento-- pode levar a outras decisões intransigentes sobre pontos negociados até então com o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas.
"Até agora, a retirada de Gaza realizada desta maneira [unilateral] foi muito bem sucedida. Os israelenses estão prontos para dar outro passo desta forma", avalia Shaffer.
Para a especialista, uma das maiores surpresas da campanha eleitoral foi a pouca discussão sobre o posicionamento do país ante o novo governo palestino liderado pelo Hamas, que não reconhece Israel e defende posturas radicais para solucionar o conflito.
"Surpreendentemente, esse não foi um dos assuntos principais das eleições. Parece que há um consenso de que isso é um grande desafio e que isso terá de ser negociado atenciosamente e sistematicamente depois das eleições", afirmou Shaffer.
Destaques
Para ela, outras questões que normalmente ficavam em segundo plano na agenda eleitoral agora passaram a ganhar destaque nos discursos dos candidatos.
"Graças à reorganização do mapa político de Israel, com o surgimento do partido centrista Kadima, finalmente os temas sociais e econômicos estão se tornando um fator determinante para diferenciar os partidos. Sobre a questão das fronteiras, parece que finalmente foi alcançado um amplo consenso. Além disso, visto que a opinião dominante em Israel parece apoiar as retiradas unilaterais israelenses, como na retirada da faixa de Gaza, não é preciso um parceiro palestino no comando para dar continuidade a esta política", disse Shaffer."
Com este cenário previamente definido apontado pelas pesquisas, a dúvida que persiste é a respeito da composição do futuro governo de coalizão liderado por Olmert à frente do Kadima, que não deve obter as 61 cadeiras necessárias no Knesset para formar um gabinete sozinho. Os partidos devem receber ao menos 2% dos votos para conseguir uma vaga no Parlamento. Em 2003, 28 legendas disputaram as eleições, mas somente 13 conquistaram cadeiras no Legislativo.
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