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29/03/2006
-
10h14
da France Presse, em Paris
da Folha Online
Um dia depois de uma jornada de mobilização sem precedentes contra uma polêmica lei trabalhista, especificamente dobre o contrato do primeiro emprego (CPE), o presidente Jacques Chirac enfrenta pressão de diferentes setores para que intervenha e obrigue o primeiro-ministro Dominique de Villepin a ceder.
Diante desses pedidos, Chirac optou por se manifestar nos próximos dias a respeito do CPE, mas sem precisar a data exata nem a forma de seu discurso, segundo assessores.
A lei, destinada aos jovens de menos de 26 anos e que permite, entre outras coisa, a demissão sem justificativa [nem indenização] durante um período de dois anos, é a origem da crise atual que já dura oito semanas.
As manifestações desta terça-feira, as mais importantes na França em pelo menos 20 anos, reuniram entre 1 milhão e três milhões de pessoas [segundo estimativas da polícia e da organização dos manifestantes, respectivamente].
Villepin, que parece esperar o desgaste do movimento, voltou a demonstrar rejeição à retirada do CPE ontem.
Fortalecidos em sua estratégia pela magnitude da mobilização, os dirigentes das cinco principais centrais sindicais francesas optaram por recorrer diretamente ao presidente francês. Em uma carta comum, divulgada na noite desta terça-feira, os sindicatos exigiram uma nova deliberação no Parlamento sobre a lei que criou o CPE, votada no começo de março.
Os dirigentes sindicais pedem ao presidente que analise até que ponto a crise atual é fonte de exasperação e de tensões no país.
Como uma mostra da gravidade da situação, o presidente cancelou uma viagem que devia fazer na quinta-feira para inaugurar o novo porto de Le Havre (oeste). O Conselho Constitucional, máxima instância institucional francesa, deve se pronunciar nesta mesma quinta-feira a respeito da validade da lei sobre a igualdade de oportunidades, que institui o CPE, nova etapa-chave da crise que passou do terreno social para o político.
Se o conselho determinar que o CPE se ajusta à Carta Magna francesa, a decisão ficará nas mãos do presidente da República.
Este último tem 15 dias para promulgar a lei ou pedir ao Parlamento uma nova deliberação, regra utilizada em raras ocasiões.
Os dirigentes da oposição de esquerda, entre eles o líder do Partido Socialista François Hollande e sua mulher, Segolène Royal, que sobe a cada dia nas pesquisas de popularidade, pediram a Chirac que intervenha rapidamente. "Quando há uma ruptura grave no seio do país, cabe ao chefe de Estado intervir", declarou Royal.
Essa ruptura também se manifestou na base da direita, isolando ainda mais o primeiro-ministro, abandonado pouco a pouco pelo ministro francês do Interior, Nicolas Sarkozy, que também é presidente do partido União por um Movimento Popular (UMP), o mesmo de Chirac.
Em uma entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal "Le Parisien", Sarkozy, grande rival de Villepin na candidatura da direita à eleição presidencial de 2007, considera que "uma verdadeira negociação deve ser iniciada sem premissas". "A situação atual é vetor de grandes perigos", acrescentou.
Na UMP, 90% dos parlamentares são a favor da suspensão do CPE, segundo um dos conselheiros do ministro do Interior.
A crise social vem acompanhada de uma crise política que coloca Villepin e Chirac em uma das mais difíceis situações, considerou nesta quarta-feira o jornal econômico "Les Echos".
O perigo de uma exacerbação do conflito ficou novamente comprovado com os violentos incidentes, protagonizados por vândalos provenientes dos subúrbios, que ocorreram durante as manifestações em várias cidades do país e em Paris.
Quase 2.500 pessoas foram presas desde que as manifestações começaram há dois meses --500 delas apenas ontem, durante as manifestações.
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Chirac sofre pressão para obrigar Villepin a ceder
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da Folha Online
Um dia depois de uma jornada de mobilização sem precedentes contra uma polêmica lei trabalhista, especificamente dobre o contrato do primeiro emprego (CPE), o presidente Jacques Chirac enfrenta pressão de diferentes setores para que intervenha e obrigue o primeiro-ministro Dominique de Villepin a ceder.
Diante desses pedidos, Chirac optou por se manifestar nos próximos dias a respeito do CPE, mas sem precisar a data exata nem a forma de seu discurso, segundo assessores.
A lei, destinada aos jovens de menos de 26 anos e que permite, entre outras coisa, a demissão sem justificativa [nem indenização] durante um período de dois anos, é a origem da crise atual que já dura oito semanas.
As manifestações desta terça-feira, as mais importantes na França em pelo menos 20 anos, reuniram entre 1 milhão e três milhões de pessoas [segundo estimativas da polícia e da organização dos manifestantes, respectivamente].
Villepin, que parece esperar o desgaste do movimento, voltou a demonstrar rejeição à retirada do CPE ontem.
28.mar.2006/Reuters |
Mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas em toda a França em protesto. Veja mais fotos |
Os dirigentes sindicais pedem ao presidente que analise até que ponto a crise atual é fonte de exasperação e de tensões no país.
Como uma mostra da gravidade da situação, o presidente cancelou uma viagem que devia fazer na quinta-feira para inaugurar o novo porto de Le Havre (oeste). O Conselho Constitucional, máxima instância institucional francesa, deve se pronunciar nesta mesma quinta-feira a respeito da validade da lei sobre a igualdade de oportunidades, que institui o CPE, nova etapa-chave da crise que passou do terreno social para o político.
Se o conselho determinar que o CPE se ajusta à Carta Magna francesa, a decisão ficará nas mãos do presidente da República.
Este último tem 15 dias para promulgar a lei ou pedir ao Parlamento uma nova deliberação, regra utilizada em raras ocasiões.
Os dirigentes da oposição de esquerda, entre eles o líder do Partido Socialista François Hollande e sua mulher, Segolène Royal, que sobe a cada dia nas pesquisas de popularidade, pediram a Chirac que intervenha rapidamente. "Quando há uma ruptura grave no seio do país, cabe ao chefe de Estado intervir", declarou Royal.
Essa ruptura também se manifestou na base da direita, isolando ainda mais o primeiro-ministro, abandonado pouco a pouco pelo ministro francês do Interior, Nicolas Sarkozy, que também é presidente do partido União por um Movimento Popular (UMP), o mesmo de Chirac.
Em uma entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal "Le Parisien", Sarkozy, grande rival de Villepin na candidatura da direita à eleição presidencial de 2007, considera que "uma verdadeira negociação deve ser iniciada sem premissas". "A situação atual é vetor de grandes perigos", acrescentou.
Na UMP, 90% dos parlamentares são a favor da suspensão do CPE, segundo um dos conselheiros do ministro do Interior.
A crise social vem acompanhada de uma crise política que coloca Villepin e Chirac em uma das mais difíceis situações, considerou nesta quarta-feira o jornal econômico "Les Echos".
O perigo de uma exacerbação do conflito ficou novamente comprovado com os violentos incidentes, protagonizados por vândalos provenientes dos subúrbios, que ocorreram durante as manifestações em várias cidades do país e em Paris.
Quase 2.500 pessoas foram presas desde que as manifestações começaram há dois meses --500 delas apenas ontem, durante as manifestações.
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