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25/04/2006 - 17h47

Após 20 anos, milhares ainda sofrem conseqüências de Tchernobil

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JULIANA CARPANEZ
da Folha Online

Há 20 anos, a ex-União Soviética serviu de cenário para o maior acidente nuclear da história: a explosão da usina nuclear de Tchernobil.

A tragédia, que durante três dias foi mantida em segredo pelos soviéticos, resultou em milhares de mortes, desenvolvimento de cânceres, contaminação do solo e graves conseqüências psicológicas entre aqueles que deixaram suas casas para trás, aproximadamente 350 mil pessoas.

"Este foi o maior acidente nuclear por conta do número de pessoas atingidas e também pelas altas doses de radiação. Considerando estes dois fatores, o acidente de Tchernobil supera os danos causados em Hiroshima e Nagasaki --cidades japonesas bombardeadas no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)", afirma Sandra Bellintani, pesquisadora da área de radioproteção do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares).

Como os elementos liberados pela explosão demoram séculos para perder a radioatividade --300 anos somente no caso do césio 137--, as regiões mais afetadas continuam trabalhando para minimizar os efeitos da tragédia. Nesta semana, o presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, pediu ajuda financeira à comunidade internacional.

"Precisamos nos livrar do estereótipo de Tchernobil como uma inflamação incurável no corpo da Ucrânia. Tchernobil deve enfrentar uma nova era marcada pela recuperação", disse Yushchenko nesta segunda-feira (24), durante um evento internacional sobre radiação. Na ocasião, o presidente ucraniano também lembrou que seu país já investiu US$ 15 bilhões para minimizar as conseqüências do acidente.

Conformismo

Reuters
Ambientalistas protestam contra energia nuclear 20 anos após tragédia de Tchernobil
Apesar dos pedidos de ajuda, informações atuais apontam um triste cenário: duas décadas depois da tragédia ainda há pessoas expostas ao perigo. Em uma região da Ucrânia, citada pela France Presse, ao menos 350 camponeses vivem em uma área proibida próxima à usina.

E como eles vivem? Para se alimentar, cultivam verduras e criam animais, como qualquer camponês, só que, no caso deles, os alimentos são "um verdadeiro veneno" --como os elementos radioativos se espalharam pelo ar e também se depositaram no solo, este tipo de alimentação contribui para o aumento das doses de radiação. "De qualquer maneira, a morte vai chegar um dia", afirma a camponesa Maria Tchetchenko, 65, citada pela France Presse.

Este tipo de comportamento conformista é uma das marcas da população afetada pela tragédia. Segundo um relatório da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), a quebra de círculos sociais, a iminência de doenças e o abandono de suas casas criam entre a população sentimentos de depressão, ansiedade e também sintomas físicos inexplicáveis.

Os efeitos psicológicos são também bastante parecidos entre aqueles que passaram pela experiência de Tchernobil e os sobreviventes de ataques atômicos [como os de Hiroshima e Nagasaki]. Classificados globalmente como "vítimas de Chernobyl", muitos se consideram inválidos. "Eles não se vêem como sobreviventes, mas sim como pessoas fracas que não têm nenhum controle sobre seu futuro", conclui o relatório da agência da ONU.

Com agências internacionais

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