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02/06/2006 - 19h53

Investigação militar inocenta tropas por morte de civis no Iraque

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da Folha Online

Uma investigação militar sobre a ação americana que matou em março 11 civis de uma localidade ao norte de Bagdá concluiu que as tropas não tiveram uma conduta imprópria no ataque, informaram nesta sexta-feira autoridades da defesa dos EUA.

O inquérito inocentou as tropas alegando que os soldados seguiram os procedimentos corretos ao aumentar a intensidade do ataque quando foram alvejados ao se aproximar do prédio onde acreditavam que terroristas da Al Qaeda se escondiam em Ishaqi, explicaram as autoridades.

15.mar.2006/AP
Iraquianos examinam casa destruída por ataque que supostamente matou 11 civis em Ishaqi
Nenhuma tropa cometeu atos que mereçam alguma sanção por indisciplina, concluiu a investigação, de acordo com as fontes, que pediram para não ter suas identidades reveladas, já que os resultados ainda não foram tornados públicos.

A polícia de Ishaqi, 100 km ao norte de Bagdá, havia dito que seis adultos e cinco crianças morreram baleadas durante um ataque de militares dos EUA a uma casa em 15 de março.

O Exército americano, entretanto, sustenta que foram quatro os mortos no incidente, incluindo um rebelde, duas mulheres e uma criança. E que as vítimas morreram depois que soldados foram atacados com tiros vindos da casa quando chegavam para prender um suposto membro da Al Qaeda.

O incidente em Ishaqi foi um dos vários episódios envolvendo mortes de civis no Iraque, que ainda estão sob investigação dos militares americanos.

O caso mais notório ocorreu em Haditha, oeste de Bagdá, em 19 de novembro. Os EUA investigam se marines promoveram um ato de vingança depois que um colega foi morto por uma bomba em uma estrada.

Os fuzileiros navais teriam matado 24 civis, incluindo mulheres e crianças. Autoridades americanas disseram que os fuzileiros poderiam ser julgados, inclusive por assassinato.

Vídeo

A rede britânica BBC divulgou um vídeo que questiona o relatório sobre o incidente. Em março, os EUA haviam informado a morte de quatro pessoas em uma operação em Ishaqi, mas a polícia iraquiana afirmou que foram 11 as vítimas.

De acordo com a versão americana, a construção desabou, o que causou a morte de quatro pessoas.

No entanto, a polícia iraquiana acusou as forças dos EUA de atirar deliberadamente nas 11 pessoas --entre elas cinco crianças e quatro mulheres, antes de explodir a casa.

O vídeo da BBC mostra vários mortos, adultos e crianças, com aparentes marcas de tiros.

Rotina

O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, afirmou nesta sexta-feira que ataques de soldados dos Estados Unidos contra civis se tornaram um fenômeno "diário" no Iraque, e que as tropas americanas "não têm nenhum respeito pelo povo iraquiano".

"Eles os massacram com veículos militares e os matam apenas por uma pequena suspeita", afirmou. "Ataques contra civis serão uma peça-chave na decisão sobre o período que as forças americanas ainda continuarão no Iraque."

As declarações foram dadas em meio à polêmica a respeito de suposto massacre promovido por marines na cidade de Haditha.

Dois inquéritos militares investigam as mortes --registradas em uma área de grande atividade insurgente. Autoridades militares e líderes do Congresso suspeitam que no episódio em Haditha os civis foram mortos pelos marines sem qualquer justificativa.

Sobreviventes relataram que homens, mulheres e crianças foram alvejados na cabeça e no peito a uma curta distância. O governo iraquiano prometeu realizar uma investigação própria.

Em Bagdá, autoridades exigiram um pedido de desculpas e uma explicação dos EUA a respeito.

"Nós condenamos este crime e exigimos que as forças de coalizão apresentem uma razão para este massacre", afirmou Salam al Zubaie, um dos principais líderes sunitas do novo governo.

"Farsa"

Nesta quinta-feira, o jornal americano "The Washington Post" informou que um inquérito militar dos EUA sobre a atuação dos marines irá concluir que alguns oficiais prestaram falsas informações aos seus superiores, que falharam ao verificar os dados.

Segundo o jornal, a investigação de três meses de duração também deve pedir mudanças no modo com que que as tropas americanas são treinadas para operações no Iraque.

De acordo com o "Post", o Exército admitiu que houve "erros", mas se recusou a dizer se isso seria um "acobertamento" do episódio. Segundo o jornal, um relatório final sobre o inquérito deve ser entregue à cúpula do Exército até o final desta semana.

Antes mesmo da entrega do relatório final, o general George W. Casey, principal comandante dos EUA no Iraque, ordenou que todas as tropas americanas e aliadas sejam submetidas a novos "valores básicos" nos treinamentos.

O presidente americano, George W.Bush, comentou hoje a polêmica pela segunda vez.

"É claro que as denúncias são muito preocupantes para mim, para o nosso Exército e para a corporação dos marines", afirmou Bush nesta sexta-feira. Na quarta-feira (1), Bush prometeu punir os culpados caso eles tenham "violado a lei".

Com agências internacionais

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