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06/07/2006
-
10h57
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Washington
Sempre que há um lançamento suspeito de míssil, o telefone de Charles Vick toca. Ele é o maior especialista no assunto da ONG Global Security, baseada em Washington, onde estuda o tema desde o auge da Guerra Fria. Pois para ele, os novos lançamentos não passam de pantomima do líder norte-coreano. Abaixo, trechos de sua entrevista à Folha.
Folha - Por que os testes?
Charles Vick - É uma provocação --embora provocação não seja algo que usemos para definir relação entre países-- para atrair a atenção do governo Bush. A Coréia do Norte quer ditar o ritmo das negociações em seis partes, mas não acho que a Casa Branca esteja disposta a aceitar isso. Com o ato, Kim Jong-il se isola ainda mais do mundo e força os outros países a refazer seus cálculos.
Folha - E por que 4 de julho, Dia da Independência dos EUA?
Vick - [Risos] É um teatro político, não há dúvida. Essa teatralidade é típica do jeito com que a cabeça de Kim Jong-il funciona, esse jeito de usar modos específicos para obter metas específicas. O governo Bush está mais ou menos a par do jogo e não deve responder como ele quer.
Folha - A resposta da Casa Branca foi mais branda do que esperado. A opção militar está fora?
Vick - Seria a última opção, até pelo impacto sobre a população da Coréia do Sul, que é o alvo primeiro do vizinho. Os danos colaterais seriam inaceitáveis. A diplomacia é a única via agora. Mas deve ser um esforço multinacional.
Folha - O sr. não acha que o governo Bush errou ao interromper as conversas bilaterais?
Vick - Sim, mas não vejo grandes conseqüências. A Coréia do Norte não pode ignorar deliberadamente as regras internacionais se quer fazer parte do mundo.
Folha - William Perry, ex-secretário da Defesa de Bill Clinton, disse que, se a Coréia do Norte testasse mísseis, os EUA deveriam derrubá-los. O sr. concorda?
Vick - Sim, se fossem mísseis armados e dirigidos aos EUA. Mas não foi o que aconteceu. Um teste de míssil não é um risco imediato. Mas eles voltarão a tentar, então isso pode mudar.
Folha - O sr. vê margem para mudança de regime no país?
Vick - Vai chegar um momento em que a população se cansará do regime ditatorial de Jong-il e tentará derrubá-lo, mas por enquanto há muita submissão. O povo vive num grande vácuo em relação ao mundo, algo traumático. Os próprios militares podem optar pelo golpe. Os EUA têm de pensar em como estimular isso e medir a reação do mundo, que pode ser positiva ou muito negativa.
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da Folha de S.Paulo, em Washington
Sempre que há um lançamento suspeito de míssil, o telefone de Charles Vick toca. Ele é o maior especialista no assunto da ONG Global Security, baseada em Washington, onde estuda o tema desde o auge da Guerra Fria. Pois para ele, os novos lançamentos não passam de pantomima do líder norte-coreano. Abaixo, trechos de sua entrevista à Folha.
Folha - Por que os testes?
Charles Vick - É uma provocação --embora provocação não seja algo que usemos para definir relação entre países-- para atrair a atenção do governo Bush. A Coréia do Norte quer ditar o ritmo das negociações em seis partes, mas não acho que a Casa Branca esteja disposta a aceitar isso. Com o ato, Kim Jong-il se isola ainda mais do mundo e força os outros países a refazer seus cálculos.
Folha - E por que 4 de julho, Dia da Independência dos EUA?
Vick - [Risos] É um teatro político, não há dúvida. Essa teatralidade é típica do jeito com que a cabeça de Kim Jong-il funciona, esse jeito de usar modos específicos para obter metas específicas. O governo Bush está mais ou menos a par do jogo e não deve responder como ele quer.
Folha - A resposta da Casa Branca foi mais branda do que esperado. A opção militar está fora?
Vick - Seria a última opção, até pelo impacto sobre a população da Coréia do Sul, que é o alvo primeiro do vizinho. Os danos colaterais seriam inaceitáveis. A diplomacia é a única via agora. Mas deve ser um esforço multinacional.
Folha - O sr. não acha que o governo Bush errou ao interromper as conversas bilaterais?
Vick - Sim, mas não vejo grandes conseqüências. A Coréia do Norte não pode ignorar deliberadamente as regras internacionais se quer fazer parte do mundo.
Folha - William Perry, ex-secretário da Defesa de Bill Clinton, disse que, se a Coréia do Norte testasse mísseis, os EUA deveriam derrubá-los. O sr. concorda?
Vick - Sim, se fossem mísseis armados e dirigidos aos EUA. Mas não foi o que aconteceu. Um teste de míssil não é um risco imediato. Mas eles voltarão a tentar, então isso pode mudar.
Folha - O sr. vê margem para mudança de regime no país?
Vick - Vai chegar um momento em que a população se cansará do regime ditatorial de Jong-il e tentará derrubá-lo, mas por enquanto há muita submissão. O povo vive num grande vácuo em relação ao mundo, algo traumático. Os próprios militares podem optar pelo golpe. Os EUA têm de pensar em como estimular isso e medir a reação do mundo, que pode ser positiva ou muito negativa.
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