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26/07/2006 - 18h42

ONU quer apuração conjunta sobre morte de observadores no Líbano

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da Folha Online

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, defendeu nesta quarta-feira a participação de especialistas das Nações Unidas na investigação que o governo israelense vai realizar sobre o ataque que matou quatro observadores da ONU no sul do Líbano, informou uma porta-voz da organização.

Annan reiterou sua posição de que o ataque israelense contra a Força Internacional das Nações Unidas no Líbano (Unifil, na sigla em inglês) foi deliberado, apesar de aceitar as desculpas do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, que disse que a ação militar foi um "erro trágico".

A porta-voz da ONU, Marie Okabe, disse que Annan acredita que a ofensiva foi "deliberada", com base no tipo de armamento disparado e nos sucessivos ataques contra a Unifil.

"A base já tinha recebido ataques em suas cercanias, apesar dos repetidos protestos e pedidos da ONU a Israel. O tipo de ataque que aconteceu implica em que alguém determinou o alvo", disse Okabe.

Apesar disso, a porta-voz disse que Annan não responsabiliza "ninguém concretamente" pela ofensiva e recebeu positivamente a decisão do governo israelense de iniciar uma investigação.

Os observadores da ONU mortos ontem em ataque de Israel --que lançou mais de 14 bombas à região onde ficava o posto da organização, no sul do Líbano-- enviaram dez avisos sobre sua localização e pedidos de cuidado ao Exército israelense seis horas antes de serem atingidos por um míssil certeiro, segundo oficial das Nações Unidas citado pela CNN.

O prédio Unifil ficou destruído e três dos quatro corpos das vítimas foram retirados dos escombros na manhã desta quarta-feira.

A crise de violência entre Israel e Líbano teve início no último dia 12, após o grupo terrorista libanês Hizbollah seqüestrar dois soldados israelenses. A violência já deixou 400 mortos no Líbano, a maioria civis, e cerca de 40 mortos em Israel. Entre os mortos no Líbano, há sete brasileiros [três crianças].

Detalhes

Em nome de Annan, que está em Roma, a subsecretária-geral de Operações de Manutenção da Paz, Jane Lute, apresentou hoje ao Conselho de Segurança da ONU um relatório sobre como o incidente aconteceu.

A Unifil, segundo Lute, suportou na terça-feira um total de 21 ataques israelenses a 300 metros da base de observação de Khiyam, no sul do Líbano, e outros 12 que aconteceram a 100 metros, dos quais quatro atingiram suas instalações militares.

"Ao contrário do que está ocorrendo em outras bases de observação da ONU, nas cercanias imediatas de Khiyam não ocorreu até o momento ataques das milícias do Hizbollah", acrescentou.

A alta funcionária denunciou que, inclusive quando estavam realizando os trabalhos de resgate dos quatro observadores militares, os disparos israelenses continuavam, apesar dos repetidos telefonemas ao Exército de Israel para que parasse a ofensiva.

Ela acrescentou que, no total, a Unifil registrou 145 incidentes de fogo próximo, dos quais 16 atingiram suas posições, com grandes danos aos edifícios, equipamentos e veículos.

Lute especificou que, enquanto os ataques à ONU pelas guerrilhas do Hizbollah são cometidos com armas pequenas, os disparos de Israel são aéreos e com armas de artilharia.

Os ataques acontecem no momento em que o Conselho de Segurança está estudando o futuro da Unifil, que acaba seu mandato em 31 de julho e que poderia ser substituída por uma força multinacional, como definiram os países participantes de uma conferência internacional realizada hoje em Roma.

Okabe disse que é possível que a ONU decida a retirada dos 50 observadores militares da Unifil para minimizar os riscos, à espera da decisão do Conselho sobre a extensão do mandato da operação de paz.

Annan deve convocar na próxima semana reunião com os governos que contribuem com tropas às missões de paz da ONU para avaliar quais estão dispostos a enviar efetivos ao Líbano.

"O que está se tentando neste momento é uma solução para a crise atual, e está liderando os esforços para encontrar tropas contribuintes para uma força multinacional", disse.

A Unifil, criada em 1978, é formada por quase 2.000 soldados e 50 observadores militares, que cumprem suas tarefas nos quatro postos de observação existentes na linha azul, criada pela ONU após a retirada israelense do sul do Líbano, em maio de 2000.

Militares

Os quatro observadores mortos ontem eram militares de nacionalidade chinesa, finlandesa, canadense e austríaca. Nesta quarta-feira, a China condenou o ataque e União Européia (UE) e outros países diretamente ligados às vítimas pediram uma investigação urgente sobre as condições do ataque.

Em resposta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mark Regev, afirmou que o ataque seria "investigado seriamente" e defendeu o Exército, alegando que seus soldados sempre tomam medidas para evitar bombardeios contra observadores da ONU que atuam no Líbano.

O premiê de Israel, Ehud Olmert, telefonou a Annan para dizer que "lamentava profundamente as mortes e o erro ocorrido".

Fracasso

Ministros das Relações Exteriores de 15 países participantes da conferência internacional sobre o Líbano, realizada nesta quarta-feira em Roma, pediram a formação urgente de uma força internacional sob o mandato da ONU para dar assistência à população libanesa. Apesar disso, eles não chegaram a nenhum acordo para exigir um cessar-fogo imediato.

Os pontos principais do documento final do encontro são a intenção de resolver a questão entre Israel e Líbano e o desejo de trabalhar por um cessar-fogo "duradouro e permanente", mas não há definições, nem prazos.

Nesta terça-feira, o Exército de Israel anunciou a criação de uma "zona de segurança" no sul do Líbano, que deverá ser monitorada pelos israelenses até que tropas internacionais assumam o controle. O ministro israelense da Defesa, Amir Peretz, disse que o território da "faixa de segurança" [no sul do Líbano e por toda a extensão da fronteira de Israel] será controlado indefinidamente.

"Cessar-fogo"

O primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, afirmou nesta quarta-feira que seu país irá exigir uma compensação de Israel pela "bárbara destruição" contra o povo libanês.

Em um discurso na conferência internacional em Roma sobre a crise no Líbano, Siniora pediu um cessar-fogo "amplo e imediato" após 15 dias de confrontos entre Israel e o grupo terrorista libanês Hizbollah, que tem base no sul do Líbano.

"Quanto mais adiarmos o cessar-fogo, testemunharemos mais mortes, mais destruição e mais agressão contra civis no Líbano", afirmou Siniora.

As exigências de Siniora incluem a retirada das forças israelenses do Líbano, para permitir que os libaneses retornem para suas casas, e um pedido de indenização a Israel.

"Israel não pode desrespeitar as leis internacionais por tempo indeterminado", afirmou.

Ameaça

Nesta quarta-feira, o líder do Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, disse que o combate contra Israel entrou em nova fase e que o grupo não aceitará condições "humilhantes" para chegar a um cessar-fogo.

Nasrallah também voltou a dizer que as incursões no sul do Líbano não conseguirão deter o lançamento de foguetes Katyusha contra o território de Israel, alegando que o conflito se dirige agora diretamente a Haifa [cidade israelense e principal alvo do Hizbollah]. "Esta é uma batalha pela soberania e independência do Líbano", disse.

Após Israel anunciar ontem a tomada da cidade de Bint Jbeil, classificada como a capital do Hizbollah, confrontos pesados deixaram cerca de 30 soldados israelenses feridos nesta quarta-feira.

Nesta quarta-feira, oito soldados morreram e 22 ficaram feridos em violentos confrontos no sul do Líbano, onde Israel tenta avançar em território libanês para tomar posições do Hizbollah.

Com agências internacionais

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