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20/08/2006
-
09h50
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
da Folha de S.Paulo, de Nova York
Nova York virou um canteiro de obras. Literalmente. Às vésperas do quinto aniversário do 11 de Setembro, a cidade executa um pacote de reformas e intervenções urbanas na perspectiva de ver a população inchar em um milhão de habitantes nos próximos anos.
"É o renascimento de Manhattan", disse à Folha o arquiteto-estrela Daniel Libeskind, autor do projeto da Freedom Tower, substituta do World Trade Center.
São ao menos 70 grandes empreendimentos como museus, parques, estúdios de cinema, estádios, dezenas de arranha-céus, teatros, píeres, clubes, hotéis e ciclovias ligando todas as áreas de lazer da cidade. Só as obras do Silvercup Studios, aos pés da Queensboro Bridge, vão consumir US$ 1 bilhão. Segundo a prefeitura, uma cidade do porte de São Francisco (Califórnia) estaria sendo construída sobre a atual Nova York.
A versão local da "operação belezura" (projeto da Prefeitura de São Paulo na gestão Marta Suplicy para limpar muros e fachadas da cidade) foi rapidamente batizada de "Tomorrowland" (Terra do Futuro, numa tradução livre).
Área fashion
A maior parte da revitalização se concentra em Manhattan, zona fashion e globalizada, que conserva traços urbanos tradicionais, mas as reformas incluem áreas como Brooklyn, Queens, Bronx e o Harlem.
"Não podemos apenas construir torres de 80 andares, como fizemos nos anos 60. Aprendemos a lição. É preciso investir em infra-estrutura, como metrô, trem, ônibus, parques, energia elétrica, lazer, qualidade de vida para a população", avalia Eric Gartner, da SPG Architects.
A iniciativa das obras surgiu de uma ação afirmativa em resposta aos atentados terroristas que puseram abaixo o World Trade Center e da derrota da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de 2012. Projetos elaborados para convencer o COI foram levados adiante e estão em fase de execução.
Segundo a secretária de planejamento da prefeitura, Amanda Burden, a cidade foi inteiramente zoneada de forma a exigir que as mudanças preservem as características originais dos bairros.
"A idéia é conectar as áreas de lazer. Será possível almoçar no gramado do parque à beira do rio East, passear de caiaque aos pés da ponte do Brooklyn e fazer alguma atividade cultural na Governors Island. Tudo no mesmo dia", afirma Burden.
O novo mapeamento da cidade permite agora a construção de prédios de até 40 andares às margens dos rios East e Hudson, o que reforça a silhueta de arranha-céus da cidade.
"Apenas uma Times Square não vai dar conta de tanto entretenimento", completa Eric Gartner.
Revitalização
Algumas das áreas menos aproveitadas de Manhattan, as tangentes da ilha, serão revitalizadas. Ciclovias e pistas de cooper já foram construídas em quase todo o entorno da região, e píeres com gramados para banhos de sol, como o da Christopher Street, no Village, já estão funcionando.
A prefeitura quer ainda aproveitar a potencialidade dos rios e ligar diversos bairros do conjunto de ilhas e penínsulas que formam Nova York por meio de transporte aquático. Balsas de alta velocidade fariam o trajeto, ligando estações das ruas 90, 65, 23 e Grand e pontos como Williamsburg, Roosevelt Island, Dumbo, Hunters Point e Green Point.
Hoje, o serviço existe para turistas, a US$ 25 o passeio. Outra parte do projeto é a instalação de bondes ligando as margens dos rios.
"É inaceitável que Nova York fique atrás de Londres, Moscou, Pequim ou qualquer outro lugar. A cidade sempre será um ícone", avalia Libeskind. Sua Freedom Tower, que começou a ser erguida em 27 de abril e terá 1.776 pés (alusão ao ano da independência dos EUA), equivalentes a 541 metros, é a maior e mais cara obra da cidade.
Outro projeto não menos polêmico, o memorial das vítimas do 11 de Setembro, teve a pedra fundamental lançada na última quinta-feira. Funcionará abaixo dos buracos onde existiram as torres gêmeas do World Trade Center. Custo: US$ 1 bilhão, maior parte da gestão do prefeito Michael Bloomberg.
O complexo, que inclui três torres de escritórios e uma residencial, dois centros culturais, uma estação de 13 linhas de metrô e uma de trem, além do memorial e da Freedom Tower, deve ser concluído em 2012.
A reconstrução da cidade é patrocinada tanto pela iniciativa privada quanto por agências oficiais, prefeitura e governo estadual.
Os projetos foram inspirados no legado de Robert Moses (1888-1981), urbanista e empreendedor do início do século 20 que teve para a cidade de Nova York a importância de [Francisco de Paula] Ramos de Azevedo (1851-1928) para São Paulo, e nas lições de "Morte e Vida de Grandes Cidades", de Jane Jacobs (1916-2006), obra capital do planejamento urbano.
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Sem ter para onde se expandir, Manhattan cresce "para dentro"
Reformas e novos espaços mudam a cara de Nova York
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da Folha de S.Paulo, de Nova York
Nova York virou um canteiro de obras. Literalmente. Às vésperas do quinto aniversário do 11 de Setembro, a cidade executa um pacote de reformas e intervenções urbanas na perspectiva de ver a população inchar em um milhão de habitantes nos próximos anos.
"É o renascimento de Manhattan", disse à Folha o arquiteto-estrela Daniel Libeskind, autor do projeto da Freedom Tower, substituta do World Trade Center.
São ao menos 70 grandes empreendimentos como museus, parques, estúdios de cinema, estádios, dezenas de arranha-céus, teatros, píeres, clubes, hotéis e ciclovias ligando todas as áreas de lazer da cidade. Só as obras do Silvercup Studios, aos pés da Queensboro Bridge, vão consumir US$ 1 bilhão. Segundo a prefeitura, uma cidade do porte de São Francisco (Califórnia) estaria sendo construída sobre a atual Nova York.
A versão local da "operação belezura" (projeto da Prefeitura de São Paulo na gestão Marta Suplicy para limpar muros e fachadas da cidade) foi rapidamente batizada de "Tomorrowland" (Terra do Futuro, numa tradução livre).
Área fashion
A maior parte da revitalização se concentra em Manhattan, zona fashion e globalizada, que conserva traços urbanos tradicionais, mas as reformas incluem áreas como Brooklyn, Queens, Bronx e o Harlem.
"Não podemos apenas construir torres de 80 andares, como fizemos nos anos 60. Aprendemos a lição. É preciso investir em infra-estrutura, como metrô, trem, ônibus, parques, energia elétrica, lazer, qualidade de vida para a população", avalia Eric Gartner, da SPG Architects.
A iniciativa das obras surgiu de uma ação afirmativa em resposta aos atentados terroristas que puseram abaixo o World Trade Center e da derrota da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de 2012. Projetos elaborados para convencer o COI foram levados adiante e estão em fase de execução.
Segundo a secretária de planejamento da prefeitura, Amanda Burden, a cidade foi inteiramente zoneada de forma a exigir que as mudanças preservem as características originais dos bairros.
"A idéia é conectar as áreas de lazer. Será possível almoçar no gramado do parque à beira do rio East, passear de caiaque aos pés da ponte do Brooklyn e fazer alguma atividade cultural na Governors Island. Tudo no mesmo dia", afirma Burden.
O novo mapeamento da cidade permite agora a construção de prédios de até 40 andares às margens dos rios East e Hudson, o que reforça a silhueta de arranha-céus da cidade.
"Apenas uma Times Square não vai dar conta de tanto entretenimento", completa Eric Gartner.
Revitalização
Algumas das áreas menos aproveitadas de Manhattan, as tangentes da ilha, serão revitalizadas. Ciclovias e pistas de cooper já foram construídas em quase todo o entorno da região, e píeres com gramados para banhos de sol, como o da Christopher Street, no Village, já estão funcionando.
A prefeitura quer ainda aproveitar a potencialidade dos rios e ligar diversos bairros do conjunto de ilhas e penínsulas que formam Nova York por meio de transporte aquático. Balsas de alta velocidade fariam o trajeto, ligando estações das ruas 90, 65, 23 e Grand e pontos como Williamsburg, Roosevelt Island, Dumbo, Hunters Point e Green Point.
Hoje, o serviço existe para turistas, a US$ 25 o passeio. Outra parte do projeto é a instalação de bondes ligando as margens dos rios.
"É inaceitável que Nova York fique atrás de Londres, Moscou, Pequim ou qualquer outro lugar. A cidade sempre será um ícone", avalia Libeskind. Sua Freedom Tower, que começou a ser erguida em 27 de abril e terá 1.776 pés (alusão ao ano da independência dos EUA), equivalentes a 541 metros, é a maior e mais cara obra da cidade.
Outro projeto não menos polêmico, o memorial das vítimas do 11 de Setembro, teve a pedra fundamental lançada na última quinta-feira. Funcionará abaixo dos buracos onde existiram as torres gêmeas do World Trade Center. Custo: US$ 1 bilhão, maior parte da gestão do prefeito Michael Bloomberg.
O complexo, que inclui três torres de escritórios e uma residencial, dois centros culturais, uma estação de 13 linhas de metrô e uma de trem, além do memorial e da Freedom Tower, deve ser concluído em 2012.
A reconstrução da cidade é patrocinada tanto pela iniciativa privada quanto por agências oficiais, prefeitura e governo estadual.
Os projetos foram inspirados no legado de Robert Moses (1888-1981), urbanista e empreendedor do início do século 20 que teve para a cidade de Nova York a importância de [Francisco de Paula] Ramos de Azevedo (1851-1928) para São Paulo, e nas lições de "Morte e Vida de Grandes Cidades", de Jane Jacobs (1916-2006), obra capital do planejamento urbano.
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