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  27 de outubro
  Slow Food X Fast Food
 
Aconteceu nesta semana, na cidade de Bolonha, capital de Emilia Romana, agraciada neste ano com o título da capital cultural européia, o prêmio Slow Food, o primeiro a ser oferecido pela entidade.

Presidida por Carlo Petrine, a Slow Food existe desde 1985, e tem como princípio, entre outros, a preservação e defesa dos valores da cultura enogastronômica dos quatro cantos do mundo.

A Slow Food é uma entidade, um movimento internacional que defende as atividades agro-alimentícias de alta qualidade e atua na produção agrícola artesanal, na atividade restauranteira e de caterings. Seus representantes vão literalmente aos mercados, num trabalho de encorajamento e conscientização do produtor e consumidor.

Bolonha, a cidade escolhida para a realização do evento, além de ser um cenário eleito pela beleza, reúne no perímetro urbano e arredores o aroma e sabor de iguarias como o parmigiano-reggiano, a mortadela, o aceto balsâmico de Modena, o presunto cru de Parma e além dos vinhos. É uma cidade de encontros permanentes de jovens do mundo todo, já que há 900 anos abriga a universidade de Bolonha.

O prêmio foi delegado a 13 finalistas sendo que cinco pessoas receberam a menção especial do júri, composto por 450 integrantes de vários paises, sendo eles críticos gastronômicos, jornalistas, historiadores, enólogos e gourmets.

A slow food, ao contrário da Fast food, defende a antimassificação da gastronomia, combatendo a anticultura que emburrece com hambúrgueres e catchups de fábrica, criação de produtos sem sustentabilidade social, sem lastro, sem história para contar, sem tradição ou vínculo com os produtores, sem paladar.

Falando um pouco mais sobre o prêmio, a Slow Food o entregou a cinco participantes, de regiões como:

Nancy Jones (Mauritânia): recebeu o prêmio pelo seu trabalho com a criação de camelos gerando empregos e preservando a qualidade de vida dos pastores nômades, que representam 30% da população. Produz com eles leite e queijos.

Raúl Manuel Antônio (México): recebeu o prêmio pelos seus esforços em manter as tradicionais plantações de baunilha e café nas florestas da região de Chinaltta, nas montanhas do estado de Oaxaca. É lider da acomunidade indígine de Rancho Grande.

Marija Mikhailovna Girenko (Rússia): bióloga e pesquisadora, recebeu o prêmio por seu trabalho experimental na preservação de plantas no instituto Vavilov em São Petesburgo.

Jesus Garzón (Espanha): Dedica seu trabalho à preservação das espécies animais ameaçadas de extinção e da paisagem das montanhas espanholas.

Veli Gülas (Turquia): trabalha há 25 anos na produção de mel em Anatólia, uma iguaria conhecida como o mel de Anzer, considerando os conceitos de qualidade e ecologia, preservando as abelhas e mantendo os métodos de tração de mel.

A premiação foi feita na Igreja Santa Lúcia, do século 16, sucedida de jantares, demonstrações e degustações de produtos regionais.

Finalizando a Slow Food, como diz Carlo Petrine, "trata-se de um núcleo de benfeitorias para a humanidade, para deixar um exemplo para as futuras gerações; contribuições de valor pelo trabalho a favor da boa mesa e da tutela dos sabores e do bom viver".

Se a idéia da produção de alimentos transgênicos, grosso modo é de matar a fome, a idéia da Slow Food, é a de não matar a cultura.

Para saber mais sobre o assunto, acesse: www.slowfood.com

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13/10/2000 - É Batata
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