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Aconteceu
nesta semana, na cidade de Bolonha, capital de Emilia Romana,
agraciada neste ano com o título da capital cultural européia,
o prêmio Slow Food, o primeiro a ser oferecido pela entidade.
Presidida por Carlo Petrine, a Slow Food existe desde 1985,
e tem como princípio, entre outros, a preservação e defesa
dos valores da cultura enogastronômica dos quatro cantos do
mundo.
A Slow Food é uma entidade, um movimento internacional que
defende as atividades agro-alimentícias de alta qualidade
e atua na produção agrícola artesanal, na atividade restauranteira
e de caterings. Seus representantes vão literalmente aos mercados,
num trabalho de encorajamento e conscientização do produtor
e consumidor.
Bolonha, a cidade escolhida para a realização do evento, além
de ser um cenário eleito pela beleza, reúne no perímetro urbano
e arredores o aroma e sabor de iguarias como o parmigiano-reggiano,
a mortadela, o aceto balsâmico de Modena, o presunto cru de
Parma e além dos vinhos. É uma cidade de encontros permanentes de
jovens do mundo todo, já que há 900 anos abriga a universidade
de Bolonha.
O prêmio foi delegado a 13 finalistas sendo que cinco pessoas receberam
a menção especial do júri, composto por 450 integrantes de
vários paises, sendo eles críticos gastronômicos, jornalistas,
historiadores, enólogos e gourmets.
A slow food, ao contrário da Fast food, defende a antimassificação
da gastronomia, combatendo a anticultura que emburrece com
hambúrgueres e catchups de fábrica, criação de produtos sem
sustentabilidade social, sem lastro, sem história para contar,
sem tradição ou vínculo com os produtores, sem paladar.
Falando um pouco mais sobre o prêmio, a Slow Food o entregou
a cinco participantes, de regiões como:
Nancy Jones (Mauritânia): recebeu o prêmio pelo seu trabalho com a criação de camelos gerando empregos e preservando a qualidade de vida dos pastores nômades, que representam 30% da população. Produz com eles leite e queijos.
Raúl Manuel Antônio (México): recebeu o prêmio pelos seus esforços em manter as tradicionais plantações de baunilha e café nas florestas da região de Chinaltta, nas montanhas do estado de Oaxaca. É lider da acomunidade indígine de Rancho Grande.
Marija Mikhailovna Girenko (Rússia): bióloga e pesquisadora,
recebeu o prêmio por seu trabalho experimental na preservação de plantas no instituto Vavilov em São Petesburgo.
Jesus Garzón (Espanha): Dedica seu trabalho à preservação
das espécies animais ameaçadas de extinção e da paisagem das montanhas espanholas.
Veli Gülas (Turquia): trabalha há 25 anos na produção de mel em
Anatólia, uma iguaria conhecida como o mel de Anzer, considerando os conceitos de qualidade e ecologia, preservando as abelhas e mantendo os métodos de tração de mel.
A premiação foi feita na Igreja Santa Lúcia, do século 16,
sucedida de jantares, demonstrações e degustações de produtos
regionais.
Finalizando a Slow Food, como diz Carlo Petrine, "trata-se
de um núcleo de benfeitorias para a humanidade, para deixar
um exemplo para as futuras gerações; contribuições de valor
pelo trabalho a favor da boa mesa e da tutela dos sabores
e do bom viver".
Se a idéia da produção de alimentos transgênicos, grosso modo
é de matar a fome, a idéia da Slow Food,
é a de não matar a cultura.
Para saber mais sobre o assunto, acesse: www.slowfood.com
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20/10/2000 - Cartas na mesa
13/10/2000 - É Batata
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