As
urnas emitiram pelo menos uma grande mensagem, a principal
lição a ser extraída: o aumento do poder
das cidades e, por conseqüência, do prefeito.
Resultado
do aprofundamento da democracia e da descentralização
política, o cidadão vai, aos poucos, olhando
com mais interesse para o que acontece ao seu redor e distanciando-se
da esfera federal.
Nenhum
lugar essa tendência é tão visível
como São Paulo, vivendo no limiar da ingovernabilidade.
A expectativa para a última debate entre Marta Suplicy
e Paulo Maluf ganhou um ar de final de campeonato de jogo
de futebol; a disputa virou assunto rotineiro de todos quase
todo o tempo.
Não
deveria existir nisso muita novidade. Natural que os cidadãos
desse mais atenção ao cotidiano urbano, onde
está a maioria das fontes de suas irritações.
A maioria, porém, segundo as pesquisas, não
se lembrava em quem votava para vereador, muito menos acompanha
sua atuação.
Temática
municipal era assunto menor. Alguém se candidatava
a vereador basicamente para dar um salto para deputado;
prefeito de cidades pequenas preparavam-se para virar deputado
federal.
Prefeitura
de São Paulo era pura e simplesmente trampolim ao
governo estadual e, depois, presidência.
Os
próprios jornais davam pouca atenção
à cobertura do municípios. Os jornalistas
políticos prestigiados estavam em Brasília
ou cobriam o poder federal.
A
formação política brasileira sempre
privilegiou o poder central, fazendo dos cargos municipais
a base da hierarquia; Brasília mandava e desmandava,
definia e redefinia verbas.
Se
até certo momento na história os bacharéis
eram reverenciados na estrutura de poder, depois vieram
os economistas, todos valorizados por sua influência
em políticas públicas federais.
A
atenção para a temática municipal veio
para ficar. O que vai dar prestígio a mais uma categoria
profissional: os urbanistas, aqueles de quem se esperam
as soluções para que se viva numa cidade com
mais prazer.
Leia colunas anteriores
24/10/2000 - Por que Martuf
17/10/2000 - Quem
vai pagar pelas mortes da GM?
10/10/2000 - Discussão do caráter
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03/10/2000 - A lição das urnas
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26/09/2000 - Por
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