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1º de dezembro

  A armadilha contra ACM
O presidente Fernando Henrique Cardoso viajou para o México, onde assistirá à posse do colega Vicente Fox, com uma preocupação na bagagem: a crise das eleições para as presidências da Câmara e do Senado.

Está pintando algo interessante: uma aliança tácita entre governo, PSDB, PMDB e setores do PFL para impor uma derrota ao principal líder pefelista, o senador Antonio Carlos Magalhães (BA), aliado que mais inferniza a vida de FHC.

O assunto não parece chato. É chato. Mas tem importância fundamental até para o cidadão que detesta política. Essa disputa se transformou no maior conflito da base do governo. Está paralisando o Congresso, especialmente a Câmara, e tem potencial para implodir a estabilidade política dos dois últimos anos do mandato de FHC.

Alarmismo? Não. FHC já deixou claro a interlocutores que está preocupado, mas que só interferirá se ACM retirar o veto à candidatura do peemedebista Jader Barbalho (PA) a presidente do Senado.

Se ACM se mantiver irredutível, o presidente não pedirá que o tucano Aécio Neves (MG) desista de concorrer a presidente da Câmara. O curioso é que FHC está até gostando dessa possibilidade. E, pode parecer estranho, alguns caciques pefelistas também.

Publicamente, esses pefelistas jamais vão admitir, mas acham que ACM, ao criar a crise vetando Jader, levou o partido a travar uma batalha inglória e perdida. Agora, portanto, que seja derrotado e assuma todo o ônus.

Já tem político dizendo a Inocêncio Oliveira (PFL-PE), que sonha presidir a Câmara, que talvez seja melhor ele se retirar da disputa e deixar a cadeira para Aécio. Uma derrota acachapante do PFL seria debitada toda na conta de ACM, que ficaria uma fera mas teria de engolir. O partido, oficialmente, está lhe dando apoio.

Os outros caciques do PFL, como o senador catarinense e presidente da sigla, Jorge Bornhausen, e o vice-presidente da República, Marco Maciel, já transmitiram ao PMDB, ao PMDB e a FHC que a batalha de ACM não é a deles.

Ou seja, estão prontos para serem compensados em uma eventual reforma ministerial. Se esse cenário se concretizar, PMDB e PSDB consolidam-se como os dois partidos do núcleo da aliança, jogam o PFL para uma terceira posição e impõem a mais importante derrota de ACM desde que ele defendeu Collor contra o impeachment em 92.

ACM enfraquecido teria menos poder de fogo na hora da definição para a sucessão presidencial de 2002. O tucano Tasso Jereissati, governador do Ceará, seria prejudicado com isso, pois ACM é seu grande defensor.

E José Serra, ministro da Saúde, amarraria de vez o apoio do PMDB a seu sonho presidencial e ainda teria chance de obter o apoio da outra fatia do PFL. ACM detesta Serra e promete bombardeá-lo.

Como ACM é uma raposa, talvez já tenha visto o tamanho da armadilha que foi montada para pegá-lo.


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