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  06 de novembro
  Ciência em dia
 

O revide do Golias genômico

Não é à toa que o Projeto Genoma Xylella foi apelidado de Projeto Cinderela. Tudo parecia mesmo irreal: primeiro, que um país subdesenvolvido se tornasse o primeiro a sequenciar os genes de uma bactéria fitopatógena; depois, que isso virasse capa da revista "Nature"; por fim, que o grupo terminasse contratado nos Estados Unidos para decifrar os genes de outra Xylella fastidiosa, que ataca os vinhedos da Califórnia. Foi demais para o orgulho norte-americano, que revidou.

O Joint Genome Institute (JGI), um dos maiores centros de sequenciamento de DNA do planeta, anunciou no dia 2 os genomas de nada menos que 15 bactérias, de um golpe só. Entre elas, e com destaque, duas variedades de Xylella. Um revide pouco sutil à rede de laboratórios paulistas Onsa, coordenada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que pediu um ano para fazer a "sua" bactéria.

De certo modo, os melindrados geneticistas do norte cumpriram o que prometeram em julho: fazer o genoma da Xylella de um dia para o outro (leia reportagem na Folha). Ao menos foi esse o tempo que o DNA de cada uma das duas variedades ocupou as máquinas sequenciadoras (outros 15 dias foram gastos na preparação do material genômico para alimentar esses mastigadores de DNA).

Há uma diferença crucial com o trabalho publicado pela Onsa, em 13 de julho, na "Nature": os técnicos do JGI fizeram só um trabalho bruto, cobrindo em média 95% dos genes das 15 bactérias, enquanto o primeiro genoma sequenciado no Brasil o foi por completo. Esse rabicho de 5%, claro, é a parte mais difícil de sequenciar.

Segundo o JGI, não houve duplicação de esforços, mas "cooperação". Tanto é que Paul Predki, diretor-associado de Produção Genômica do JGI, não descarta a possibilidade de que a rede Onsa termine o trabalho, roendo o osso dos 5%. Enquanto isso, o instituto californiano se dedicará a uma iguaria japonesa, o genoma do peixe Fugu.

Não foi ainda desta vez que a América se curvou diante do Brasil.



Imagem da semana


MUITO PRAZER - Para quem nunca foi apresentado, esta é a Xylella fastidiosa, carro-chefe do Projeto Genoma paulista e pomo da discórdia entre geneticistas brasileiros e norte-americanos

Projeto Genoma explicadinho

Dentro de uma ou duas semanas chega às livrarias "O Projeto Genoma Humano", de Mônica Teixeira, mais um volume da série Folha Explica (Publifolha).


Transgênicos nos EUA

Para quem acha que os Estados Unidos são a pátria da racionalidade (uma piada, tendo em vista que têm 2 milhões de pessoas encarceradas, pena de morte sobretudo para negros e hispânicos e escolas em que a Bíblia é ensinada com status teórico igual ou superior à evolução darwinista): pegou mal, muito mal, o recall de milho transgênico autorizado apenas para consumo animal que foi parar em tacos industrializados.

Pesquisa Reuters/Zogby divulgada dia 3 revelou que 54,4% dos 1.210 adultos entrevistados estão preocupados com a segurança dos alimentos, diante do ocorrido. Só 24,9% se disseram despreocupados.

Mais irracionalidade, obscurantismo e preconceito dos consumidores americanos: um terço (33,3%) considera que fazendeiros não deveriam ser autorizados a cultivar plantas geneticamente modificadas. É verdade que mais pessoas (39,2%) discordam dessa proibição, mas também há 19,7% indecisos a respeito.

Lá, pelo menos, houve o recall. Já no Brasil, alimentos transgênicos continuam a ser vendidos livremente, em flagrante desrespeito à lei.

Quem é, de fato, irracional?

Site da semana

Notícias da Amazônia, página mantida pela seção brasileira da ONG internacional Amigos da Terra, é uma maneira prática de acompanhar o noticiário sobre a região, inclusive notícias publicadas fora do triângulo São Paulo-Rio-Brasília
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